O Sacrifício Final de Uma Esposa
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Capítulo 5

O telefonema veio no meio da noite. Elara estava cochilando em uma poltrona na sala de estar, um lugar onde agora dormia para evitar dividir a cama com Alex.

Era uma enfermeira do hospital.

- Sra. Braga? É sobre sua irmã, Jade. Você precisa vir agora. Ela está se apagando.

O mundo desabou sob os pés de Elara. Ela se levantou de um salto, o coração martelando contra as costelas. Pegou as chaves, a bolsa, qualquer coisa.

- Estou a caminho - ela engasgou, já correndo para a porta.

Uma figura bloqueou seu caminho. Era Diana, envolta em um robe de seda, uma taça de vinho na mão. Ela estava hospedada no apartamento na última semana, uma presença constante e ameaçadora.

- Onde você pensa que vai? - Diana perguntou, a voz preguiçosa e despreocupada.

- Jade - Elara ofegou. - Ela está... eu tenho que ir.

- Ah, acho que não - disse Diana, tomando um gole de seu vinho. - Estou tendo um pesadelo. Estou com medo. Você não pode me deixar sozinha.

- Por favor - Elara implorou, a palavra rasgando sua garganta. - Ela é minha irmã. Ela está morrendo. Deixe-me ir vê-la. Só por um minuto.

- Não - disse Diana, categoricamente. - Eu preciso de você aqui. Preciso da sua companhia.

O desespero a arranhou. Ela caiu de joelhos, o corpo tremendo incontrolavelmente. Pressionou a testa no chão frio e duro.

- Por favor, estou te implorando. Ela é só uma garota. É inocente. Deixe-me dizer adeus. Eu farei qualquer coisa. Serei sua serva pelo resto da minha vida. Apenas me deixe ir.

Diana a observava, sua expressão de um divertimento distante, como se observasse um inseto interessante.

Nesse momento, Alex entrou, esfregando os olhos sonolentos.

- O que está acontecendo?

- Alex! - Elara se arrastou em direção a ele, agarrando suas pernas. - É a Jade. Ela está morrendo. Temos que ir. Por favor, Alex, me leve até ela.

Alex olhou do rosto desesperado e manchado de lágrimas de Elara para o rosto frio e composto de Diana. Ele foi até Diana, seus movimentos hesitantes.

- Deixe-a ir - disse ele, a voz baixa.

Diana fez beicinho, o lábio inferior tremendo.

- Mas Alex, estou com medo. Você prometeu que me protegeria. - Era uma exibição praticada e manipuladora.

Alex hesitou. Olhou para Elara, depois de volta para Diana. A guerra em seus olhos era agonizante de assistir.

Ele respirou fundo.

- Elara - disse ele, a voz dura e final. - Fique aqui.

As palavras a atingiram como um golpe físico.

- O quê?

- A Sra. Fontenelle precisa de você - disse ele, seu tom desdenhoso. - Os médicos estão fazendo tudo o que podem pela Jade. Você só vai atrapalhar. Fique aqui. Toque o violoncelo para a Diana. Isso vai acalmar os nervos dela.

- Você está se ouvindo? - Elara gritou, a voz rachando de incredulidade. - Minha irmã está morrendo, e você quer que eu toque violoncelo para ela?

- Você pode visitá-la amanhã - disse ele, a voz desprovida de toda emoção. Ele não era mais seu marido. Era uma máquina, programada para servir Diana Fontenelle.

Elara olhou de seu rosto frio para o rosto triunfante de Diana. Eles não eram duas pessoas. Eram uma única entidade, um monstro de crueldade e obsessão. Ela estava total e completamente sozinha.

Ela se levantou do chão, seu corpo se movendo como em transe. Caminhou até o canto onde seu novo violoncelo estava - um substituto de Diana, outro presente, outra corrente.

Ela se sentou e começou a tocar. A música era uma marcha fúnebre, um lamento longo e melancólico de pura agonia. Cada nota era uma lágrima que ela não podia derramar, um grito que não podia expressar.

Através da névoa de sua dor, ela rezou. *Por favor, Jade, aguente firme. Por favor, não me deixe sozinha. Por favor, sobreviva.*

Diana se aninhou no sofá e, acalmada pela melodia do coração partido de Elara, adormeceu. Alex a observava, um olhar de adoração gentil no rosto. Ele nunca olhou para Elara.

As horas se arrastaram. O céu lá fora começou a clarear do preto para o cinza. Os dedos de Elara estavam dormentes, seus braços doíam, mas ela não parou. Continuou tocando, alimentada por uma esperança desesperada e desvanecente.

Então, seu telefone tocou novamente. Estava na mesa do outro lado da sala. Ela parou de tocar, o silêncio repentino chocante.

Alex ergueu os olhos, irritado com a interrupção. Ele pegou o telefone e o levou até ela.

Ela o pegou com a mão trêmula. *Boas notícias*, ela rezou. *Por favor, que sejam boas notícias.*

Era a mesma enfermeira. Sua voz era suave, pesada de pena.

- Sra. Braga, sinto muito. Sua irmã... ela se foi.

O mundo ficou em silêncio. O telefone escorregou de seus dedos e caiu no chão. Um vazio negro se abriu dentro dela, um abismo de perda tão vasto que engoliu tudo.

A última coisa que ela viu antes de desmaiar foi o rosto de Alex, sua expressão não de tristeza, mas de leve irritação por seu colapso poder acordar sua rainha adormecida.

                         

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