Pesadelo Conjugal: O Despertar
img img Pesadelo Conjugal: O Despertar img Capítulo 2
3
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
img
  /  1
img

Capítulo 2

João não saiu do lado de Pedro. Ele segurou a mão do filho enquanto a ambulância os levava para o melhor hospital da cidade, o som da sirene uma trilha sonora para seu desespero. No hospital, a primeira pessoa para quem ele ligou foi Dona Sofia, a mãe de Maria.

Ela chegou em menos de vinte minutos, o rosto pálido de preocupação.

"João, o que aconteceu? Onde está o Pedro? A Maria me disse que ele estava num acampamento."

João não conseguiu falar. Ele apenas apontou para a porta da UTI pediátrica. Dona Sofia levou a mão à boca, os olhos cheios de lágrimas ao ver o neto através do vidro, entubado e imóvel.

"Meu Deus... o que aconteceu com ele?"

Ela o abraçou, tentando confortá-lo, mas João era um homem quebrado.

"Foi ela, Sofia. Foi a Maria."

Ele contou tudo. Sobre a escola, sobre o relógio, sobre a indiferença dela, sobre a forma como o encontrou. Dona Sofia ouvia, o horror crescendo em seu rosto a cada palavra.

"Eu não posso acreditar... minha filha..."

"Ela não está sozinha nisso", a voz de João era um sussurro rouco. Ele mostrou a mensagem no celular. A foto de Maria e Miguel, a declaração de gravidez.

Dona Sofia olhou para a tela, e seu rosto se transformou. A tristeza deu lugar a uma fúria fria.

"Aquele desgraçado... eu sabia. Eu sabia que ele não era boa coisa."

Ela pegou o próprio celular e ligou para a filha. Colocou no viva-voz.

"Mãe? Aconteceu alguma coisa?", a voz de Maria soava entediada.

"Aconteceu, Maria. Aconteceu que seu filho está em uma UTI, em coma. O que você fez?"

Houve um silêncio. João podia imaginar a expressão de Maria, provavelmente revirando os olhos.

"Ah, mãe, não exagera. O João está fazendo um drama. O Pedro só precisa de um susto para aprender. Ele vai ficar bem."

"Ele não vai ficar bem!", gritou Dona Sofia, perdendo o controle. "Ele pode morrer, sua idiota! Você o mandou para um lugar que o torturou!"

"Torturou? Que bobagem. É uma escola conceituada, o Miguel que indicou. Agora, se me dão licença, eu tenho mais o que fazer do que ouvir esse show de vocês."

E ela desligou novamente.

João sentiu o último resquício de esperança morrer. Ele olhou para a sogra, os olhos vazios.

"Eu quero o divórcio, Sofia. Hoje. Eu não posso mais. Eu só quero o meu filho."

Ele repetia a frase como um mantra, a única coisa que fazia sentido em sua mente caótica.

"Eu só quero o meu filho... eu só quero o meu filho de volta..."

Nesse momento, o médico responsável por Pedro se aproximou, o rosto sério.

"Senhor Silva, Dona Sofia. Nós fizemos todos os exames."

Ele fez uma pausa, e o coração de João parou.

"A atividade cerebral do Pedro é mínima. Os choques elétricos causaram danos severos e generalizados. No momento... ele se encontra em estado vegetativo."

A palavra ecoou no corredor silencioso. Vegetativo.

João sentiu as pernas fraquejarem. O mundo ficou escuro. Ele desabou no chão, o corpo convulsionando em soluços silenciosos.

Seu menino. Seu pequeno artista, que amava desenhar super-heróis e sonhava em ser jogador de futebol. Seu Pedro, que tinha o sorriso mais doce do mundo. Reduzido a um corpo que respirava, mas que não vivia. Um vegetal.

Tudo por causa de um relógio. Por causa de um romance sórdido.

Ele olhou para o teto branco do hospital, o rosto banhado em lágrimas.

"Não...", ele sussurrou para o nada. "Não..."

Uma raiva fria e profunda começou a crescer em meio à dor. Uma raiva que o manteria de pé.

"Eu dou a minha vida", ele gritou, a voz rasgando o silêncio do hospital, assustando as enfermeiras que passavam. "Eu dou tudo que eu tenho, mas tragam ele de volta! Eu troco de lugar com ele! Por favor!"

Mas não havia ninguém para ouvir sua prece, exceto as paredes frias e a promessa de uma vingança que o consumiria por inteiro.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022