Quando o Amor Cega
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Capítulo 1

Eu alisava minha barriga, ainda lisa, com um sorriso que não conseguia esconder, sentindo uma onda de felicidade tão pura que parecia preencher cada canto do nosso apartamento luxuoso.

A luz do fim da tarde entrava pelas janelas enormes da sala, pintando o piso de madeira com tons dourados e quentes.

Tudo na minha vida parecia perfeito, exatamente como eu sempre sonhei.

Eu era Ana, uma designer de moda em ascensão, e meu marido, Lucas, era um arquiteto renomado e absurdamente bonito.

Morávamos em uma cobertura com uma vista de tirar o fôlego, um lugar que Lucas projetou pessoalmente para nós.

Cada detalhe, desde a paleta de cores neutras até os móveis minimalistas, gritava sofisticação e conforto, um reflexo perfeito do homem com quem eu me casei.

Nossa vida era um conto de fadas moderno e eu me sentia a protagonista mais sortuda do mundo.

Claro, eu sabia que a vida real não era um livro. Eu mesma era a prova disso.

Em outra versão da minha história, eu não deveria estar aqui, vivendo essa felicidade.

Eu era para ser a vilã, a mulher amarga e invejosa que, cega pelo ciúme, destruiria a vida da verdadeira heroína, Sofia.

Mas eu mudei meu destino, ou melhor, eu o evitei completamente.

Desde que me entendi por gente, tive fragmentos de sonhos, vislumbres de uma vida que não era a minha, uma vida cheia de raiva e arrependimento, onde eu perdia tudo por causa de uma obsessão doentia.

Eu não entendia bem o que eram, mas o sentimento de pavor era tão real que me guiava.

Então, eu fiz o oposto de tudo que via nesses pesadelos.

Eu me concentrei na minha carreira, tratei todos com gentileza e, o mais importante, quando conheci Sofia, não senti nada além de um carinho imediato por sua doçura e carisma.

Sofia, uma influencer digital com um sorriso que iluminava qualquer ambiente, era a pessoa mais genuína que eu conhecia.

Nós nos tornamos melhores amigas instantaneamente.

Eu a ajudei a navegar pelo mundo da moda, apresentei-a a contatos importantes e, quando ela se apaixonou por seu atual marido, eu fui sua maior incentivadora.

Ver a felicidade dela me trazia uma alegria imensa, uma sensação de dever cumprido, como se eu estivesse consertando um erro cósmico que nem entendia direito.

E então, Lucas entrou na minha vida.

Ele parecia bom demais para ser verdade.

Um homem bem-sucedido, inteligente, atencioso e que me olhava como se eu fosse a única mulher no mundo.

Ele me cortejou com uma paciência e uma dedicação que me derrubaram.

Ele apoiava minha carreira, celebrava minhas conquistas e, nas noites em que a insegurança sobre aqueles "sonhos" me assombrava, ele me abraçava e dizia que nosso presente era a única coisa que importava.

"O passado não define quem você é, Ana. O que importa é quem você escolhe ser todos os dias" , ele me dizia, e eu acreditava nele.

Nosso amor era a base sólida da minha nova realidade, a prova final de que eu havia escapado do destino terrível que me aguardava.

Eu tinha um marido que me amava, uma carreira que decolava e uma melhor amiga que era como uma irmã para mim.

Eu tinha tudo.

E agora, eu tinha mais uma coisa.

Um segredo maravilhoso que crescia dentro de mim.

Olhei para o teste de gravidez positivo sobre a pia do banheiro pela décima vez, e as lágrimas de felicidade escorreram pelo meu rosto.

Um bebê.

Nosso bebê.

A materialização do nosso amor perfeito.

Eu mal podia esperar para contar a Lucas.

Imaginei seu rosto, a surpresa inicial dando lugar a um sorriso radiante, seus olhos brilhando de alegria.

Eu já podia sentir seus braços me envolvendo em um abraço apertado, nos girando pela sala em comemoração.

Guardei o teste em uma pequena caixa de presente e a coloquei na minha bolsa.

Eu contaria a ele esta noite, durante o jantar.

Seria o início do próximo capítulo perfeito da nossa vida perfeita.

A felicidade borbulhava dentro de mim, tão intensa e avassaladora que eu me sentia flutuando.

Nada, absolutamente nada, poderia estragar aquele momento.

Eu tinha certeza disso.

            
            

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