- Não diga isso - Alex murmurou, acariciando o cabelo dela com uma ternura que não mostrava a Elara há meses. - Você não é inútil. Eu estou aqui. Sempre estarei aqui.
- Mas não é o suficiente! - Diana chorou, afastando-se para olhá-lo, seus olhos arregalados e desesperados. - Eu queria uma família com você. Eu queria te dar um filho. É tudo que eu sempre quis.
Elara estava na porta, uma testemunha silenciosa e invisível dessa peça distorcida.
- Prometa-me uma coisa, Alex - Diana sussurrou, sua voz carregada de manipulação. - Prometa que fará qualquer coisa para consertar isso. Qualquer coisa que eu pedir.
- Eu prometo - disse Alex, sua voz crua de emoção. Ele estava completamente sob o feitiço dela. - Qualquer coisa.
Os olhos de Diana piscaram na direção de Elara por uma fração de segundo, um brilho de triunfo puro e frio em suas profundezas.
Mais tarde naquela noite, Alex veio até Elara. Ele parecia exausto, o rosto pálido e abatido.
- Precisamos conversar - disse ele.
Ele lhe contou o plano de Diana. As palavras saíram em um tom monótono e ensaiado. Diana queria um filho. Ela não podia ter um. Mas Elara podia.
- Ela quer... ela quer que usemos uma barriga de aluguel - disse Alex, incapaz de encarar Elara.
Elara sentiu um calafrio percorrer seu corpo.
- Uma barriga de aluguel?
- Não - ele se corrigiu, respirando fundo. - Ela não quer outra mulher carregando o filho. Ela quer... ela quer garantir que você também não possa ter um.
O quarto girou. Elara não conseguia respirar.
- O que você está dizendo?
- Ela acha que é justo - Alex continuou, as palavras saindo atropeladas agora. - Olho por olho. Um útero por um útero. Ela quer que você faça um procedimento. Uma histerectomia.
- Não - Elara ofegou, recuando dele. - Não. Você está louco. Ela está louca.
- Ela acha que isso lhe trará paz - ele suplicou, sua voz quebrando. - Elara, esta é a única maneira de pagar a dívida. Uma vez que isso for feito, acabou. Podemos ser livres.
- Livres? Você quer me esterilizar para apaziguar sua chefe psicótica e chama isso de liberdade? - Ela estava gritando agora, sua voz crua de incredulidade e horror. - Isso não é uma dívida, Alex. Isso é um sacrifício. E você não está se sacrificando. Você está me sacrificando!
- Eu não tenho escolha! - ele gritou de volta, sua compostura finalmente se quebrando. - Eu dei a ela a minha palavra!
- E a sua palavra para mim? Os votos que fizemos? 'Na saúde e na doença.' Isso não significa nada?
- Ela não pode ter meus filhos - disse ele, sua voz caindo para um sussurro arrepiante. - Então você também não vai ter.
A finalidade em seu tom a aterrorizou. Foi então que ela soube que ele iria em frente. Ele deixaria isso acontecer.
Ela se lançou contra ele, suas mãos arruinadas cerradas em punhos, batendo em seu peito.
- Eu te odeio! Eu te odeio!
Ele apenas ficou lá e aguentou, seu rosto uma máscara de miséria. Ele não revidou. Nem sequer se encolheu. Quando ela estava exausta, seus soluços sacudindo seu corpo, ele agarrou seus braços.
- Vai acabar logo - ele prometeu, sua voz oca. - Eu juro. Então podemos ir embora. Só nós dois. Podemos recomeçar.
Dois dias depois, seus homens vieram buscá-la. Eles não bateram. Usaram uma chave. Arrastaram-na do apartamento, seus gritos ecoando no corredor vazio. Alex ficou parado na porta e observou. Ele não se moveu. Não disse uma palavra.
Levaram-na para uma clínica particular, um lugar limpo e estéril que parecia mais um laboratório do que um hospital. Não era uma clínica de verdade. Diana era a dona. O "médico" era um homem de olhos frios e um histórico de fazer favores para os ricos e poderosos, sem fazer perguntas.
Diana estava lá, esperando. Estava vestida com um jaleco branco impecável, interpretando o papel de uma cirurgiã.
- Olá, Elara - disse ela, seu sorriso afiado e predatório. - Você está linda hoje. Um pouco pálida, talvez.
Ela circulou Elara, que estava amarrada a uma cadeira médica.
- Ele sempre foi tão encantado por você. Seu corpo. A maneira como você podia criar vida. Eu nunca consegui entender. Você é tão... comum.
- Você é um monstro - Elara cuspiu, a voz trêmula.
- Eu sou uma sobrevivente - Diana a corrigiu. - E estou simplesmente nivelando o campo de jogo. Ele não pode ter o que quer comigo, então também não terá com você. Ninguém que pertence a Alex Braga jamais terá algo que eu não possa ter.
Elara lutou contra as amarras, um terror cru e animal subindo por sua garganta.
- Alex! Alex, não a deixe fazer isso!
Diana riu.
- Ele não está aqui, querida. Ele não suportaria assistir. Ele é um covarde.
O "médico" se aproximou com uma seringa.
- Sem anestesia - disse Diana, sua voz leve e casual. - Quero que ela sinta tudo. Quero que ela se lembre do que acontece quando você pega algo que me pertence.
A dor era inimaginável. Era uma agonia branca e incandescente que a rasgava, despedaçando-a por dentro. Ela gritou até sua garganta ficar em carne viva, sua visão embaçando, o mundo se dissolvendo em um vórtice de dor e escuridão. Ela desmaiou, acordou com mais dor e desmaiou novamente.
Através da névoa, ela podia ouvir a voz de Diana, calma e conversadora, narrando o procedimento para a sala vazia.
- Viu? Estamos apenas removendo o problema. Uma extração simples e limpa. Agora ela é como eu. Quebrada. Incompleta.
A última coisa que Elara se lembrou antes que a escuridão a tomasse completamente foi Diana se inclinando, seu hálito quente na orelha de Elara.
- Agora - Diana sussurrou, sua voz cheia de alegria triunfante - ele é finalmente todo meu.
Quando Elara acordou, estava em um hospital de verdade. A dor era uma constante surda e latejante. Alex estava sentado em uma cadeira ao lado de sua cama, olhando pela janela.
Ele olhou para ela, seu rosto gravado com uma culpa tão profunda que parecia ter esculpido linhas em sua pele. Ele não conseguia olhá-la nos olhos.
Ele abriu a boca para falar, mas nenhuma palavra saiu. O que ele poderia dizer?
- Você está feliz agora? - Elara sussurrou, sua voz um som seco e rouco. - A dívida está paga?
Uma única lágrima traçou um caminho por sua bochecha. Ele não respondeu.