Traição na Noite de Núpcias: Um Coração que se Apaga
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Capítulo 2

Catarina respirou fundo, o cheiro de rosas a deixando enjoada. Ela caminhou até Caio, seus movimentos rígidos. Ajudou-o a tirar o paletó, seus dedos roçando a pele dele. Ele cheirava fortemente a álcool. Ele nunca bebia tanto. Fazia mal à saúde dele, um fato que ela sabia que ele conhecia bem. Ele devia estar bebendo para fechar um negócio para a empresa da família de Jade. Outro sacrifício por ela.

Ele estava mais bêbado do que ela pensava. Enquanto cambaleava, sua cabeça pendeu para o lado e ele murmurou um nome.

"Jade..."

Foi um som suave e arrastado, mas atingiu Catarina com a força de um golpe físico.

Do corredor, a voz de Jade chamou: "Caio? Você está bem? Vou pegar um pouco de água para você." Ela ainda estava aqui. Claro que estava.

Catarina a ignorou e guiou Caio em direção ao quarto. Ela o ajudou a deitar na cama e depois escapou para o banheiro, apoiando-se no mármore frio da bancada, tentando recuperar o fôlego.

De repente, braços fortes a envolveram por trás. Caio pressionou o rosto em seu pescoço, sua respiração quente contra sua pele.

"Catarina", ele murmurou, seus lábios encontrando os dela. O beijo foi desajeitado, com gosto de uísque e arrependimento. "Minha esposa."

A palavra, que deveria ser um conforto, pareceu outra mentira. Mas uma parte desesperada e tola dela ainda queria acreditar.

Seu corpo tremeu. "Você ainda quer se casar comigo, Caio?" A pergunta foi um sussurro, frágil e cheio de medo.

Ele se afastou o suficiente para olhá-la. Ele segurou o rosto dela entre as mãos, seus polegares enxugando lágrimas que ela não percebeu que estavam caindo. Ele beijou suas pálpebras, suas bochechas, sua boca.

"Sim", disse ele, a voz embargada de emoção. "Claro que quero. Quero te dar o casamento mais grandioso. Quero que tenhamos um filho. Uma menininha que se pareça com você."

A represa dentro dela se rompeu. Ela envolveu os braços em volta do pescoço dele, agarrando-se a ele. Ela era uma trepadeira, e ele era a árvore em torno da qual ela havia enrolado toda a sua vida frágil. Se ele caísse, ela se despedaçaria.

Ela se permitiu acreditar nele. Ela se permitiu ter esperança.

No dia seguinte, essa esperança pareceu uma piada cruel. Suas promessas da noite anterior se dissolveram com a luz da manhã. Ela se lembrou da voz fria e eletrônica que soou em sua cabeça no momento em que ele saiu correndo da recepção do casamento ontem. Era a voz de seu relógio interno, a dura realidade de seu diagnóstico. Três anos, Catarina. Seu tempo está se esgotando.

"Caio", disse ela, a voz cuidadosamente neutra enquanto se sentavam para o café da manhã. "Acho que seria melhor se a Jade fosse transferida para outro departamento."

Ele nem hesitou. "Não."

"Por que não?"

"Ela é minha assistente. Ela faz um bom trabalho. Não há motivo para transferi-la."

"Ela não é apenas uma assistente, e você sabe disso. Todos na empresa sussurram sobre vocês dois. Seus pais a tratam como se fosse filha deles. Ela não é apenas uma funcionária, Caio."

Ele franziu a testa, um sinal familiar de sua impaciência. "Não seja irracional, Catarina."

Ele se levantou, pegou o pijama e foi para o banheiro, fechando a porta atrás de si. A discussão havia terminado. Ele havia decidido.

Catarina sentiu um aperto familiar no peito. Era uma pressão que não tinha nada a ver com sua condição cardíaca e tudo a ver com ele.

Naquela noite, quando ela foi para a cama, as luzes estavam apagadas. Mas o teto acima dela brilhava com uma luz suave e bonita. Ele havia ligado o projetor que instalara, e a Nebulosa Roseta floresceu no teto. Era de tirar o fôlego.

Ele deslizou para a cama ao lado dela, puxando-a para seu peito. "Desculpe por ontem", ele sussurrou. "O casamento foi uma bagunça. Prometo que vou te compensar. Teremos outro, maior e melhor que o de ontem."

Ela olhou em seus olhos, viu as estrelas da nebulosa refletidas ali, e sua determinação se abrandou. Ela estava tão cansada de lutar. Ela só queria ser amada.

"Ok", ela sussurrou.

Ele se inclinou para beijá-la, mas assim que seus lábios estavam prestes a tocar os dela, seu telefone tocou. O som foi áspero no quarto silencioso.

Ele se afastou para atender. Catarina ouviu a voz de Jade do outro lado, engasgada com soluços.

"Caio... acabei de comprar um voo de volta para casa."

Ele se sentou imediatamente, a voz afiada de alarme. "O quê? Por quê? O que aconteceu?"

"Alguém postou online... sobre você ter deixado o casamento por mim", chorou Jade. "Estão dizendo coisas horríveis, me chamando de destruidora de lares. Não aguento, Caio. Tenho que ir embora."

Catarina sentiu o olhar dele sobre ela, frio e avaliador. O calor de um momento atrás desapareceu, substituído por um arrepio gelado.

Ela encontrou seus olhos. "Você acha que fui eu?"

Ele não respondeu. Falou ao telefone, a voz gentil novamente. "Não chore, Jade. Fique onde está. Eu vou resolver isso."

Ele desligou e se virou para Catarina, o rosto uma máscara de decepção. "Por que você faria algo tão mesquinho?"

A acusação a atingiu com mais força do que ela esperava. "Não fui eu."

"Então quem foi?"

"Eu não sei, mas não fui eu!"

Ele não acreditou nela. Ela podia ver em seus olhos. Ele se levantou e a puxou da cama. "Vista-se. Vamos para o hospital."

"Para quê?"

"Você vai pedir desculpas para a Jade. E vamos transmitir ao vivo para limpar o nome dela."

"Não", disse ela, puxando o braço. "Não tenho nada pelo que me desculpar."

Ele agarrou o braço dela novamente, o aperto firme. "Você vai fazer isso, Catarina. Você deve isso a ela."

Ele a arrastou para fora de casa e para o carro. Durante todo o caminho até o hospital, ela ficou em silêncio, o coração uma pedra fria e pesada no peito.

Quando chegaram, um cinegrafista já esperava no quarto de hospital de Jade. A própria Jade estava sentada na cama, usando um vestido bonito, a maquiagem perfeita, parecendo pálida e frágil.

No momento em que viu Caio, seus olhos se encheram de lágrimas. "Caio", ela sussurrou, então seu olhar se voltou para Catarina, e ela se encolheu como se estivesse com medo.

"Catarina, não a assuste", disse Caio, a voz ríspida. Ele se moveu para ficar entre elas, seu corpo um escudo protegendo Jade dela.

A ação foi tão automática, tão instintiva. Ele estava protegendo outra mulher de sua própria esposa. A amargura era tão forte que Catarina podia senti-la. Ela nunca o tinha visto proteger ninguém daquela forma antes. Nem mesmo ela.

            
            

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