Primeira dama
img img Primeira dama img Capítulo 4 Quatro
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Capítulo 4 Quatro

Ananda

A garrafa continuava girando sobre a mesa improvisada, rodopiando lentamente até apontar novamente pra mim.

- Verdade ou desafio? - Khalil perguntou, os olhos escuros brilhando de malícia.

- Desafio - respondi firme, cruzando os braços, tentando não demonstrar medo.

Ele sorriu, como se já tivesse planejado algo.

- Quero ver você encarar o Tzão ali - disse, gesticulando pra Tzão - e fazer três perguntas que ele tiver que responder sem mentir.

- Tá de sacanagem - falei baixo, mas ele riu, satisfeito.

- Fresquinha, lembra? Mas coragem não te falta, Barbie - Peixe comentou, e Tzão gargalhou.

Respirei fundo e me aproximei de Tzão, sentindo o olhar de Khalil me acompanhando, analisando cada passo. Ele não tirava os olhos de mim, e confesso que aquilo me deixava desconfortavelmente animada.

- Primeira pergunta: qual foi a maior besteira que você já fez? - perguntei, tentando soar confiante.

Tzão deu de ombros.

- Ah, isso é fácil...

A brincadeira continuou, e com cada resposta, Khalil ria, mas de um jeito diferente, como se ele estivesse avaliando mais do que só as respostas.

- Agora é a sua vez, Barbie - ele disse de repente, a voz baixa, provocante. - Verdade ou desafio?

- Verdade - respondi, encarando-o firme.

Ele se aproximou, só o suficiente pra sentir o calor da minha presença, e sorriu de lado.

- Já se arrependeu de alguma coisa que falou sem pensar?

Revirei os olhos.

- Quem nunca, né? Mas pelo visto, você acha que me conhece muito bem pra falar isso.

Ele riu, baixinho, os olhos brilhando de uma forma que me fez corar.

- Talvez eu precise conhecer melhor... - disse só pra mim, com aquele tom que misturava provocação e curiosidade.

Peixe e Tzão trocaram olhares e riram, mas Laís cutucou meu braço.

- Vai, Ananda... não deixa ele te enrolar.

O resto do barzinho improvisado continuou entre risadas, desafios e provocações, mas de algum jeito, entre as brincadeiras, eu senti que começava a fazer parte daquele mundo. E, por mais que me irritasse, Khalil parecia gostar de testar minha coragem... e eu, inconscientemente, gostava disso também.

Depois do desafio com Tzão, senti que uma parte de mim começou a relaxar. O barulho do funk, o cheiro de churrasquinho, e até as provocações começaram a parecer... divertidas.

- Tá vendo, Barbie? - Khalil disse de longe, cruzando os braços, o sorriso torto no rosto. - Não é tão ruim assim.

- Ainda tá me zoando - retruquei, rindo de leve, e percebi que ele arqueou a sobrancelha, desafiador.

Peixe e Tzão vieram me chamar pra sentar com eles numa mesa de plástico.

- Bora jogar conversa fora - Peixe disse, abrindo mais uma latinha. - Quero ouvir as histórias da "patricinha do morro".

- Patricinha do morro? - Tzão riu, cutucando minha mão. - Não sabia que iam me dar um apelido oficial tão rápido.

- Eu ainda tô me adaptando - falei, rindo junto, sem conseguir evitar. - Vocês nem me conhecem direito.

- Ah, mas a gente percebeu algumas coisas logo de cara - Peixe falou, com aquele sorriso tranquilo. - Tipo... você é corajosa pra caramba.

- E fresca também - Khalil jogou de repente, e eu revirei os olhos.

- Fresca nada! - retruquei, firme. - Você nem me conhece direito pra falar isso!

Ele deu um passo mais perto, só o suficiente pra me fazer sentir o calor dele, e sorriu de lado.

- Tá, tá... talvez eu precise conhecer melhor - disse com aquele tom provocador que me fez corar.

A química entre nós dois era quase elétrica. Eu queria manter a pose, mas o jeito que ele me olhava, com aquele sorriso de malícia, me deixava desconcertada.

Enquanto isso, Peixe e Tzão continuavam me perguntando sobre minha vida, rindo das minhas respostas e me fazendo sentir parte do grupo. Pela primeira vez, eu percebi que não precisava ser perfeita, ou da cidade, ou de outro mundo. Aqui, minha coragem e minhas respostas rápidas já eram suficientes pra me colocar no jogo.

Laís me cutucou de leve e sussurrou:

- Tá vendo? Já tá se entrosando. Mas cuidado com o Khalil... ele adora provocar.

Sorri, sem saber se era um aviso ou um desafio. Mas, de repente, senti que esse novo mundo - o morro, os amigos da Laís, até Khalil com toda a malícia dele - podia ser o meu lugar. E, no fundo, eu já queria que fosse.

            
            

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