Prometida ao Ódio
img img Prometida ao Ódio img Capítulo 5 Dez anos depois
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Capítulo 6 O retorno img
Capítulo 7 O reencontro img
Capítulo 8 A presença que nunca se foi img
Capítulo 9 O peso do reencontro img
Capítulo 10 Entre risos e rosnados img
Capítulo 11 Cerimônia img
Capítulo 12 O peso da noite img
Capítulo 13 Desafiando o alfa img
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Capítulo 5 Dez anos depois

Olivia empacotava as últimas coisas do pequeno apartamento-estúdio que tinha chamado de lar pelos últimos anos. A maior parte já havia sido doada para a caridade, móveis, roupas, objetos acumulados ao longo do tempo. Restavam apenas algumas caixas, aquelas que seriam enviadas de volta para a matilha antes do seu retorno definitivo, dali a dois anos.

Dez anos haviam se passado desde que ela partira. Dez anos desde que se libertara de Damon Blackthorn e de tudo o que a prendia àquela vida que nunca quis.

Depois da rejeição, mergulhou nos estudos. Foram seis longos anos na universidade, morando em um dormitório, dividindo espaço, aprendendo a viver sozinha, aprendendo a ser livre. Dois diplomas, muitas noites sem dormir, incontáveis ensaios fotográficos, era assim que ela construiu um novo nome para si mesma.

Agora, aos vinte e oito anos, morava em um pequeno estúdio no terceiro andar de um prédio simples, com uma varanda estreita, onde todas as manhãs se sentava com uma caneca de café, observando o nascer do sol antes de iniciar mais um dia de trabalho.

O Alfa Richard ainda mantinha regras claras para ela enquanto estivesse longe da matilha:

Nenhuma visita a outros territórios lupinos, nem mesmo aliados.

Relatórios mensais de renda, com uma porcentagem destinada à matilha.

Qualquer trabalho para outra matilha, seja eventos, retratos ou ensaios em estúdio, deveria passar pela aprovação direta dele.

Richard não se preocupava com as aliadas, mas sim com as inimigas. Seu talento com a câmera era reconhecido em muitos territórios, e convites não paravam de chegar. Era raro um alfa ou um membro de alto escalão que não desejasse um retrato feito pelas mãos de Olivia Vandergood.

Nos últimos três anos, a procura só aumentou. Fotos de famílias, de companheiras, de momentos marcantes... seu olhar capturava mais do que imagens; capturava histórias.

Ainda assim, havia um desejo silencioso dentro dela: ver uma de suas fotos pendurada na Casa do Alfa da sua antiga matilha.

Sabia que era improvável. Talvez até impossível. Mas não deixava de sonhar com isso, em segredo.

Quando Olivia deixou a matilha de forma inesperada e sem permissão, acreditou que sua sentença estava selada. Pensou que seria marcada como loba selvagem, banida para sempre, um perigo para todos. Mas não foi isso que aconteceu.

Dias depois, o próprio Alfa Richard e sua companheira, Carolaine, apareceram à porta do pequeno dormitório. Olivia congelou ao vê-los, certa de que estavam ali para puni-la. Mas, para sua surpresa, eles foram acolhedores.

Sentaram-se à sua frente, não como líderes poderosos, mas como pais preocupados. Perguntaram como ela estava, como se sentia, se precisava de algo. Não demonstraram raiva pela rejeição que ela havia dado a Damon. Nada de julgamentos. Apenas preocupação genuína. Talvez, por serem os pais dele, sentissem uma parcela de responsabilidade pelo estado emocional em que ela havia sido deixada.

Foi Richard quem insistiu para que Olivia ingressasse na universidade dos sonhos. Ele e Carolaine pagaram a mensalidade integralmente, garantindo que ela não tivesse que abrir mão do futuro que merecia. Foram além, custeando um psicólogo especializado em traumas para que ela pudesse enfrentar tudo o que tinha acontecido ao longo daqueles dois anos marcados pela dor.

Foram dois anos e meio de terapia. De reconstrução. De aprender a respirar sem sentir o peso do passado a esmagando. Foi durante esse tempo que sua loba, Sam, voltou. Depois de anos adormecida, afastada pela dor, Sam despertou em lágrimas, triste pela separação com Condor, o lobo de Damon. Elas sabiam que isso significava que jamais seriam companheiras do mesmo macho novamente.

