Sua Esposa Secreta, Sua Vergonha Pública
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Capítulo 6

Assim que Bernardo estava prestes a sair, a porta se abriu novamente. Evelyn entrou, um sorriso radiante no rosto. Ela segurava um pedaço de papel.

"Bernardo, querido, olhe!", ela cantarolou, agitando o papel no ar. "Estou grávida!"

Ela enfiou o resultado do teste de gravidez debaixo do nariz dele, seus olhos brilhando de triunfo.

Bernardo congelou. Ele olhou para o papel, depois para ela, seu rosto um retrato de descrença atordoada.

"Grávida?", ele sussurrou.

Evelyn fez beicinho, seu sorriso desaparecendo um pouco. "Você não está feliz? Ou ainda está pensando nela?" Ela lançou um olhar maldoso na minha direção.

"Não! Claro que não!", Bernardo saiu de seu transe. Ele agarrou Evelyn, suas mãos na cintura dela, sua voz de repente frenética e exultante. "Feliz? Evelyn, eu... estou em êxtase! Vamos ter um bebê! Um bebê!"

Ele não estava atuando agora. Essa alegria era real. Era crua e avassaladora. Ele a ergueu do chão e a girou, rindo como uma criança na manhã de Natal.

Eu os observei da minha cama de hospital, meu coração se transformando em gelo. Eu estava grávida do filho dele, e sua reação foi nojo e negação. Evelyn estava grávida do filho dele, e ele reagiu com pura e inalterada alegria.

Estava tão claro. Ele a amava. Ele me desprezava.

Senti uma estranha sensação de paz se instalar sobre mim. Os últimos vestígios de esperança, de amor, de Bento, morreram naquele momento. Foi um rompimento limpo. Eu também não o amava mais.

"Temos que voltar para São Paulo! Temos que contar aos meus pais!", Bernardo dizia, seu rosto iluminado de excitação. Ele carregou Evelyn em direção à porta, seus olhos fixos nela, no futuro deles. Ele nem sequer olhou para trás para mim. Eu já era um fantasma.

Quando eles saíram, Evelyn olhou por cima do ombro dele e me deu um sorriso final, triunfante e desdenhoso.

A porta se fechou, e eu fiquei sozinha no silêncio.

Peguei o telefone do hospital e fiz uma ligação.

"Sim", eu disse para a recepcionista da clínica de saúde da mulher. "Gostaria de marcar uma consulta. Para uma interrupção."

Fechei os olhos, uma única lágrima traçando um caminho pelo meu rosto. Sinto muito, pequeno, pensei. Sinto muito mesmo. Mas não posso te trazer a um mundo onde seu próprio pai te odiaria.

Depois que recebi alta, voltei para o pequeno apartamento que guardava dois anos de memórias. Com uma precisão fria e metódica, comecei a apagá-lo.

Embalei suas roupas, seus livros, a caneca barata que ele amava. Joguei tudo no lixo.

Na parede havia um grande quebra-cabeça emoldurado da nossa foto de casamento. Ele passou semanas montando-o. Faltava uma peça, um canto do céu azul, que nunca conseguimos encontrar. Ele sempre dizia que significava que nosso amor era um trabalho em andamento, sempre crescendo.

Agora, eu entendia. Era um sinal de que nossa felicidade nunca foi destinada a ser completa.

Tirei o quadro da parede. Peça por peça, desmontei o quebra-cabeça, meu rosto impassível.

No fundo do armário havia um cachecol que ele havia tricotado para mim. Era irregular e desigual. Ele estava tão orgulhoso dele. Ele me disse que aprendeu a tricotar só para mim. Outra mentira. Ele estava praticando. Praticando para o cachecol perfeito que um dia tricotaria para Evelyn.

Levei o cachecol para a pia da cozinha e o incendiei. Observei as chamas consumirem o fio até que não fosse nada além de uma pilha de cinzas pretas.

Levei dois dias para esvaziar o apartamento de todos os vestígios dele, de nós.

Quando estava prestes a sair pela última vez, meu telefone tocou. Era meu antigo chefe da clínica.

"Alice, sinto muito por incomodá-la, mas Evelyn Bittencourt está aqui. Ela está exigindo vê-la. Ela diz que você é a terapeuta dela e que tem que continuar o tratamento."

Fechei os olhos. Nunca acabava.

"Os Bittencourt estão ameaçando ter nossa licença cassada se não cumprirmos", meu chefe continuou, sua voz tensa. "Alice, não sei o que fazer. Talvez eu tenha que fechar a clínica."

Meus colegas, meus amigos... eles perderiam seus empregos por minha causa.

"Não se preocupe", eu disse, minha voz pesada. "Eu resolvo."

Eu voltei. Evelyn estava lá, Bernardo ao seu lado. Ela estava presunçosa, desfrutando de seu poder sobre mim.

"Você é minha terapeuta agora", ela anunciou, como se me concedesse uma grande honra. "E como estou grávida, você precisa estar disponível para mim 24 horas por dia, 7 dias por semana. Você vai se mudar para nossa casa."

"Receio que isso não seja possível", eu disse, mantendo meu tom profissional.

O rosto de Evelyn se contraiu. "Bernardo!", ela choramingou, virando-se para ele. "Você prometeu!"

Bernardo, que estava me observando com um olhar estranho e intenso, pegou o telefone. Ele estava irritado com meu desafio, com minha completa falta de emoção em relação a ele.

Ele ligou para alguém. "Aqui é Bernardo Lacerda", disse ele ao telefone, seus olhos nunca deixando os meus. "Quero denunciar a Clínica Nascer da Serenidade por má prática. Fechem-na."

Ele ia destruir a clínica e as carreiras dos meus amigos, apenas para me dobrar à sua vontade.

Eu não tinha escolha.

"Tudo bem", eu disse, minha voz um sussurro morto. "Eu faço."

Ele sorriu, um sorriso frio e satisfeito de vitória, e desligou o telefone.

Eu os segui para fora da clínica e para dentro de seu carro, uma prisioneira sendo escoltada de volta para minha cela.

            
            

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