O Abraço da Traição: A Vingança de uma Esposa
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Capítulo 2

No dia seguinte, tirei meus irmãos da cidade. Encontrei uma casa pequena e tranquila para eles em um subúrbio longe das torres brilhantes de São Paulo, um lugar onde Heitor não pensaria em procurar.

Enzo era um fantasma, perdido em um mar de dor e membros fantasmas. Íris era um espectro, sua ansiedade agora um grito constante e silencioso em seus olhos.

"Por que estamos indo embora, Lê?", Íris perguntou, sua voz pequena enquanto ela segurava minha mão. "O Heitor fez alguma coisa ruim?"

Eu não podia contar a eles toda a verdade. Isso destruiria o que restava deles.

"Heitor e eu estamos nos divorciando", eu disse, as palavras parecendo estranhas e pesadas na minha língua. "É melhor para nós termos um novo começo em outro lugar."

Enzo me olhou de sua cadeira de rodas, seu rosto jovem envelhecido com uma amargura que não lhe pertencia.

"Por minha causa?"

"Não", eu disse com firmeza, ajoelhando-me na frente dele. "Isso não é sua culpa. Isso é por causa dele."

Meu celular vibrou. Uma mensagem de um número desconhecido. Era uma foto: Kátia Ribeiro, sorrindo sedutoramente, encostada em uma Ferrari novinha, vermelha-cereja. A placa personalizada dizia: H-P-K8. Heitor para Kátia. Uma piada doentia.

A mensagem abaixo foi uma punhalada no coração: *Obrigada pelo carro novo, ex-Sra. Bastos. Ele diz que vermelho é a minha cor.*

Uma onda de bile subiu pela minha garganta. Ela estava se exibindo, esfregando os destroços da minha vida na minha cara.

Lembrei-me do medalhão de prata barato que Heitor me deu quando estávamos na faculdade. Tinha uma foto minúscula e desbotada de nós dois dentro. Ele economizou por meses de seu trabalho de meio período para comprá-lo. Ele disse que era uma promessa de que sempre me valorizaria, que eu era mais preciosa para ele do que qualquer diamante.

Minha mão tremeu e deixei cair a caixa de suprimentos médicos que estava segurando. Ela se abriu, espalhando bandagens e lenços antissépticos pelo chão de linóleo barato.

Kátia tinha sua Ferrari. Eu tinha uma caixa de bandagens para meu irmão aleijado.

A ironia era um peso sufocante. Lembrei-me de quando Heitor trouxe Kátia pela primeira vez a uma das galas de sua fundação. Ele a apresentou como uma estudante brilhante e carente que ele estava patrocinando. "Ela tem um fogo dentro dela", ele disse, seus olhos brilhando de admiração. "Uma fome de vencer. Ela me lembra você, Lê."

Eu fiquei desconfiada. Perguntei a ele por que a fundação estava dando a ela muito mais financiamento do que qualquer outro bolsista.

"Ela tem um potencial extraordinário", ele respondeu suavemente. "É um investimento estratégico."

Eu sabia agora que tipo de investimento ele estava fazendo. Não era em suas habilidades cirúrgicas. Era em sua lealdade, em sua cama. Ele não estava investindo em uma cirurgiã; ele estava preparando uma amante enquanto representava o papel do marido perfeito e dedicado.

A percepção me deixou enjoada. Tudo era uma mentira. Nossa vida inteira juntos tinha sido uma performance cuidadosamente construída.

Voltei para a luxuosa cobertura em São Paulo que um dia chamei de lar. O ar estava impregnado com o cheiro de flores caras e traição. Metodicamente, passei pelos armários, tirando os vestidos de alta costura, as bolsas de grife, as caixas de veludo com joias que Heitor me deu.

Liguei para meu advogado.

"Venda tudo", eu disse a ele. "Tudo. E quero o divórcio protocolado hoje."

"Letícia, você tem certeza?", ele perguntou, sua voz tingida de preocupação. "Um homem como Heitor Bastos... isso pode ficar muito feio. Você tem direito a metade dos bens dele. Deveríamos negociar."

"Não há nada a negociar", eu disse, minha voz fria e dura. Encontrei o velho medalhão de prata manchado em uma caixa empoeirada. Abri, olhei para nossos rostos sorridentes, depois o fechei com força. Peguei uma caneta preta e assinei meu nome no verso dos papéis do divórcio, pressionando com tanta força que a caneta rasgou o papel. "Apenas protocole. Eu quero sair."

Coloquei o medalhão no envelope com os papéis assinados. Uma mensagem final e amarga.

A governanta me viu sair, seus olhos cheios de pena.

"Sra. Bastos, que Deus a abençoe."

Eu não respondi. Eu não acreditava mais em bênçãos.

Ao sair do prédio, olhei para trás, para a torre reluzente de vidro e aço que perfurava o céu. Eu tinha sido uma tola. Tinha confundido uma gaiola dourada com um palácio.

O advogado ligou de volta uma hora depois.

"Está feito, Letícia. Está protocolado."

"Ótimo", eu disse.

"Heitor não vai gostar nada disso."

"Estou contando com isso", respondi e desliguei. Eu não me arrependeria disso. Eu só me arrependeria de não ter visto o monstro ao meu lado mais cedo.

            
            

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