Ela olhou de relance para Chayene, que agora parecia visivelmente nervosa. "Essa erva é uma substância controlada. Muito rara. Tenho certeza de que se chamássemos a polícia, eles poderiam rastrear a origem com muita facilidade."
O rosto de Chayene empalideceu. Ela rapidamente se levantou e agarrou o braço de Caio. "Caio, não vamos brigar. Provavelmente foi apenas um mal-entendido. A Denise é uma boa pessoa. Tenho certeza de que ela não faria algo assim."
Sua tentativa de amenizar as coisas era transparente. Ela estava apavorada com uma investigação oficial.
Mas Caio estava cego demais por sua própria narrativa para ver. "Isso não é sobre lógica, Denise! É sobre você ser uma mulher vingativa e ciumenta!"
"É mesmo?", a voz de Denise era fria como gelo. "Então vamos chamar a polícia. Deixe que eles resolvam. Não tenho nada a esconder."
Ela pegou o celular.
"Não!", gritou Chayene, um pouco rápido demais.
Tanto Denise quanto Caio se viraram para olhá-la.
Chayene forçou um sorriso trêmulo. "É... é um assunto particular. Não deveríamos envolver a polícia. Seria ruim para a imagem da empresa. Para a sua carreira, Caio."
Denise soltou uma risada curta e sem humor. Guardou o celular. Não adiantava. Ela iria embora daquele circo no dia seguinte.
Ela se afastou sem outra palavra, trancando-se no quarto.
Na manhã seguinte, ao se aproximar dos portões da empresa, uma multidão a esperava. Eles seguravam cartazes com o nome dela, riscado em vermelho.
"Destruidora de lares!"
"Fora da nossa cidade!"
Começaram a atirar coisas. Legumes podres, ovos. Um deles atirou uma pequena pedra que a atingiu na testa, abrindo um corte. O sangue escorreu pelo seu rosto.
Ela cambaleou para trás, tentando se proteger. Através da multidão gritando, ela viu Chayene, parada ao lado, com um olhar de satisfação sombria no rosto. Isso era obra dela.
De repente, um carro parou com um rangido de pneus. Elcio Prado saltou para fora.
"O que significa isso?", ele rugiu, sua voz cortando o barulho. "Segurança!"
Ele abriu caminho pela multidão e ficou na frente de Denise, protegendo-a. "Denise, você está bem?"
"Estou bem", disse ela, a voz tremendo apesar de si mesma.
Nesse momento, Caio e Chayene chegaram. Caio viu a testa sangrando de Denise e, por um momento fugaz, um lampejo de dor cruzou seu rosto. Desapareceu tão rápido quanto veio.
A multidão, encorajada por sua presença, começou a gritar novamente. "Sr. Soares, você tem que fazer algo sobre essa mulher! Ela atacou sua esposa!"
O rosto de Caio era uma confusão de emoções conflitantes. Ele sabia que isso era errado, mas seu instinto de autopreservação era mais forte. Ele olhou para a multidão raivosa, para Elcio, para sua ex-esposa sangrando. Ele fez sua escolha.
Ele se virou para Denise, sua voz fria e pública. "Denise. Peça desculpas à Chayene. Agora. Acabe com isso."
Elcio olhou para Caio incrédulo. "Você está falando sério, Soares? Ela é quem está machucada!"
Denise colocou a mão no braço de Elcio, parando-o. Ela olhou diretamente para Caio, seus olhos queimando com um fogo que ele nunca tinha visto antes.
"Não", disse ela, sua voz ressoando com clareza e desafio. "Eu não vou."