- Onde você está? - Disse ela com urgência na voz.
- Saindo de uma entrevista agora. O que aconteceu? - Perguntei preocupada ouvindo-a me responder imediatamente.
- Preciso que venha até a clínica agora. É muito sério. - Disse ela, desligando a ligação.
Olhei para a tela do eletrônico vendo que ela havia desligado e então, estendi o dedo para chamar o táxi.
O tom dela fez minha pele arrepiar. Ana nunca ligava assim. Sem pensar duas vezes, segui direto para lá.
Assim que chegamos na porta da clínica, paguei ao motorista e corri para a entrada do lugar, seguindo até o consultório dela.
Assim que bati na porta a abrindo em seguida, vi Ana já me aguardando, segurando um papel.
- O que está acontecendo? - Perguntei confusa, me aproximando.
- Uma oportunidade irrecusável. - Disse ela me estendendo o papel. - Um cliente está procurando uma barriga de aluguel e está pagando muito por isso.
Assim que ela falou, deslizei os olhos para o papel mostrando meu desinteresse, mas assim que vi o valor que ele estava oferecendo, cobri minha boca pela surpresa, voltando a encará-la.
- Isso é... isso é o dobro do que eu preciso para a cirurgia da minha mãe.
- Eu sei. - Respondeu Ana com uma voz baixa, porém, carregada de esperança.
Levei meus olhos para ela e vinquei as sobrancelhas.
-Por que eu? - Perguntei a vendo hesitar em responder, mas logo, ela soltou um suspiro e voltou a se sentar em seu lugar.
- Porque a candidata precisa ser virgem. E eu sei que você é. Fora que, você tem o perfil da mulher que ele está exigindo. - Disse ela me fazendo conferir as informações no papel.
E naquele instante, meu peito se apertou.
- Ana... isso é insano.
- Eu sei que parece, mas Kath, isso resolveria tudo. Você não precisa fazer nada além de gerar um bebê. Você receberia o dinheiro antes mesmo do parto. E outra, você está precisando muito do dinheiro.
Assim que ela falou, senti minha mente girar.
- Eu não sei, Ana. - Falei com a voz fraca, me sentando em frente a ela. -Gerar um bebê é algo muito sério. Requer muita responsabilidade.
Assim que falei ela segurou minhas mãos, mantendo os olhos sobre os meus.
- Só pensa nisso, ok? Ele é um dos clientes mais importante da clínica. Eu tive que guardar esse papel a sete chaves antes que chegasse nas mãos de outra pessoa, entendeu? - Disse ela soltando um suspiro. -S decidir, aqui está onde poderá o encontrar.
Assim que ela falou, pegou o papel das minhas mãos, anotando algo atrás.
-Essa é a sua chance, pense direitinho!
Assenti, ainda atordoada, e saí da clínica. Meu coração estava acelerado, minha cabeça, uma bagunça. E antes que eu pudesse refletir direito sobre o assunto, o telefone tocou.
- Senhorita Katherine? Precisamos que venha ao hospital imediatamente. - Disse a voz feminina fazendo meu corpo congelar no lugar.
Respirei fundo e saí apressada a procura de um táxi.
Assim que cheguei no hospital, o cheiro de antisséptico preenchia meu olfato, me causando enjoo, mas o pavor que eu estava sentindo era uma sensação ainda pior.
Fui apressada até o quarto onde minha mãe estava e assim que passei pela porta, encontrei o lugar vazio. E então, o medo se apoderou de mim.
Assim que me virei para pedir informações, a médica veio em minha direção.
- Katherine, sua mãe precisa da cirurgia imediatamente. Ela sofreu um aneurisma e não pudemos mais esperar para salvá-la. - Disse ela estendendo um papel para mim. - Aqui estão os custos.
Engoli seco ao ver o valor.
- Tudo isso?
- Eu sinto muito! - Disse ela me olhando com uma expressão de lamento.
- Pode fazer. Eu vou conseguir esse dinheiro! - Falei a dando de costas, saindo do hospital em seguida. Eu ao menos, tinha a certeza de que minha mãe estava em boas mãos.
Minha decisão já estava tomada. Eu só tinha uma opção. Aceitar a louca proposta de Ana.
Olhei para o papel e peguei o endereço, que por sorte ficava apenas a duas quadras dali. Respirei fundo e decidi ir andando, até chegar no local.
Passei pelas portas de entrada, encontrando um lugar completamente sofisticado; as luzes eram baixas, a música era um blue jazz tocando ao fundo e os clientes que haviam ali, pareciam ser de um nível alto, pelas suas vestes e comportamento.
O lugar não estava cheio; havia alguns casais e grupos de amigos em mesas, conversando animados, mas em tom baixo mostrando sua educação. Logo mais a frente, no balcão de bebidas, avistei um homem, que por estar sozinho, imaginei que fosse ele.
O Homem exalava poder. O terno escuro perfeitamente alinhado realçava seus ombros largos, e o relógio luxuoso no pulso denunciava que dinheiro não era problema. Seu rosto era impecável, traços esculpidos com precisão e um olhar frio, calculista.
Caminhei até ele e o estendi o cartão.
- Senhor Sterling? Sou Katherine Hayes, eu vim porque aceito. Aceito ser a sua barriga de aluguel! - Falei o vendo arquear as sobrancelhas.
Ele me olhou de baixo a cima e virou o líquido do copo em sua boca, voltando a atenção para mim.
- E então? - Perguntou ele me fazendo respirar fundo.
-Então, vamos marcar a inseminação! - Falei o vendo soltar um riso.
-Marcar a inseminação? Acho que não te informaram direito. Só pago esse valor... se for eu quem tirará a sua virgindade.