Mas, com o tempo, Olivia compreendeu algo importante: ela e Damon nunca seriam felizes juntos porque simplesmente não eram destinados um ao outro. Aquela marca nunca deveria ter existido. Havia raiva demais, feridas demais para que algo bom florescesse dali.

Agora, dez anos depois, Olivia Vandergood era uma profissional renomada. Jornalista formada, fotógrafa dedicada, com trabalhos reconhecidos em todo o país e, em poucos dias, prestes a lançar uma exposição internacional em Paris, França.

Olivia mal podia conter a animação. Dois anos em Paris, a cidade do amor, com sua câmera em mãos e uma exposição internacional prestes a acontecer, era o sonho da sua vida finalmente tomando forma. Mas sabia que esse sonho tinha prazo de validade. Ao fim dos dois anos, teria que voltar para a matilha. Esse era o acordo.

Richard havia prometido construir para ela um estúdio e um pequeno escritório assim que retornasse, unindo suas duas paixões: a fotografia e o jornalismo. Mesmo sem exercer a profissão de jornalista, ainda amava a ideia de, um dia, talvez escrever grandes histórias.

Conseguir a permissão para sair do país, no entanto, não foi nada fácil. Olivia tinha ligado para o Alfa Richard cheia de esperança para explicar a proposta de Paris. A resposta dele foi um sonoro "não". E, sem pensar, Olivia fez algo que nunca tinha feito com um Alfa: desligou o telefone na cara dele.

Por alguns minutos, ela considerou seriamente se tornar uma loba rebelde, sumir no mundo e não olhar para trás. Mas algumas horas depois, quando Richard bateu à sua porta acompanhado de César, seu beta, ela percebeu que essa ideia não seria muito inteligente.

Mais uma vez, pensou que seria punida. Que talvez dessa vez a tornassem uma loba selvagem, finalmente. Mas não. O Alfa apenas entrou em seu apartamento, olhou ao redor, suspirou e disse:

- Precisamos conversar.

A conversa foi longa, tensa, cheia de argumentos de ambos os lados. No fim, Richard cedeu, mas com condições claras: Olivia poderia passar os dois anos em Paris, mas sem exceções, ao término do prazo teria que voltar para casa. Nada de desculpas, nada de fugas. Se ela recusasse os termos, ele a levaria à força de volta para a matilha naquela mesma noite.

E havia outra exigência: antes de viajar, ela deveria voltar para casa, comparecer à cerimônia de posse de Damon como Alfa e jurar sua lealdade ao bando, independente de sua história com ele.

Olivia sentiu o coração apertar. A última coisa que queria era estar no mesmo espaço que Damon depois de tudo. Mas, se quisesse conquistar seu sonho, teria que engolir o orgulho e suportar algumas horas ao lado do homem que um dia quase destruiu sua vida.

- Sábado - Richard disse firme, sem deixar espaço para discussão.

Ela apenas assentiu, sabendo que não havia outra escolha. A única surpresa real foi o fato de Damon ter levado dez anos para, finalmente, assumir o posto de Alfa.

O homem tinha trinta e dois anos ou faria trinta e dois no sábado. Olivia não conseguia evitar a curiosidade. Por que Damon demorou tanto para assumir o título de Alfa? Dez anos era tempo demais para um herdeiro do posto. Mas não ousou questionar Richard. O bando era dele, e ele governava como bem entendesse.

- Você voltará para casa na sexta-feira - disse o Alfa, a voz firme, sem qualquer espaço para negociação.

- Meu voo é domingo à tarde - ela rebateu com cuidado, tentando manter o tom neutro.

Os olhos de Richard a fitaram como se lessem até o fundo da sua alma.

- Eu sei a sua programação, Olivia - ele respondeu, cada palavra carregada de autoridade. - Fui eu quem aprovou. E estou falando sério... se você não aparecer, eu cancelarei todos os seus contratos.

Um frio percorreu a espinha de Olivia. Ele estava falando sério. Sempre estava.

- Sim, Alfa - disse, inclinando levemente a cabeça em sinal de respeito, a voz baixa, mas firme.

Dentro dela, Sam soltou um rosnado irritado. Nenhuma de nós quer voltar, sussurrou sua loba. Olivia concordava. Mas havia coisas que simplesmente não podiam ser evitadas.

                         

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