O Abraço da Traição: A Vingança de uma Esposa
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Capítulo 5

A sala de emergência era um borrão de luzes brilhantes e vozes frenéticas. Eles arrancaram Íris dos meus braços e a levaram para uma sala de trauma. Fiquei de pé no caos, coberta com o sangue dela e o meu, meu mundo estilhaçado em um milhão de pedaços irreparáveis.

Uma médica, uma mulher de rosto gentil e olhos cansados, saiu alguns minutos depois. Sua expressão me disse tudo o que eu precisava saber antes mesmo de ela falar.

"Sinto muito", disse ela gentilmente. "Fizemos tudo o que podíamos. Ela se foi."

"Não", sussurrei, balançando a cabeça. "Não, você está errada. Verifique de novo."

Tentei passar por ela, para chegar até Íris, para trazê-la de volta à vida com a pura força do meu amor. Mas uma enfermeira me segurou com firmeza.

"Não há mais nada que possamos fazer", disse a médica, sua voz cheia de pena.

A luta se esvaiu de mim. Desabei em uma cadeira próxima, um grito oco e ecoante preso no meu peito. Foi minha culpa. Eu não a protegi. Eu falhei com ela.

Um novo sentimento começou a arder no fundo do meu estômago, quente e negro. Não era apenas luto. Era fúria. Ódio puro e não diluído. Eles iriam pagar. Kátia. Caio. E Heitor. Todos eles iriam pagar.

Peguei meu celular reserva, aquele que eu guardava para emergências, e disquei 190.

"Quero denunciar um assassinato."

Mas antes que eu pudesse dizer outra palavra, uma mão apertou meu ombro. Era Kátia Ribeiro.

"Eu não faria isso se fosse você", disse ela, sua voz um sussurro suave e venenoso.

"Você", rosnei, meu luto momentaneamente eclipsado pela minha fúria. "Você fez isso."

"Eu não fiz nada", disse ela com um aceno de mão desdenhoso. "Mas se você fizer um escândalo, não posso garantir a segurança do seu irmão. Acidentes acontecem em hospitais o tempo todo. Especialmente com pacientes que já estão... comprometidos."

A ameaça pairou no ar, fria e afiada. Enzo. Ele ainda era um paciente no hospital de Heitor. Ainda vulnerável.

A raiva que senti era uma força física. Ela subiu pela minha garganta, e eu me lancei sobre ela, minhas mãos se fechando em seu pescoço esguio. Eu queria espremer a vida dela, ver a arrogância esvair-se de seus olhos.

"Letícia!"

A voz de Heitor foi um estalo de chicote. Ele me arrancou dela, seu aperto como ferro em meus braços. Kátia cambaleou para trás, ofegante, com um olhar de falso terror no rosto.

"Ela está louca, Heitor!", ela chorou. "Ela tentou me matar!"

"Que diabos há de errado com você?", Heitor gritou para mim, seu rosto contorcido de fúria.

"Ela está morta!", gritei, apontando um dedo trêmulo para a sala de trauma. "A Íris está morta! Seu monstro e os amigos dele a mataram!"

O rosto de Heitor ficou pálido. "Morta?" Ele parecia genuinamente chocado, como se o pensamento de que suas ações pudessem ter consequências reais e fatais nunca lhe tivesse ocorrido.

Kátia e Caio, que a seguiram, imediatamente começaram a negar tudo. "Ela está mentindo! A garota teve um ataque ou algo assim! Não teve nada a ver com a gente!"

Nesse momento, a médica gentil retornou. "Analisamos o relatório preliminar", disse ela, parecendo profundamente desconfortável. "Parece que sua irmã tinha uma condição cardíaca preexistente. A causa da morte parece ser parada cardíaca."

Heitor já tinha chegado até ela. Em questão de minutos, ele comprou o relatório, comprou a médica, comprou a verdade.

"Viu?", disse Kátia, agarrando-se ao braço de Heitor. "Foi uma morte natural. Letícia está apenas histérica."

Heitor olhou para mim, seus olhos frios e duros. "Acho que você já causou problemas suficientes por uma noite." Ele gesticulou para os dois seguranças que haviam se materializado ao seu lado. "Ela está transtornada. Levem-na para uma sala silenciosa para se acalmar. Contenham-na se for preciso."

Eu o encarei, meu coração se transformando em pedra. Ele não estava apenas encobrindo-os. Ele estava me punindo por ousar dizer a verdade. Ele estava enterrando minha irmã sob uma montanha de suas mentiras.

Enquanto os guardas me arrastavam, Kátia se inclinou para perto de Heitor, um sorriso triunfante no rosto. "Não me sinto muito bem, Heitor", ela murmurou, colocando uma mão delicada em sua barriga. "Acho que o estresse pode estar afetando o bebê."

O bebê. O bebê deles. A criança concebida da minha dor, nutrida pelas minhas lágrimas.

O mundo girou diante dos meus olhos. Senti uma onda de bile subir pela minha garganta e vomitei no chão imaculado do hospital.

A última coisa que vi antes de desmaiar foi o rosto de Heitor, uma máscara de profunda preocupação dirigida não a mim, mas ao monstro que carregava seu filho.

Acordei em um quarto de hospital diferente. Heitor dormia em uma cadeira ao lado da minha cama. Ele parecia exausto, seu cabelo geralmente perfeito desgrenhado, seu terno caro amassado.

Ele se mexeu quando me sentei.

"Lê", disse ele, com a voz rouca. "Como você está se sentindo?"

Ele tentou parecer sincero, mas eu podia ver o cálculo frio em seus olhos.

"Eu fui um tolo, Lê", disse ele, movendo-se para a beira da minha cama. "Kátia... ela não é você. Foi só um caso. Um erro. É você que eu quero. Sempre foi você."

Eu quase ri. Ele achava que podia simplesmente apagar tudo com algumas palavras bonitas e vazias.

Meu silêncio pareceu agitá-lo.

"Vou me livrar dela", ele prometeu, sua voz sincera. "Vou mandá-la embora. Podemos voltar a ser como éramos."

Olhei para ele, meu rosto uma máscara em branco. Eu tinha que jogar o jogo dele, pelo bem de Enzo.

"Preciso ver o Enzo", eu disse, minha voz monótona. "Quero transferi-lo para outro hospital. Um melhor."

Ele pareceu aliviado com meu pedido prático.

"Claro. Qualquer coisa. Farei os arranjos imediatamente." Ele não questionou meus motivos. Em sua arrogância, ele acreditava que tinha vencido. Ele acreditava que eu ainda era sua para controlar.

Ele saiu para fazer as ligações. Alguns minutos depois, seu assistente entrou correndo, com o rosto pálido.

"Sr. Bastos", ele gaguejou. "É o Enzo. Ele... ele sumiu. Ele não está no quarto."

                         

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