Uma figura bloqueou seu caminho. Era Diana, envolta em um robe de seda, uma taça de vinho na mão. Ela estava hospedada no apartamento na última semana, uma presença constante e ameaçadora.
- Onde você pensa que vai? - Diana perguntou, a voz preguiçosa e despreocupada.
- Jade - Elara ofegou. - Ela está... eu tenho que ir.
- Ah, acho que não - disse Diana, tomando um gole de seu vinho. - Estou tendo um pesadelo. Estou com medo. Você não pode me deixar sozinha.
- Por favor - Elara implorou, a palavra rasgando sua garganta. - Ela é minha irmã. Ela está morrendo. Deixe-me ir vê-la. Só por um minuto.
- Não - disse Diana, categoricamente. - Eu preciso de você aqui. Preciso da sua companhia.
O desespero a arranhou. Ela caiu de joelhos, o corpo tremendo incontrolavelmente. Pressionou a testa no chão frio e duro.
- Por favor, estou te implorando. Ela é só uma garota. É inocente. Deixe-me dizer adeus. Eu farei qualquer coisa. Serei sua serva pelo resto da minha vida. Apenas me deixe ir.
Diana a observava, sua expressão de um divertimento distante, como se observasse um inseto interessante.
Nesse momento, Alex entrou, esfregando os olhos sonolentos.
- O que está acontecendo?
- Alex! - Elara se arrastou em direção a ele, agarrando suas pernas. - É a Jade. Ela está morrendo. Temos que ir. Por favor, Alex, me leve até ela.
Alex olhou do rosto desesperado e manchado de lágrimas de Elara para o rosto frio e composto de Diana. Ele foi até Diana, seus movimentos hesitantes.
- Deixe-a ir - disse ele, a voz baixa.
Diana fez beicinho, o lábio inferior tremendo.
- Mas Alex, estou com medo. Você prometeu que me protegeria. - Era uma exibição praticada e manipuladora.
Alex hesitou. Olhou para Elara, depois de volta para Diana. A guerra em seus olhos era agonizante de assistir.
Ele respirou fundo.
- Elara - disse ele, a voz dura e final. - Fique aqui.
As palavras a atingiram como um golpe físico.
- O quê?
- A Sra. Fontenelle precisa de você - disse ele, seu tom desdenhoso. - Os médicos estão fazendo tudo o que podem pela Jade. Você só vai atrapalhar. Fique aqui. Toque o violoncelo para a Diana. Isso vai acalmar os nervos dela.
- Você está se ouvindo? - Elara gritou, a voz rachando de incredulidade. - Minha irmã está morrendo, e você quer que eu toque violoncelo para ela?
- Você pode visitá-la amanhã - disse ele, a voz desprovida de toda emoção. Ele não era mais seu marido. Era uma máquina, programada para servir Diana Fontenelle.
Elara olhou de seu rosto frio para o rosto triunfante de Diana. Eles não eram duas pessoas. Eram uma única entidade, um monstro de crueldade e obsessão. Ela estava total e completamente sozinha.
Ela se levantou do chão, seu corpo se movendo como em transe. Caminhou até o canto onde seu novo violoncelo estava - um substituto de Diana, outro presente, outra corrente.
Ela se sentou e começou a tocar. A música era uma marcha fúnebre, um lamento longo e melancólico de pura agonia. Cada nota era uma lágrima que ela não podia derramar, um grito que não podia expressar.
Através da névoa de sua dor, ela rezou. *Por favor, Jade, aguente firme. Por favor, não me deixe sozinha. Por favor, sobreviva.*
Diana se aninhou no sofá e, acalmada pela melodia do coração partido de Elara, adormeceu. Alex a observava, um olhar de adoração gentil no rosto. Ele nunca olhou para Elara.
As horas se arrastaram. O céu lá fora começou a clarear do preto para o cinza. Os dedos de Elara estavam dormentes, seus braços doíam, mas ela não parou. Continuou tocando, alimentada por uma esperança desesperada e desvanecente.
Então, seu telefone tocou novamente. Estava na mesa do outro lado da sala. Ela parou de tocar, o silêncio repentino chocante.
Alex ergueu os olhos, irritado com a interrupção. Ele pegou o telefone e o levou até ela.
Ela o pegou com a mão trêmula. *Boas notícias*, ela rezou. *Por favor, que sejam boas notícias.*
Era a mesma enfermeira. Sua voz era suave, pesada de pena.
- Sra. Braga, sinto muito. Sua irmã... ela se foi.
O mundo ficou em silêncio. O telefone escorregou de seus dedos e caiu no chão. Um vazio negro se abriu dentro dela, um abismo de perda tão vasto que engoliu tudo.
A última coisa que ela viu antes de desmaiar foi o rosto de Alex, sua expressão não de tristeza, mas de leve irritação por seu colapso poder acordar sua rainha adormecida.