Karina soltou uma risada leve e tilintante que cortou as palavras de Helena. "Oh, Helena, sempre tão sentimental. É apenas um pedaço de prata. Tem certeza de que não está apenas inventando uma história para chamar a atenção de Arthur?"
Ela virou seus olhos grandes e inocentes para Arthur. "Eu posso comprar para mim mesma, é claro. Só achei charmoso."
Com um movimento do pulso, Karina levantou sua raquete de leilão.
"Cem mil reais", ela anunciou, sua voz clara e confiante.
A esperança de Helena desmoronou. Ela se virou para Arthur, seus olhos suplicantes. "Arthur, eu faço qualquer coisa. Nunca mais vou pedir nada, eu prometo. Apenas esta única coisa."
Karina riu de novo, mais alto desta vez. "Ouça-a, Arthur. 'Nunca mais vou pedir nada.' Quantas vezes já ouvimos isso? Ela é uma mentirosa. Está apenas tentando te manipular."
A mandíbula de Arthur se contraiu. Seu olhar mudou do rosto desesperado de Helena para o rosto sorridente de Karina, e sua expressão ficou sombria.
Ele, lenta e deliberadamente, soltou os dedos de Helena de sua manga.
"Você envergonhou a Karina esta manhã", disse ele, sua voz perigosamente baixa. "Este será o meu pedido de desculpas a ela."
Ele acenou para seu assistente, que estava sentado atrás deles. O assistente imediatamente levantou sua raquete. Os lances aumentaram rapidamente, mas a riqueza de Arthur era ilimitada. Em um minuto, o martelo caiu.
"Vendido, para o representante do Sr. Monteiro."
Helena balançou a cabeça, um apelo silencioso e desesperado. "Eu não fiz nada de errado", ela sussurrou, lágrimas brotando em seus olhos. "Ela caiu de propósito."
"Fique quieta", sibilou Arthur, sua voz como uma lâmina. "Diga mais uma palavra e você vai se arrepender."
Alguns minutos depois, um funcionário do leilão trouxe o medalhão para a mesa deles em uma caixa de veludo. Karina o aceitou com um sorriso radiante.
"Obrigada, Arthur", ela arrulhou, lançando um olhar triunfante para Helena.
Helena não conseguia desviar o olhar do medalhão. Seus lábios estavam brancos, todo o seu corpo tremia.
Karina abriu a caixa, seus olhos brilhando de malícia. "Aqui, Helena", disse ela docemente. "Por que você não experimenta? Já que significava tanto para você."
Helena hesitou, dividida entre seu orgulho e a necessidade desesperada e dolorosa de tocar o medalhão mais uma vez. Lentamente, ela estendeu a mão.
No momento em que seus dedos tocaram a prata fria, a mão de Karina ficou frouxa. Ela "acidentalmente" soltou o medalhão. Ele caiu no chão de mármore e se estilhaçou, a delicada caixa de prata se partindo.
O tempo pareceu parar. Helena olhou para os pedaços quebrados, seu coração se partindo junto com eles. Karina soltou um suspiro teatral.
"Oh, meu Deus! Helena, como você pôde ser tão desajeitada? Você quebrou o presente de Arthur para mim!"
Helena caiu de joelhos, ignorando os suspiros e sussurros das mesas ao redor. Ela começou a juntar cuidadosamente os minúsculos pedaços quebrados da memória de sua mãe. Uma borda afiada cortou sua palma, mas ela mal sentiu. Ela mordeu o lábio com tanta força que sentiu o gosto de sangue.
Arthur olhou para ela, seu rosto uma máscara de nojo frio. "Pare de fazer cena", ele rosnou. "Vamos para casa."
Ele tentou levantá-la, mas ela resistiu, agarrando os fragmentos em sua mão. A combinação de fome, dor e coração partido era demais. Sua visão turvou, o quarto inclinou, e ela desmaiou, caindo em seus braços.
Ela acordou em seu antigo quarto, aquele que fora forçada a desocupar. A primeira coisa que viu foi Karina, sentada em uma cadeira ao lado da cama. Aos seus pés, enrolado, estava um Doberman grande e ameaçador, seus dentes à mostra em um rosnado baixo.
Helena sentiu um choque de medo. "Onde está o Sketch?", ela perguntou, sua voz rouca. Sketch era seu gato, um pequeno cálico que ela resgatara de um abrigo, seu único verdadeiro companheiro nesta casa solitária.
"Arthur não está aqui", disse Karina, ignorando sua pergunta. Ela acariciou a cabeça do Doberman. "Ele foi escolher um novo presente para mim, para substituir aquele que você quebrou tão descuidadamente."
Lágrimas encheram os olhos de Helena novamente. Sua vida, sua dor, significavam menos para ele do que uma joia.
"Mas ele mandou o chef preparar uma sopa para você", continuou Karina, gesticulando para uma tigela na mesa de cabeceira. "Ele disse que você deve estar com fome. Ele me pediu para trazer para você."
Helena olhou para a sopa, depois para o sorriso cruel no rosto de Karina. Ela soube, com uma certeza profunda, que algo estava errado. "Eu não quero."
Ao sinal de Karina, duas empregadas entraram no quarto. Elas agarraram Helena, segurando-a enquanto Karina pegava a tigela quente. Elas forçaram sua boca a abrir e começaram a derramar o líquido escaldante por sua garganta.
Helena engasgou e tossiu, a sopa quente queimando sua boca e peito. O Doberman latiu excitado, e Karina riu.
"Ele é um bom cão, não é?", disse Karina em tom de conversa. "Ele é muito bom em pegar coisas. Coisas pequenas. Como gatos."
O sangue de Helena gelou. Ela encarou Karina, uma suspeita horrível surgindo.
"Onde está o meu gato?", ela exigiu, agarrando o braço de Karina, suas unhas cravando em sua pele. "O que você fez com o Sketch?"
Karina puxou o braço, sua fachada doce finalmente caindo para revelar o monstro por baixo. "Me solta, sua vadia!", ela gritou. "Você quer saber onde está seu gato? Você acabou de bebê-lo."