Uma Mentira Perfeita: Sua Esposa de Boneca
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Capítulo 7

Jade foi transferida para o mesmo hospital particular, apenas alguns andares abaixo de mim. Caio estava com ela constantemente, um cão de guarda devotado.

Eu a vi uma vez, quando estava sendo levada para um check-up. Ela estava em uma cadeira de rodas, parecendo pálida e frágil. Agarrou a mão de Caio, os olhos arregalados de falso medo. Não havia marcas em seus pulsos, nenhum sinal da suposta overdose. Ela era uma atriz, e este era seu maior papel.

"Caio, estou com tanto medo", ela choramingou, alto o suficiente para eu ouvir. "E se ela tentar me machucar de novo? E se ela terminar o serviço da próxima vez?"

Ela era uma mestra da manipulação. Jogava com a culpa dele, sua obsessão, sua necessidade desesperada de ser o salvador dela. Ela até ameaçou se machucar novamente se ele não pudesse garantir sua segurança.

Ela olhou para mim de sua cadeira de rodas, seus olhos brilhando com triunfo. Estava me culpando, me pintando como uma ameaça violenta e instável que a levara a isso.

Caio caiu na armadilha completamente. Ele me olhou com um novo tipo de frieza, uma determinação arrepiante em seus olhos. Ele estava preso na teia dela, e faria o que fosse preciso para "protegê-la".

Mais tarde naquele dia, Jade me enviou uma mensagem de texto.

*Ele fará qualquer coisa por mim. Você está acabada.*

Uma onda de medo, fria e aguda, me percorreu. Medo do que ele era capaz. Medo de outra cirurgia, outra violação. Eu tinha que sair.

Vesti-me, minhas costelas gritando em protesto. Joguei meus poucos pertences na mala e fui em direção à porta.

Caio estava lá, bloqueando meu caminho.

"Onde você pensa que vai?", ele perguntou, a voz perigosamente quieta.

"Estou indo embora", eu disse, tentando passar por ele.

Ele agarrou meu braço, seu aperto como aço. "Você não vai a lugar nenhum."

"Me solta, Caio!", implorei. "Não sou uma ameaça para ela! Só quero ser deixada em paz!"

Contei a ele sobre a mensagem de texto, sobre as manipulações de Jade. Ele não ouviu.

"Ela está frágil por sua causa", ele disse, os olhos cheios de uma certeza aterrorizante. "Ela não estará segura enquanto você se parecer com ela. Enquanto você existir como um lembrete deste escândalo."

"Então o que você vai fazer?", perguntei, a voz trêmula. "Me matar?"

Um lampejo de algo sombrio cruzou seu rosto. "Não. Eu sou um cirurgião. Eu conserto as coisas."

Ele fez uma pausa, e as palavras que vieram a seguir foram as mais monstruosas que eu já tinha ouvido.

"Vou mudar seu rosto de novo. Vou apagar todos os vestígios dela de você. Vou te transformar em outra pessoa. Alguém comum. Alguém que ninguém nunca vai olhar duas vezes. Então, e só então, a Jade estará segura."

Ele falava sobre isso como se fosse uma solução, uma maneira limpa e arrumada de resolver seu problema. Ele ia me mutilar, me roubar da última parte de mim mesma, tudo por ela. Ele até tentou justificar, sussurrando palavras distorcidas de amor.

"Estou fazendo isso por nós, Alina", ele disse, a voz uma paródia doentia de ternura. "Quando você tiver um novo rosto, podemos recomeçar. Ninguém saberá quem você é. Podemos ser felizes." Ele acariciou minha bochecha, a que ele havia criado. "Vou te deixar linda de uma maneira totalmente nova. Só para mim."

Recuei de seu toque como se tivesse sido queimada.

"Você é louco", sussurrei.

Eu lutei. Gritei. Chutei. Mas ele era mais forte. Ele me arrastou para fora do meu quarto, pelo corredor, em direção à ala cirúrgica. A equipe do hospital apenas observava, intimidada demais pelo poderoso Caio Lacerda para intervir.

Ele estava me levando para ser apagada. Ele ia retalhar meu rosto, destruir o que restava de mim, e chamar isso de amor.

Ele me jogou em uma sala de pré-operatório e trancou a porta. Eu estava presa.

            
            

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