Seu Amor Cruel, Meu Coração Partido
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Capítulo 7

Um mês se passou em silêncio. Então, um convite chegou. Um cartão em relevo solicitando minha presença no baile de caridade anual da Fundação Monteiro, realizado no iate particular de Arthur.

Ele me ligou pessoalmente. Sua voz estava tensa. "Por favor, Laura. Venha. Precisamos conversar."

Eu concordei. Não porque queria conversar, mas porque queria terminar as coisas. Adequadamente. Esta seria minha despedida final do mundo que quase me destruiu.

O iate era um palácio flutuante de luz e champanhe. Senti-me deslocada em meu simples vestido preto, um fantasma na festa. Sussurros me seguiram como uma sombra.

"É ela? A guarda-costas desfigurada?"

"Ouvi dizer que ele a mantém por perto por pena."

As palavras eram pequenos cortes, mas eu já estava coberta de cicatrizes. Elas mal registraram.

Então, o evento principal. Uma comoção irrompeu perto da grande escadaria. Isabela estava lá, apontando um dedo trêmulo para mim.

"Ela me ameaçou!", gritou ela, sua voz ressoando com falsa acusação. "Ela me disse que eu deveria pular no mar! Ela tentou me empurrar!"

Ela era uma atriz nata. Suas lágrimas pareciam reais, sua angústia convincente. Todos os olhos se voltaram para mim.

"Eu não te toquei", eu disse, minha voz calma.

"Mentirosa!", ela gritou. "Você está com ciúmes! Você o quer só para você!"

A multidão ofegou. Eu era agora uma lunática violenta aos olhos deles. Um monstro e uma criminosa.

Olhei para Arthur. Ele estava lá, em silêncio, o rosto indecifrável. Seu silêncio era seu veredito. Ele acreditava nela. De novo.

Meu coração, que eu pensava já estar morto, sentiu uma dor final e surda.

De repente, um grito.

Em seu momento de triunfo, Isabela se aproximou demais do corrimão. Uma onda balançou o iate, e ela perdeu o equilíbrio. Ela caiu para o lado, na água escura e agitada abaixo.

"ISABELA!" O rugido de Arthur foi primal, um som de puro terror.

Ele se lançou para o corrimão, pronto para pular atrás dela. "Alguém a salve! AGORA!", ele berrou, o rosto pálido de medo.

A segurança o segurou. O mar estava agitado, a tempestade estava se formando. Era perigoso demais. "Senhor, você não pode!"

As pessoas gritavam, correndo em pânico. Ninguém se movia para ajudar. As ondas eram muito altas, a corrente muito forte.

Eu o observei. Observei o homem a quem eu havia dado minha vida, completamente descontrolado por seu amor por outra mulher.

Então, caminhei em sua direção.

Ele ainda lutava contra seus guardas, os olhos selvagens.

Parei diante dele e fiz uma pequena reverência formal. O tipo que uma guarda-costas faz para seu empregador.

"Senhor", eu disse, minha voz clara e firme acima do caos. "Nos últimos três anos, levei um tiro por você, sofri dezessete ferimentos de faca e quebrei vinte e três ossos. Esta noite, salvarei a vida dela. Depois disso, a dívida entre nós está quitada. Estamos quites."

Ele me encarou, sua mente processando lentamente minhas palavras. A percepção surgiu em seus olhos. "Laura, não! Não faça isso! É uma ordem!"

Seus guardas, pensando que eu era uma ameaça, apertaram o aperto sobre ele.

"Esta é a última vez que desobedecerei sua ordem, senhor", eu disse. Um pequeno sorriso genuíno tocou meus lábios pela primeira vez em anos. "E é maravilhoso."

Virei-me e corri em direção ao corrimão.

Não hesitei. Pulei na água negra e gelada.

O frio foi um choque, mas meu treinamento assumiu o controle. Lutei contra a corrente, meus olhos varrendo as ondas escuras. Eu a vi, um flash de branco, lutando para se manter à tona.

Eu a alcancei, a agarrei e comecei a puxá-la em direção ao bote salva-vidas que havia sido jogado do iate.

Eu a empurrei para cima, usando o resto da minha força. Ela subiu no bote, segura.

Eu estava boiando, exausta, meu corpo gritando em protesto. Olhei para ela, esperando... não sei o que estava esperando. Talvez não um obrigado, mas pelo menos não isso.

Ela olhou para mim, seus olhos cheios de ódio puro e inalterado.

"Você deveria ter morrido", ela sibilou.

Ela levantou o pé e me chutou. Forte. No rosto.

O golpe me atordoou. Meu aperto no bote escorregou.

"Vá para o inferno, sua vadia feia", ela cuspiu.

Ela me chutou de novo, me empurrando para longe do bote, de volta para o mar agitado.

Comecei a afundar. A água encheu meus pulmões. As luzes do iate se tornaram distantes.

Era isso.

Era o fim.

Mas enquanto a escuridão se aproximava, senti uma estranha sensação de paz.

Eu estava livre.

No convés do iate, Arthur finalmente se libertou de seus guardas. Ele correu para o corrimão, seus olhos varrendo a água escura.

Ele viu o bote salva-vidas com Isabela nele. Mas ele não me viu.

"LAURA!", ele gritou, sua voz um som cru e agonizante que foi engolido pela tempestade. "LAURAAAAA!"

O mar não lhe deu resposta.

                         

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