Ele não olhou para ela. "Encontrei a Jade ontem à noite. Ela estava arrasada. Catarina, não posso deixá-la passar por isso sozinha. Acho que seria melhor se você se mudasse para a antiga propriedade da família Montenegro por um tempo. Só até a Jade se sentir melhor."
Sua respiração ficou presa na garganta. "Você quer que eu vá embora? Para que você e ela possam morar aqui juntos?"
Ele finalmente olhou para ela, os olhos cheios de uma frustração cansada. "A propriedade é muito longe para eu ir e voltar todos os dias. Jade precisa de mim aqui. Você não pode ser compreensiva pelo menos uma vez?"
"Não", disse ela, a voz monótona. "Eu quero terminar."
Ele jogou a camisa que estava segurando na cama. "Por que você está tão convencida de que há algo sórdido entre mim e a Jade? Ela é minha responsabilidade!"
Sua raiva era familiar. Lembrou-a do homem que ele era antes de deixá-la entrar em sua vida, o magnata frio e indiferente que a olhava com desdém.
Então, sua expressão se suavizou. Ele sentou na cama e a puxou para um abraço. "Catarina, por favor. Apenas me dê um pouco mais de tempo. Prometo que vou resolver tudo. Faremos aquela viagem de lua de mel, só nós dois. Para qualquer lugar que você queira ir."
Ela não falou. Apoiou-se nele, mas era apenas um corpo descansando contra outro. Por dentro, ela já tinha partido. Quando seu tempo acabasse, ele poderia ter esta casa, sua família e sua preciosa Jade. Não teria nada a ver com ela.
"Tudo bem", disse ela.
No café da manhã, Jade já estava na cozinha, cantarolando enquanto arrumava a mesa. Ela havia preparado um café da manhã completo, agindo em todos os aspectos como a dona da casa. Ela colocou uma tigela de mingau de frutos do mar na frente de Catarina.
O cheiro de peixe deixou Catarina enjoada. Caio, no entanto, comeu com gosto, elogiando a culinária de Jade.
"Então, Caio, como está?", perguntou Jade, piscando os cílios.
"Está delicioso", disse ele.
"Melhor que o da Catarina?", ela perguntou, com um sorriso malicioso no rosto.
Caio ficou em silêncio por um momento.
Jade riu levemente. "Estou só brincando! Claro que a Catarina é a melhor em tudo. Afinal, você a escolheu. Você sentiu que tinha que ser responsável depois que entrou no quarto dela por engano naquela noite, certo?"
O rosto de Catarina ficou branco. Ela olhou para Caio, que estava bebendo seu leite, sem negar uma palavra.
Responsável. Foi o que ele disse naquela manhã. Não "Eu quero ficar com você". Não "Eu tenho sentimentos por você". Apenas, "Eu assumo a responsabilidade."
Sua grande história de amor, aquela em que ela apostou o resto de sua vida, não passava da consciência culpada de um homem.
Depois do café da manhã, Jade ficou perto da porta, ajeitando a gravata de Caio e tirando um fiapo de seu paletó. Eles pareciam um casal normal. Catarina era a intrusa.
"Desculpe, Catarina", disse Jade com um olhar presunçoso. "Força do hábito do trabalho."
Caio olhou para Catarina. Vendo sua expressão vazia, ele pareceu relaxar. Ele a beijou na testa. "Há uma festa da empresa hoje à noite. Quero que você venha comigo."
"Ok", disse Catarina.
Assim que eles saíram, ela andou pela casa. As coisas de Jade estavam por toda parte - seus sapatos perto da porta, seus produtos de pele no banheiro, sua caneca favorita ao lado da máquina de café. A casa que ela construiu com tanto cuidado com Caio não era mais dela.
Ela pegou um porta-retratos de prata da lareira. Era uma foto dela e de Caio no dia em que ele a pediu em casamento. Ambos pareciam tão felizes. A visão de seu próprio rosto alegre e esperançoso era insuportável.
Ela jogou o porta-retratos no lixo.
Um por um, ela juntou todos os seus pertences. A cada item que desaparecia em uma caixa, um pouco mais de seu apego a esta vida, a ele, se desvanecia.
Ela iria à festa esta noite. E então, ela desapareceria de seu mundo para sempre. Ela não seria mais o obstáculo entre ele e seu amor verdadeiro.