A declaração de Caio foi uma sentença de morte. Confirmou cada mentira, cada boato cruel. A multidão sem rosto da internet se voltou contra mim com fúria. Eu não era mais apenas uma plagiadora; eu era uma perseguidora, uma ex instável, uma vilã no conto de fadas trágico de Isabela.
Encontrei-o mais tarde naquele dia em seu escritório. Passei por sua secretária, meus olhos ardendo com lágrimas não derramadas.
"Você deu a ela?", exigi, minha voz tremendo. "Minha música. Você deu a ela meu trabalho?"
Ele não negou. "A Isabela ouviu e se inspirou. Ela não pretendia lançá-la. Foi um erro."
"Um erro?", gritei. "Caio, isso vai me arruinar! A Juilliard, minha carreira... tudo vai acabar! Isso será uma mancha no meu nome para sempre!"
"Você não precisa de uma carreira, Alina", disse ele, seu tom desdenhoso. "Eu vou cuidar de você. Vou te dar tudo o que você quiser."
Sua condescendência era sufocante. Ele olhou para o relógio, impaciente. "Olha, a Isabela já se sente péssima com isso. Apenas deixe para lá. Não é grande coisa."
Não é grande coisa. Todo o meu futuro, minha paixão, minha única peça de identidade restante, não era grande coisa.
Eu o encarei, este homem que um dia amei, e pela primeira vez, senti um lampejo de ódio puro e inalterado. Ele não era o homem por quem me apaixonei. Talvez aquele homem nunca tenha existido.
Voltei para meu pequeno apartamento temporário e comecei a fazer as malas. Meu voo estava marcado para o dia seguinte ao aniversário do meu pai. Eu estava farta.
Caio irrompeu pela minha porta naquela noite sem bater, seu rosto uma máscara de fúria.
"Onde ela está?", ele rugiu.
Eu me encolhi. "Quem?"
"A Isabela! Ela foi sequestrada! Os sequestradores me enviaram uma mensagem. Eles querem que ela admita publicamente que não te plagiou, ou eles a matarão!" Ele agarrou meus ombros, seus dedos cravando na minha pele. "Pare com isso, Alina! Eu te disse para deixar para lá!"
Minha voz tremeu. "Você acha... você acha que eu fiz isso?"
"Quem mais seria?"
"Caio, eu não tenho o dinheiro ou o poder para sequestrar ninguém!", supliquei.
Ele apenas me encarou, seus olhos cheios de suspeita e decepção. "Apenas me diga onde ela está, Alina. Não precisamos tornar isso feio."
As palavras foram um golpe físico. Ele acreditava que eu era capaz disso. Ele acreditava nas mentiras óbvias e teatrais de Isabela em vez de em mim.
O tempo passava. Seu telefone tocava de novo e de novo. Sua paciência se esgotou.
"Tudo bem", ele rosnou, me empurrando para longe com tanta força que tropecei e bati na parede. "Você se importa mais com uma música estúpida do que com a vida de uma pessoa."
Minha vida não importou quando o cachorro de sua esposa estava dilacerando meu braço. Minha carreira não importou quando ela roubou meu trabalho. Agora minha integridade não importava. Apenas Isabela importava.
Seu telefone vibrou. Ele atendeu, ouviu por um momento, e seus olhos endureceram. "Eles a encontraram."
Ele olhou para mim, seu olhar varrendo meu rosto com uma frieza aterrorizante. "Você mudou, Alina. Eu nem sei mais quem você é."
Ele se virou e saiu, sem olhar para trás.
Deslizei pela parede, minhas pernas cedendo. Encarei suas costas se afastando, uma risada amarga escapando dos meus lábios. *Eu* sou a que mudou?
Uma onda de náusea subiu pela minha garganta, e eu me curvei, tossindo um bocado de sangue. O estresse, a dor, as traições... estavam literalmente me matando.
O quanto ele a amava, para ser tão cego? O quanto ele tinha que amá-la, para me destruir por ela?