Amor Oculto, Ódio Revelado
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Capítulo 3

Apertei a mão com força, as unhas cravando na palma. A casa onde morávamos com Pedro era em um bairro afastado do centro, um lugar onde era quase impossível conseguir um táxi ou um carro de aplicativo. O motorista particular da nossa família, o Sr. Silva, estava de folga hoje. Eu não tinha carteira de motorista. Se eu tentasse chamar um carro, talvez só conseguisse um à noite.

Pedro sabia de tudo isso. Ele conhecia minha situação perfeitamente, mas mesmo assim permitiu a infantilidade cruel de Sofia.

Sofia me olhou por cima do ombro, um sorriso zombeteiro nos lábios.

"Irmã, isso é uma pequena lição para você, por não ter me buscado no aeroporto ontem."

Ela disse isso com uma naturalidade assustadora, como se fosse a coisa mais justa do mundo.

Pedro olhou para mim rapidamente pelo retrovisor, mas não disse mais nada. Ele ligou o carro e eles partiram, me deixando sozinha na calçada com uma nuvem de poeira.

Tentei chamar um carro pelo aplicativo, como eu previa. Ninguém aceitou a corrida. Depois de quinze minutos encarando a tela do celular, desisti. Virei-me para voltar para casa, resignada.

Nesse momento, um carro preto e elegante parou silenciosamente à minha frente. A janela do passageiro abaixou, revelando o rosto de Gabriel Silva. O noivo arranjado de Sofia.

Ele me olhou, o rosto inexpressivo.

"Entre," ele disse, a voz grave.

Eu não hesitei. Abri a porta e entrei.

Dentro do carro, o ar-condicionado estava tão forte que me deu um arrepio. Gabriel mantinha o olhar fixo na estrada, as mãos firmes no volante. Ele não me olhou uma única vez.

Ainda ressentida com o que tinha acabado de acontecer, virei o rosto para a janela, decidida a não falar. Mas então, a lembrança da minha ligação desesperada para ele há dois dias me atingiu, e meu rosto corou de vergonha. Eu queria retirar o que disse, desfazer tudo.

"Olha, eu..." comecei a dizer, mas minha voz falhou.

"O que foi?" Gabriel me interrompeu, o tom neutro, mas com uma autoridade que me fez calar a boca.

"Tudo bem," pensei, irritada comigo mesma. "Se ele não quiser aceitar, que me ignore. Não vou me humilhar." Pensar assim só me fazia sentir que eu me importava demais.

O assistente de Gabriel, que estava no banco do passageiro da frente, nos observava pelo retrovisor. Ele tinha um sorriso divertido no rosto.

"Srta. Fernandes, na verdade, nosso chefe..."

"Cale a boca," Gabriel o repreendeu bruscamente.

De canto de olho, percebi que as orelhas de Gabriel estavam vermelhas. "Será que está tão quente assim?", me perguntei, confusa, já que o ar dentro do carro estava gelado.

Logo, o carro entrou nos portões da antiga casa da família Fernandes. Mas Gabriel não parou. Ele me deixou na porta da frente e, sem dizer uma palavra, deu a volta e partiu.

Entrei na mansão. Quatro pares de olhos se viraram para mim no mesmo instante. Meu pai, Carlos, bateu na mesa com força, o rosto vermelho de raiva.

"Você está cada vez mais insuportável! Se não quer vir, então não venha!"

Olhei para Sofia. Ela estava sentada confortavelmente no sofá, comendo frutas que minha madrasta, Ana, descascava para ela. Um sorriso satisfeito brincava em seus lábios. Pedro estava sentado ao lado do meu pai, mas seus olhos se desviavam constantemente para Sofia.

Minha madrasta, Ana, falou com uma voz falsamente preocupada.

"Lívia, não brigue com seu pai. Você é que é imatura. Pedro cancelou uma reunião importante para vir buscar vocês duas, e você fez birra e não quis entrar no carro."

"Eu não quis entrar no carro?" Olhei diretamente para Pedro, esperando que ele dissesse a verdade. Ele não demonstrou nenhum constrangimento, apenas desviou o olhar.

Sofia, no entanto, soltou uma risadinha.

"Irmã, não leve tão a sério. Estávamos só brincando, você me assustou com essa cara." Dizendo isso, ela se aninhou no braço do meu pai e fez charme. "Pai, não fique bravo. Na verdade, tinha meus ursinhos no carro, estava muito apertado, aí a irmã não conseguiu entrar."

Ao ouvir isso, o olhar de Pedro para ela se encheu de ainda mais pena e carinho. O olhar dele para mim, por outro lado, se tornou mais impaciente.

Meu pai, completamente manipulado, a olhou com adoração. "Tudo bem, tudo bem. Sei que você é uma boa menina e sempre defende sua irmã."

Eu sorri amargamente. Era sempre assim. Sofia me "castigava" um pouco e depois me "defendia", me pintando como a agressora e a si mesma como a vítima compreensiva. Se eu reclamasse, seria considerada mesquinha e insistente.

O jantar em família começou. Durante a refeição, minha madrasta comentou de repente, como quem não quer nada.

"Parece que eu vi a Lívia voltando em um carro de luxo lá fora?"

Com essa fala, a sala ficou em um silêncio estranho e pesado.

            
            

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