Toda a gala de aniversário passou em um borrão de ansiedade. Eu sorri, socializei, aceitei os votos de feliz aniversário, mas minha mente estava em um nó de medo. Fiquei esperando a outra bota cair, pela vingança silenciosa e calculada de Damião.
Mas nada aconteceu. A festa foi um sucesso espetacular.
Finalmente, o momento chegou. Meu pai estava no palco, pronto para anunciar meu futuro marido. O salão de festas ficou em silêncio, mil convidados prendendo a respiração.
- Tem que ser o Damião Paiva - alguém sussurrou por perto. - Ele é o único digno dela.
- E o Heitor Bastos? - outra voz contrapôs. - Ele a persegue há anos. Coitado, nunca teve chance.
Não pude evitar o pequeno sorriso triunfante que tocou meus lábios. Olhei para o outro lado da sala, para Heitor. Ele encontrou meu olhar e me deu um olhar de amor tão profundo e inabalável que me tirou o fôlego. Ele levantou a mão e fez um sinal para mim, uma pequena piada entre nós: *Não ouse mudar de ideia.*
Eu ri, uma risada real e feliz.
E então o mundo explodiu.
A tela gigante atrás do palco, que exibia uma bela montagem da minha vida, piscou e mudou. Uma imagem do meu quarto apareceu. Era eu.
Eu estava segurando uma das camisas de Damião, pressionando-a contra o rosto, meus olhos fechados em um estado de êxtase patético e apaixonado. O vídeo continuou, mostrando-me em meus momentos mais íntimos, tocando-me, sussurrando o nome dele.
- Eu te amo, Damião - minha voz ecoou pelo salão silencioso. - Eu te amo tanto.
Uma onda de horror absoluto me invadiu. Virei-me, meus olhos procurando desesperadamente por Damião na multidão. Ele estava lá, seu rosto uma máscara fria e inexpressiva.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto.
- Como você pôde? - murmurei com os lábios, meu coração se partindo em um milhão de pedaços. - Como pôde ser tão cruel?
- Desliguem isso! - rugiu meu pai, seu rosto roxo de raiva. - Alguém desligue essa porcaria!
Mas o vídeo continuou a tocar. O sistema estava travado.
Heitor, vendo minha devastação, não hesitou. Ele avançou para o palco, pegou um pesado suporte de champanhe e espatifou o projetor em pedaços.
- Descubram quem fez isso! - berrou meu pai, sua voz tremendo. - Eu quero que os encontrem!
Um de seus parceiros de negócios tentou acalmá-lo.
- Charles, é apenas a paixão de uma jovem. Está claro por quem ela está apaixonada. Anuncie o noivado com Damião. Isso vai acalmar as coisas.
O rosto do meu pai estava pálido. Ele sabia. Ele sabia que eu havia escolhido Heitor. Ele olhou para Heitor, uma esperança desesperada em seus olhos.
Heitor caminhou para o meu lado, envolvendo-me com seus braços fortes, protegendo-me dos olhares curiosos da multidão. Ele me segurou firme, uma âncora sólida e inabalável em meu pesadelo turbulento.
Então ele se virou para encarar os convidados atônitos, sua voz ressoando com autoridade e fúria.
- Helena Barreto é minha noiva - anunciou ele, sua voz ecoando pelo salão. - E eu juro por Deus, quem quer que seja o responsável por isso, eu vou encontrar você. E vou te destruir.
A multidão ofegou.
Do outro lado da sala, os rostos de Damião Paiva e dos outros Bolsistas Barreto estavam pálidos. Eles olhavam para mim, para Heitor, suas expressões uma mistura de choque e incredulidade. Não era assim que o plano deles deveria terminar.