Eu os segurei nas mãos, o peso do papel parecendo muito mais pesado do que realmente era.
Eu os coloquei na gaveta da minha mesa de cabeceira, esperando.
Diogo continuou postando fotos. Ele e Eva em um restaurante, tentando sorrir. Ele e Eva na antiga casa dela, caixas de papelão ao fundo. Ele e Eva caminhando por um parque, a cabeça dela em seu ombro.
Ele estava construindo uma vida lá, enquanto a nossa aqui se desfazia.
A semana se transformou em dez dias.
Então, numa noite de domingo, ele ligou.
"Estou no aeroporto. Chego amanhã de manhã."
"Ok," eu disse.
"Você pode me buscar?"
A audácia dele quase me fez rir. "Não, Diogo. Não posso."
Houve um silêncio chocado. "Por quê? A Ana ainda precisa de você?"
"Sim. E eu preciso estar aqui para ela."
"Tudo bem," ele disse, o tom irritado. "Eu pego um táxi. A gente se vê de manhã."
Na manhã seguinte, eu estava acordada antes do sol nascer.
Ana ainda dormia no quarto de hóspedes. Eu fiz café, minhas mãos firmes.
Eu tirei os papéis da gaveta e os coloquei sobre a mesa da sala de jantar. Bem no centro.
Às 8 da manhã, ouvi a chave na fechadura.
A porta se abriu e Diogo entrou, arrastando sua mala. Ele parecia exausto.
"Joana?" ele chamou.
"Estou na cozinha," eu respondi, minha voz calma.
Ele entrou na cozinha, largando a mala. Ele tentou me abraçar, mas eu dei um passo para trás.
Ele franziu a testa. "O que foi?"
"Nós precisamos conversar," eu disse, gesticulando em direção à sala de jantar.
Seus olhos seguiram meu gesto e pousaram no envelope na mesa.
Ele caminhou lentamente até a mesa, um sentimento de pavor crescendo em seu rosto. Ele pegou os papéis.
Eu o observei enquanto ele lia a primeira página. Seus ombros caíram. A cor sumiu de seu rosto.
"O quê... o que é isso?" ele gaguejou, embora soubesse perfeitamente.
"São os papéis do divórcio, Diogo."
Ele olhou para mim, seus olhos arregalados em descrença. "Divórcio? Você está brincando comigo? Por causa disso? Porque eu fui ajudar uma amiga de luto?"
"Não a chame de 'amiga'," eu disse, minha calma começando a se esvair. "E não, não é 'por causa disso'. É por causa de tudo. Isso foi apenas a gota d'água."
"Isso é loucura!" ele disse, agitando os papéis no ar. "Nós somos casados, Joana! Nós fizemos votos!"
"Sim, nós fizemos," eu concordei. "E você quebrou todos eles quando colocou outra mulher em primeiro lugar, repetidamente. Eu cansei de ser sua segunda opção, Diogo. Cansei de esperar que você me escolhesse."
"Eu escolhi você!" ele gritou, sua voz ecoando no apartamento silencioso. "Eu casei com você!"
"Você casou comigo," eu corrigi. "Mas você nunca deixou a Eva. Ela sempre esteve entre nós. E eu não vou mais viver assim."
Ele me encarou, o choque dando lugar à raiva. "Você não pode fazer isso. Eu não vou assinar."
"Você vai," eu disse com uma certeza que me surpreendeu. "Porque se você não assinar, minha advogada vai levar isso a tribunal, e toda a sua devoção pela Eva virá a público. Você acha que isso vai parecer bom?"
Seu rosto se contorceu. Ele sabia que eu estava certa.
"Eu te amei, Joana," ele disse, sua voz de repente baixa e quebrada.
"Eu também te amei, Diogo," eu respondi, e pela primeira vez, as lágrimas brotaram em meus olhos. "Mas o amor não é suficiente quando não há respeito."
Eu me virei e fui para o meu quarto, fechando a porta atrás de mim, deixando-o sozinho com as ruínas do nosso casamento.