Três Anos, Uma Mentira Cruel
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Capítulo 8

O dia seguinte era o aniversário da morte do meu pai. Fui ao cemitério cedo, com um buquê de seus lírios brancos favoritos na mão. O céu estava cinza, desolador e implacável.

"Oi, pai", sussurrei, traçando a pedra fria de sua lápide. "Eu estou bem. Estou totalmente melhor agora." Lágrimas escorriam pelo meu rosto, quentes contra minha pele fria. "Estou partindo amanhã. Não sei quando voltarei para visitar, mas prometo... vou viver uma boa vida. Vou te deixar orgulhoso."

Lembrei-me da última vez que estive aqui, com Caio. Ele ficou ao meu lado, seu braço um peso reconfortante em meus ombros. Ele prometeu ao meu pai que cuidaria de mim, que sempre estaria do meu lado. Ele prometeu que teríamos filhos, um menino e uma menina, e que os traríamos aqui para conhecer o avô.

Cada promessa, uma mentira. Cada memória, um fantasma.

Fiquei até o céu escurecer, até que a última luz se apagasse. Enquanto esperava por um táxi nos portões do cemitério, uma mão tapou minha boca por trás. Um pano com cheiro de clorofórmio foi pressionado contra meu rosto. Meu último pensamento antes que o mundo ficasse preto foi o rosto frio e furioso de Caio.

Acordei em um saco de estopa, o tecido áspero arranhando minha pele. Eu estava sendo jogada de um lado para o outro, como um saco de lixo. Lutei, e um chute violento nas minhas costelas me deixou sem ar.

Finalmente, fui arrastada para o que parecia ser um campo gramado. O saco foi arrancado da minha cabeça. Caio estava diante de mim, ladeado por dois de seus seguranças ameaçadores. Isabela também estava lá, agarrada ao braço dele, o rosto uma máscara de terror.

"Caio, por favor", ela choramingou. "Talvez eles não quisessem fazer mal. Vamos apenas deixá-los ir."

Caio soltou uma risada fria e sem humor. "Não. Ninguém te machuca e sai impune. As pessoas precisam saber o que acontece quando cruzam o caminho de Isabela Drummond." Ele gesticulou para seus homens. "Amarrem-nos ao helicóptero."

Meu sangue gelou. *Eles?* Eu era a única aqui.

Era uma armação. Isabela tinha forjado seu próprio sequestro e me incriminado. E Caio, meu brilhante e poderoso Caio, tinha caído completamente. Ele achava que eu era um dos sequestradores dela. Ele ia me torturar.

"Caio, não!", gritei, mas minha voz foi abafada pela mordaça que enfiaram na minha boca.

Eles me amarraram a uma longa corda presa ao helicóptero. Isabela fingiu um suspiro. "Caio, querido, isso não é um pouco demais? E se você os matar?"

"Não se preocupe", disse ele, a voz suave como gelo. "Eu sei o que estou fazendo. Vamos apenas empinar uma pipa."

O helicóptero decolou. A corda esticou, me arrastando pelo campo acidentado. Minha pele foi rasgada por pedras e cascalho. Então o helicóptero subiu, me erguendo no ar, apenas para me soltar novamente. Repetidamente. Meu corpo era uma boneca de pano, jogado contra a terra até que cada centímetro de mim fosse uma tela de dor gritante. Meus ossos estalaram. Eu tinha certeza de que estava morrendo.

O saco de estopa estava encharcado com meu sangue. Através de um rasgo no tecido, eu podia vê-los. Caio tinha o braço em volta de Isabela, apontando para mim enquanto eu era arrastada pelo ar, uma pipa quebrada contra o céu escuro.

A dor era tão imensa que se tornou um som distante e rugidor. Minha alma parecia se desprender do meu corpo quebrado. Senti o impacto final e brutal quando eles cortaram a corda e eu despencava no chão. Então, nada.

Pouco antes de perder a consciência, o saco caiu do meu rosto. Vi Caio e Isabela se afastando, o braço dele ainda em volta da cintura dela.

Consegui um sussurro fraco, meu próprio nome uma maldição em meus lábios. "Caio..."

Eu ri, um som quebrado e borbulhante enquanto o sangue enchia minha boca. Então este era o amor dele. Esta era a proteção dele. Ele podia ser tão louco, tão obsessivo, quanto eu já fui.

Só que a obsessão dele era por ela.

Eu me perguntei, nos últimos momentos de minha consciência, se ele algum dia se arrependeria disso. Se ele algum dia saberia a verdade.

                         

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