Ele caminhou até Helena, um sorriso preguiçoso e perigoso no rosto. Ele pegou uma foto do chão.
"Bem, Helena", disse ele, sua voz ecoando pela sala silenciosa. "Quer explicar isso?"
Todos os olhos na sala se voltaram para ela, afiados e acusadores.
Helena respirou fundo, lutando para controlar o tremor em seu corpo. "Essa não sou eu", disse ela, sua voz clara e forte. "Olhe de perto, Caio."
A sala inteira prendeu a respiração, esperando.
Caio olhou para a foto novamente, depois de volta para Helena. Seu sorriso se alargou, mas não alcançou seus olhos frios. "Você está certa", disse ele. "Esta foto é da dona da casa." Ele fez uma pausa, deixando a implicação assentar. "Então, se esta é ela... quem é você?"
Foi o auge da sua crueldade. Com uma pergunta, ele confirmou para o mundo inteiro que a mulher nas fotos era sua esposa, Helena Ferraz.
Os sussurros explodiram novamente, desta vez com veneno.
"Eu sabia! Ela parece tão quieta e certinha, mas é uma vadia em particular!"
"Não é à toa que ele prefere a Brenda. Que desgraça."
As palavras vis a atingiram, e por um momento, ela sentiu como se estivesse se afogando. Abriu a boca para se defender, para gritar a verdade, mas Caio agarrou seu pulso e a arrastou para fora do clube.
De volta ao carro, ele finalmente falou. "Brenda é uma mulher solteira. Um escândalo como este a arruinaria. Você é minha esposa. Ninguém ousará dizer nada por muito tempo. Você só terá que suportar."
Helena sentiu como se tivesse sido atingida por um raio. "Suportar?", ela engasgou, sua voz quebrando com incredulidade. "Você vai destruir minha reputação - minha vida - para protegê-la?"
"Não seja dramática", ele retrucou, a testa franzida de aborrecimento. "Você é a Sra. Barros. Sua reputação está ligada à minha. Ela vai se recuperar."
"Minha reputação? Minha honra? Isso não significa nada para você?", ela gritou, sua raiva finalmente fervendo. "A inocência de uma mulher é tudo o que ela tem! Você está tentando me destruir completamente?"
Caio pisou no freio, parando o carro na beira da estrada. Ele se virou para encará-la, seus olhos ardendo com um fogo frio e aterrorizante.
"Sim", disse ele, sua voz um sussurro baixo e arrepiante. "Pela Brenda, eu sacrificaria qualquer coisa. Ou qualquer um. E isso inclui você."
As palavras atravessaram a última de suas defesas. Não havia esperança. Nunca houve.
Ela sabia disso. Sempre soube. Lembrou-se de tricotar um suéter para ele, apenas para ele jogá-lo de lado com um desprezo porque Brenda disse que a cor era feia. Lembrou-se de conseguir uma bênção para a segurança dele em um templo, apenas para ver o amuleto pendurado na bolsa de Brenda uma semana depois.
Ele nunca a tinha visto de verdade.
Ele não a amava.
Uma risada quebrada e cheia de lágrimas escapou de seus lábios. Ela se virou para longe dele, olhando pela janela enquanto lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto, encharcando a gola de seu vestido.
Nos dias seguintes, Brenda estava um poço de nervos, aterrorizada que o escândalo grudasse nela.
"Caio, e se as pessoas descobrirem?", ela choramingava.
"Eu já cuidei disso", ele a acalmava, puxando-a para seus braços. "Ninguém ousará falar sobre isso novamente."
Helena os observava, seu coração uma caverna oca. Ela não disse nada. Apenas se movia pelos dias como um fantasma, esperando sua chance de ir para a casa principal e finalizar sua fuga.
Finalmente, ela decidiu que não podia mais esperar. Colocou o casaco, pronta para caminhar até a propriedade se fosse preciso.
"Helena."
A voz de Caio a parou na porta.