Sua Esposa Secreta, Sua Vergonha Pública
img img Sua Esposa Secreta, Sua Vergonha Pública img Capítulo 5
5
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
Capítulo 11 img
Capítulo 12 img
Capítulo 13 img
Capítulo 14 img
Capítulo 15 img
Capítulo 16 img
Capítulo 17 img
Capítulo 18 img
Capítulo 19 img
Capítulo 20 img
img
  /  1
img

Capítulo 5

Evelyn riu, um som alto e triunfante. Ela tirou um maço de dinheiro da bolsa e o jogou para o homem que havia quebrado a caixa. Ele sorriu e guardou o dinheiro.

Ela e Bernardo, o casal poderoso e reluzente, viraram-se e se afastaram, o centro das atenções mais uma vez. A multidão se abriu para eles, seus sussurros seguindo em seu rastro.

Ninguém olhou para mim. Ninguém viu a mulher quebrada sangrando no chão entre a sujeira e os espinhos. Devo ter desmaiado.

A próxima coisa que soube foi que estava acordando com o cheiro estéril de um hospital. Uma faxineira me encontrou depois da gala e chamou uma ambulância.

Uma enfermeira de rosto gentil estava limpando minhas feridas com antisséptico. Levaram horas para tirar todos os espinhos de cacto da minha pele. Meu corpo era uma tela de cortes e hematomas.

"Querida, você precisa registrar um boletim de ocorrência", disse a enfermeira gentilmente. "Quem quer que tenha feito isso com você..."

Eu apenas balancei a cabeça, cansada demais para falar.

A enfermeira suspirou, sua expressão cheia de pena. "Bem, há outra coisa. Fizemos alguns exames. Você está grávida."

A palavra pairou no ar.

Grávida.

"Grávida?", repeti, minha voz um eco oco. Uma onda de ácido amargo subiu pela minha garganta.

Bento e eu... queríamos tanto um filho. Tínhamos até escolhido nomes. Um menino seria Léo, forte como um leão. Uma menina seria Esperança.

Não havia esperança agora. Não havia alegria nesta notícia. Apenas uma tristeza profunda e esmagadora. Esta criança foi concebida de uma mentira, um produto da vida dupla do meu marido. Era uma ligação com um homem que me desprezava.

"Sim, cerca de seis semanas", confirmou a enfermeira, olhando para o prontuário. "Você quer que eu ligue para o pai do bebê?"

"Não", eu disse, minha voz seca. "O pai está morto." Olhei para minhas mãos. "Esta criança não é desejada."

Os olhos da enfermeira se encheram de simpatia, mas ela não insistiu.

Um momento depois, a porta do meu quarto se abriu.

Era Bernardo.

Ele entrou, parecendo impecável em um terno novo. Devia ter vindo direto da festa pós-gala. Ele olhou para mim, deitada na cama do hospital, e seus olhos se estreitaram.

"O que é isso que a enfermeira estava dizendo sobre você estar grávida?", ele exigiu, sua voz afiada.

Eu recuei. O poder bruto que emanava dele era aterrorizante. Vi a tatuagem de rosa aparecendo no colarinho de sua camisa, e meu estômago revirou.

"Não pode ser meu", disse ele com fria certeza. "Eu te disse, só te toquei aquela vez depois que minha memória voltou, e eu mal estava consciente."

Ele ainda estava vendendo aquela mentira.

A enfermeira olhou dele para mim, a testa franzida em confusão.

"Ele está certo", eu disse rapidamente, forçando as palavras a saírem. "Não é dele."

A enfermeira, abençoada seja, entendeu imediatamente. Ela deu a Bernardo um olhar de nojo e saiu silenciosamente do quarto, fechando a porta atrás de si.

Bernardo relaxou visivelmente, um suspiro de alívio escapando de seus lábios. A última coisa que ele queria era outra "complicação".

Ele caminhou até minha cama, segurando uma pasta parda. Ele a jogou sobre o cobertor.

"Este é o acordo de quitação", disse ele. "Assine. Inclui uma cláusula de que você não prestará queixa nem dirá uma palavra do que aconteceu esta noite a ninguém. Se o fizer, o dinheiro está fora de questão."

Meu coração se apertou. Abri a pasta. Um cartão de banco caiu, junto com o documento legal. Uma única lágrima quente escapou do meu olho e caiu na página, borrando a tinta.

Pensei naquela noite, a última vez que ele foi meu Bento. Ele tinha chegado em casa tarde, suas roupas desarrumadas, cheirando a álcool. Ele disse que estava comemorando o fim de um projeto. Ele me puxou para seus braços e fez amor comigo com uma paixão desesperada, quase violenta. Eu pensei que era porque ele sentia minha falta. Agora eu sabia a verdade. Ele tinha sido drogado e me usou, pensando que eu era outra pessoa. Ele nem se lembrava daquilo como uma noite de paixão, mas como um erro que ele tinha que negar.

A dor era tão aguda que parecia que eu não conseguia respirar.

"Adicionei um milhão a mais no cartão", disse ele, sua voz seca e profissional. "Considere uma compensação da Evelyn pelo... comportamento dela esta noite."

Ele estava me pagando pelo espancamento, pela humilhação, por destruir a última peça do meu pai.

"Assine os papéis", ele repetiu. "E um aviso, Alice. Não tente nada. Eu sei que você tem um histórico de guardar rancor."

Olhei para ele, confusa. "Do que você está falando?"

"Minha investigação", disse ele friamente. "Mostrou que depois que você vendeu as coisas do seu pai para pagar minhas contas médicas, você perseguiu o dono da loja de penhores por meses, tentando comprá-las de volta. Você não deixa as coisas para lá."

O mundo girou. Ele havia distorcido minhas tentativas desesperadas e de coração partido de recuperar a memória do meu pai em evidência de que eu era uma megera vingativa. O amor e o sacrifício que eu lhe mostrei eram agora armas que ele usava para me pintar como calculista e perigosa.

Peguei a caneta. Minha mão tremia, mas minha determinação era como aço. Eu pegaria seu dinheiro. Eu assinaria seu papel. E então eu desapareceria de sua vida tão completamente que seria como se eu nunca tivesse existido.

"Você não precisa se preocupar, Bernardo", eu disse, minha voz desprovida de toda emoção. "Eu mudei."

Eu não o amava mais. E porque eu não o amava mais, ele não tinha mais o poder de me fazer lutar ou me importar.

Assinei meu nome na linha.

Ele pegou o papel, um lampejo de algo - inquietação? - em seus olhos enquanto olhava para minha expressão calma e morta. Por um momento, um pensamento estranho cruzou sua mente, o pensamento de me manter ao seu lado, de não me deixar ir. Mas ele o afastou. Eu era um problema, e o problema agora estava resolvido.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022