Antes que Helena pudesse reagir, dois guardas agarraram seus braços e a arrastaram para dentro. Eles a empurraram para o chão no corredor do lado de fora da suíte de Karina, forçando-a a ficar de joelhos. O vestido molhado grudava em sua pele, e ela tremia incontrolavelmente. Ela era um espetáculo patético e humilhado.
De dentro do quarto, ela podia ouvir vozes. Os amigos de Arthur, altos e zangados.
"Aquela vadia tentou matar a Karina!", um deles gritou. "Primeiro a aranha, depois ela a empurra na piscina! Arthur, você tem que fazer alguma coisa!"
"Todos nós sabemos que você a usou como isca por anos", disse outra voz, mais baixa e conspiratória. "Mas você amoleceu com seu bichinho de estimação? Está me dizendo que não suporta puni-la?"
Então, ela ouviu a voz de Karina, fingindo fraqueza. "Por favor, não sejam tão duros com ela. Foi minha culpa por provocá-la. Talvez... talvez mandá-la para o clube do meu tio por uma noite lhe ensinasse uma lição sem machucá-la permanentemente. Apenas para assustá-la um pouco."
Um silêncio arrepiante se seguiu. Então, a voz de Arthur, fria e decisiva. "É uma boa ideia." Ele então falou com Karina em um tom mais suave. "Não se preocupe mais com isso. Eu cuidarei dela."
Helena baixou a cabeça, uma risada amarga e silenciosa escapando de seus lábios. Ele cuidaria dela. Ele dissera isso a ela cem vezes. Depois de um pesadelo, depois de um dia difícil, depois de um dos "acidentes" que ele mesmo orquestrara. As palavras não tinham sentido, apenas sons que ele fazia. Ele era um monstro, totalmente desprovido de coração.
Ela ficou ajoelhada ali pelo que pareceu uma eternidade, mas ninguém veio para lhe dar uma ordem final. Eventualmente, os mesmos guardas retornaram. Eles não falaram. Apenas a levantaram e a meio arrastaram, meio carregaram para fora do prédio e para a traseira de uma van sem janelas.
Colocaram um capuz preto sobre sua cabeça, e a van partiu em alta velocidade noite adentro. Quando finalmente pararam, ela foi arrastada para fora e para um lugar que cheirava a suor, cerveja velha e sangue. O capuz foi arrancado de sua cabeça. Ela estava em um clube de boxe clandestino, sujo e caótico.
Um par de luvas de boxe ensanguentadas foi jogado a seus pés.
"Coloque-as", um homem grande e com cicatrizes grunhiu. Ele era o dono. "Você é a próxima."
Ela foi puxada em direção ao ringue de boxe. Uma mulher estava sendo ajudada a descer os degraus, seu rosto um inchaço sangrento. Helena se sentiu mal.
"Você luta, você vence, você pode ir embora", disse o dono, seus olhos percorrendo o corpo dela de uma forma que fez sua pele arrepiar. "Perca, e você fica aqui para os rapazes brincarem."
Ele se inclinou para perto, seu hálito fétido. "Ouvi dizer que você irritou a nova garota de Arthur Monteiro. Grande erro. Ele quer que você aprenda uma lição que não vai esquecer."
A verdade a atingiu com a força de um golpe físico. Isso não era apenas um susto. Era uma sentença de morte, proferida pelo homem que ela um dia amara.
Eles a forçaram a entrar em um pequeno vestiário, fazendo-a tirar seu vestido molhado e vestir um par de shorts e uma regata fina. Ela tentou correr para a porta, mas um dos homens a pegou, batendo-a contra a parede e socando-a com força no estômago.
"Tente isso de novo", ele rosnou, "e eu quebro suas pernas antes mesmo de você entrar no ringue."
Eles a jogaram na lona. Suas pernas pareciam gelatina. Sua oponente era uma mulher musculosa com olhos mortos e um sorriso cruel. O sino tocou.
O primeiro soco a fez cair. A dor explodiu em sua bochecha, quente e aguda. Ela sentiu o gosto de sangue. Tentou se levantar, mas sua oponente estava sobre ela, um pé pressionando suas costas, esfregando seu rosto na lona suja.
A multidão rugiu de riso.
Seu rosto estava inchando, sua visão embaçando. Ela mal conseguia ver.
E então ela os viu. Sentados em um camarote VIP privado e elevado, olhando para o ringue. Arthur e Karina.
Arthur estava assistindo ao espetáculo com um olhar de tédio distante, como se estivesse assistindo a um filme sem graça.
Karina se inclinou para perto dele, apontando para Helena. "É ela, Arthur. É a garota que me machucou."
Ela fez beicinho. "Aposto que ela perde. Vamos fazer uma aposta."
Arthur nem olhou para ela. Seus olhos estavam em Karina, sua expressão se suavizando. "O que você quiser, meu amor."
Ele assentiu. "Coloque um milhão nela para vencer."
Os lábios de Karina se curvaram em um sorriso perverso e triunfante enquanto ela voltava seus olhos ansiosos para o show brutal no ringue.