Catarina não queria fazer parte do drama. Ela pegou sua própria bolsa de vestido e se virou para encontrar um quarto diferente para se trocar.
"Espere", disse Jade, seus olhos, vermelhos de chorar, fixos no vestido de Catarina. "Caio, não há tempo para conseguir um novo. A festa está prestes a começar." Ela olhou para Catarina. "Catarina, eu poderia, por favor, pegar seu vestido emprestado? Só por esta noite."
O vestido que Catarina havia escolhido era de um azul profundo, uma combinação perfeita para o terno de safira que Caio estava usando. Eles deveriam parecer um casal.
"Jade, você é a assistente dele", disse Catarina, a voz calma. "Não seria apropriado você usar um vestido que combine com o terno do CEO."
O lábio inferior de Jade tremeu. "Mas eu sou a parceira dele na dança de abertura! Se eu não estiver à altura, isso vai refletir mal na empresa. As pessoas vão falar."
Catarina sentiu uma onda de frustração cansada. "Isso não é minha responsabilidade."
Antes que ela pudesse reagir, Caio deu um passo à frente e pegou a bolsa de vestido de suas mãos. Ele a deu para Jade.
"Este é um evento importante para a empresa, Catarina", disse ele, a voz firme. "Jade precisa estar no seu melhor."
Catarina olhou para suas mãos vazias. "E quanto a mim?"
A simples pergunta pairou no ar.
Pela primeira vez, Caio pareceu realmente vê-la. Ele viu a exaustão profunda em seus olhos, a decepção completa e absoluta. Uma dor estranha e desconhecida se espalhou por seu peito.
Ele enfiou a mão no bolso e tirou uma caixa de veludo preto. Ele a abriu. Dentro havia um colar, um deslumbrante fio de rubis que brilhava como brasas. Era o colar que Catarina havia admirado na vitrine de uma joalheria semanas atrás.
"Isto é para você", disse ele, a voz mais suave agora.
Sua respiração engasgou. Por um momento, ela esqueceu tudo. Ela estendeu a mão, seus dedos pairando sobre as belas pedras.
"Oh, que lindo!", exclamou Jade, arrancando a caixa da mão de Caio antes que Catarina pudesse tocá-la. Ela prendeu o colar em seu próprio pescoço. "Caio, como estou?"
Pela primeira vez em toda a noite, Caio pareceu irritado com Jade. "Isso não é para você, Jade. É para a Catarina."
Jade sorriu docemente para Catarina. "Posso pegar emprestado só por esta noite, Catarina? Por favor? Meu vestido está arruinado e preciso de algo para me deixar apresentável. A reputação da empresa está em jogo."
Caio olhou para Catarina, um apelo silencioso em seus olhos. Ele esperava que ela cedesse, que sacrificasse seus próprios sentimentos pelo bem de sua empresa, pelo bem de Jade.
Catarina lentamente recuou a mão. "Deixe-a usar", disse ela, a voz desprovida de emoção.
Caio pareceu aliviado. Ele pegou o colar de Jade, seus dedos roçando o pescoço dela enquanto ele fechava o fecho para ela.
"Ficou bom?", perguntou Jade novamente, virando-se para ele.
"Ficou bom", disse ele, os olhos em Catarina.
Mas ela já tinha ido embora. Ele se virou para vê-la saindo do quarto.
"Catarina, onde você vai?", ele chamou.
"Para um lugar onde eu pertenço", disse ela, sem se virar.
Uma sensação de desconforto se instalou em seu estômago. Ele queria ir atrás dela, mas a festa estava começando. Jade estava puxando seu braço, instando-o a ir para o salão de festas.
Ele deu uma última olhada nas costas de Catarina se afastando, depois suprimiu o sentimento de pavor e se virou.