"Ah, Caio, não a culpe", soluçou Chayene do chão, agarrando o braço dele. "Ela só está chateada. Tenho certeza de que ela não quis me empurrar."
Suas palavras eram uma aula de manipulação, pintando Denise como instável e violenta, enquanto se fazia parecer perdoadora e gentil.
Um murmúrio percorreu a multidão.
"Não acredito que ela fez isso."
"Ela sempre pareceu tão quieta. Deve ser obcecada pelo Caio."
Caio ajudou Chayene a se levantar, seu braço protetoramente em volta da cintura dela. Ele fuzilou Denise com o olhar. "Qual é o seu problema? Você enlouqueceu?"
A acusação, vindo dele, foi a traição final. Ele sabia a verdade. Sabia que ela era a vítima e, no entanto, estava ali, protegendo sua cúmplice e pintando Denise como a agressora.
Denise sentiu uma onda fria de desespero tomá-la. Lembrou-se da noite de seu casamento, uma cerimônia pequena e secreta. Ele segurou suas mãos e prometeu: "Seremos sempre você e eu, Dê. Não importa o que aconteça."
Agora, ele era cúmplice de sua humilhação pública.
Chayene aproveitou a vantagem. Olhou para Caio, com os olhos arregalados e marejados. "Caio, meu bem, ela continua dizendo que é sua esposa. O que está acontecendo?"
Todos se viraram para Caio, esperando sua explicação. Ele olhou para Denise, os olhos cheios de ressentimento, como se toda aquela situação embaraçosa fosse culpa dela por não ter ficado quieta.
Ele respirou fundo. "Denise e eu éramos colegas. Só isso. Não sei por que ela desenvolveu essa... fixação."
As palavras foram uma execução calculada.
"Chayene é minha esposa", anunciou ele para a sala, a voz firme e clara. "Temos nossa certidão de casamento. Na verdade, vamos dar uma pequena recepção de casamento no próximo mês para comemorar com todos."
O anúncio selou o destino de Denise. Era a palavra dele, a palavra do gerente, contra a dela. Ele tinha documentos, um relacionamento público, uma celebração. Ela não tinha nada.
Toda e qualquer esperança de que ele pudesse, em algum nível, ainda se importar com ela, desapareceu. Ele não apenas não a amava. Ele nem mesmo a respeitava. Ele não confiava nela.
Os olhares de seus colegas mudaram de suspeita para desprezo. Ela era uma destruidora de lares, uma mentirosa, uma louca.
Caio não ficou para saborear sua vitória. Ele começou a levar Chayene embora, mas parou e se virou para Denise. Sua voz era baixa e ameaçadora.
"Você vai escrever uma carta formal de desculpas pelo seu comportamento hoje. E vai postá-la publicamente. Se não o fizer, vou garantir que você enfrente as consequências profissionais."
Ele saiu. A multidão se dispersou, sussurrando entre si. Denise ficou sozinha, uma pária em seu próprio local de trabalho.
Ela riu para si mesma, um som amargo e oco. O homem que costumava elogiar sua mente brilhante agora a via como nada mais do que uma mulher histérica a ser controlada e silenciada.
Mais tarde naquele dia, ela voltou para a casa que um dia chamou de lar. Parecia estranha agora. Não tinha certeza do porquê de ter voltado. Talvez uma parte dela precisasse de um último confronto, longe de olhares curiosos.
Para sua surpresa, Caio estava lá. Ele havia preparado o jantar. A mesa estava posta para dois.
"Dê, você está em casa", disse ele, seu tom gentil, como se a cena no escritório nunca tivesse acontecido.
A hipocrisia era nauseante. Ele a destruiu publicamente e agora estava desempenhando o papel de marido atencioso.
"Eu sei que hoje foi difícil", começou ele, colocando um prato de comida na frente dela. "Eu não podia dizer nada no escritório. Minha posição é muito delicada agora."
Ela o encarou, o coração um bloco de gelo.
"Essa coisa com a Chayene... é um casamento de conveniência. A família dela tem contatos que são cruciais para o meu próximo passo na matriz. É puramente negócio."
Ele se sentou à sua frente, a expressão séria. "Apenas me dê um tempo. Um ano, talvez dois. Assim que eu estiver seguro, me divorcio dela e te levo para a cidade. Estaremos juntos novamente. Só preciso que você confie em mim. Você não confia em mim?"
Ela olhou para ele e viu um completo estranho. O homem que ela amava nunca a teria pedido para suportar isso. Ele não teria ficado parado enquanto outra mulher ostentava uma vida roubada na cara dela.
Ele viu a descrença em seus olhos e suspirou, como se ela estivesse sendo difícil. "Olha, a Chayene está passando por muita coisa. Ela é muito frágil. Temos que ser sensíveis aos sentimentos dela."
Sua preocupação era toda para Chayene. Para ela, havia apenas uma exigência de paciência e uma promessa oca e insultante. A traição era absoluta.