Amor Oculto, Ódio Revelado
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Capítulo 2

Quando cheguei em casa à noite, a casa estava cheia de risadas. A voz de Sofia, doce e um pouco mimada, ecoava pela sala de estar.

"Pedro, você não sabe o quanto eu queria comer comida brasileira autêntica lá no exterior. Sentia tanta falta!"

"Então coma bastante," a voz de Pedro respondeu, cheia de um carinho que me revirou o estômago.

"Hehe, a culinária do Pedro é ótima, a Lívia é tão sortuda."

Senti um gosto amargo na boca. Pedro nunca cozinhou para mim. Ele sempre dizia que não perdia tempo na cozinha, que era algo inútil e que poderíamos simplesmente pedir comida ou comer fora.

Fiquei parada na entrada, observando a cena. Sofia, com um vestido rosa que a fazia parecer ainda mais jovem e inocente, estava sentada de frente para Pedro na mesa de jantar. Ele a observava com uma adoração explícita, conversando em voz baixa enquanto descascava camarões um por um e os colocava diretamente na boca dela. A cena toda irradiava um brilho rosa, uma intimidade que queimava meus olhos. Reprimi as lágrimas com força.

"Não chore, Lívia," eu disse a mim mesma. "Não chore na frente deles."

Minha presença foi finalmente notada.

"Chegando tão tarde?" Pedro me olhou, o tom de repente distante e formal. Ele não costumava ser assim. Talvez fosse por causa da irmã dele ali, para não causar mal-entendidos. Ou talvez essa fosse a verdadeira face dele, e a gentileza era apenas para Sofia.

Ele pigarreou, sem jeito. "Tem sopa na geladeira, vá esquentar se quiser."

Pendurei minha bolsa no cabide, o rosto inexpressivo.

"Não precisa se incomodar, eu já comi."

Sofia inclinou a cabeça, piscou seus grandes olhos para mim e correu para me dar um abraço caloroso. Fiquei rígida, incapaz de retribuir o gesto. O perfume dela, doce e enjoativo, me sufocou.

"Irmã, senti tanto a sua falta!"

Sofia era sempre assim, vibrante e alegre. Ela parecia muito mais jovem que eu, embora fosse apenas um mês mais nova. Eu sempre fui a quieta, a apagada. Meu mundo era cinza; o dela, um arco-íris.

Pedro franziu a testa, reprovando minha frieza. Sofia me soltou e, agindo como a anfitriã da casa, gesticulou para a comida na mesa.

"Irmã, não seja tímida, venha comer conosco."

Eu balancei a cabeça negativamente.

Sofia fez um bico, fingindo estar insatisfeita. "Você é minha irmã mesmo? Nem foi me buscar no aeroporto hoje." Ela arrastou as palavras, virando o rosto para o lado. Aproveitou a deixa para comer mais um camarão que Pedro tinha descascado. "Este é o camarão que o Pedro fez para mim, é delicioso."

"É mesmo?" Eu dei um sorriso leve, forçado.

"Ah? Você não sabia? Parece que o Pedro nunca cozinhou para você," ela disse, com uma expressão de falsa inocência. "Ele não se importa muito com você, né?" Ela deu um tapinha brincalhão no braço de Pedro.

Pedro, com as mãos nos bolsos, disse despreocupadamente, "Tudo bem, só você comeu meu camarão."

Olhei para as mãos de Sofia, sujas de molho vermelho, e de repente ri. Peguei um camarão da tigela com os hashis, levei à boca e franzi a testa.

"Culinária mediana. Precisa praticar mais."

Ignorando o olhar de surpresa dos dois, virei as costas e fui para o meu quarto.

Ao me deitar, recebi uma mensagem do meu pai.

"Você precisa vir amanhã. Faz tempo que não comemos em família."

"Ok," respondi.

Sofia ficou no quarto de hóspedes. No dia seguinte, tomamos café da manhã juntos em silêncio. Depois, nos preparamos para ir para a antiga casa da família Fernandes.

Quando estávamos saindo, prontos para entrar no carro de Pedro, Sofia parou de repente.

"Não dá. Só cabe mais uma pessoa no carro."

Eu a olhei sem entender. Ela abriu a porta do passageiro de trás, e eu vi o motivo. Dois ursinhos de pelúcia gigantes estavam sentados ali, presos com cintos de segurança.

Sofia abaixou a cabeça, parecendo um pouco envergonhada, mas seus olhos brilhavam com malícia.

"Irmã, eles são meus amigos. Você não vai se importar, certo?"

A situação era tão absurda que eu não sabia o que dizer.

Antes que eu pudesse responder, Pedro, já no banco do motorista, falou sem sequer olhar para trás.

"Lívia, você volta sozinha."

            
            

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