- Fresquinha, lembra? Mas coragem não te falta, Barbie - Peixe comentou, e Tzão gargalhou.
Respirei fundo e me aproximei de Tzão, sentindo o olhar de Khalil me acompanhando, analisando cada passo. Ele não tirava os olhos de mim, e confesso que aquilo me deixava desconfortavelmente animada.
- Primeira pergunta: qual foi a maior besteira que você já fez? - perguntei, tentando soar confiante.
Tzão deu de ombros.
- Ah, isso é fácil...
A brincadeira continuou, e com cada resposta, Khalil ria, mas de um jeito diferente, como se ele estivesse avaliando mais do que só as respostas.
- Agora é a sua vez, Barbie - ele disse de repente, a voz baixa, provocante. - Verdade ou desafio?
- Verdade - respondi, encarando-o firme.
Ele se aproximou, só o suficiente pra sentir o calor da minha presença, e sorriu de lado.
- Já se arrependeu de alguma coisa que falou sem pensar?
Revirei os olhos.
- Quem nunca, né? Mas pelo visto, você acha que me conhece muito bem pra falar isso.
Ele riu, baixinho, os olhos brilhando de uma forma que me fez corar.
- Talvez eu precise conhecer melhor... - disse só pra mim, com aquele tom que misturava provocação e curiosidade.
Peixe e Tzão trocaram olhares e riram, mas Laís cutucou meu braço.
- Vai, Ananda... não deixa ele te enrolar.
O resto do barzinho improvisado continuou entre risadas, desafios e provocações, mas de algum jeito, entre as brincadeiras, eu senti que começava a fazer parte daquele mundo. E, por mais que me irritasse, Khalil parecia gostar de testar minha coragem... e eu, inconscientemente, gostava disso também.
Depois do desafio com Tzão, senti que uma parte de mim começou a relaxar. O barulho do funk, o cheiro de churrasquinho, e até as provocações começaram a parecer... divertidas.
- Tá vendo, Barbie? - Khalil disse de longe, cruzando os braços, o sorriso torto no rosto. - Não é tão ruim assim.
- Ainda tá me zoando - retruquei, rindo de leve, e percebi que ele arqueou a sobrancelha, desafiador.
Peixe e Tzão vieram me chamar pra sentar com eles numa mesa de plástico.
- Bora jogar conversa fora - Peixe disse, abrindo mais uma latinha. - Quero ouvir as histórias da "patricinha do morro".
- Patricinha do morro? - Tzão riu, cutucando minha mão. - Não sabia que iam me dar um apelido oficial tão rápido.
- Eu ainda tô me adaptando - falei, rindo junto, sem conseguir evitar. - Vocês nem me conhecem direito.
- Ah, mas a gente percebeu algumas coisas logo de cara - Peixe falou, com aquele sorriso tranquilo. - Tipo... você é corajosa pra caramba.
- E fresca também - Khalil jogou de repente, e eu revirei os olhos.
- Fresca nada! - retruquei, firme. - Você nem me conhece direito pra falar isso!
Ele deu um passo mais perto, só o suficiente pra me fazer sentir o calor dele, e sorriu de lado.
- Tá, tá... talvez eu precise conhecer melhor - disse com aquele tom provocador que me fez corar.
A química entre nós dois era quase elétrica. Eu queria manter a pose, mas o jeito que ele me olhava, com aquele sorriso de malícia, me deixava desconcertada.
Enquanto isso, Peixe e Tzão continuavam me perguntando sobre minha vida, rindo das minhas respostas e me fazendo sentir parte do grupo. Pela primeira vez, eu percebi que não precisava ser perfeita, ou da cidade, ou de outro mundo. Aqui, minha coragem e minhas respostas rápidas já eram suficientes pra me colocar no jogo.
Laís me cutucou de leve e sussurrou:
- Tá vendo? Já tá se entrosando. Mas cuidado com o Khalil... ele adora provocar.
Sorri, sem saber se era um aviso ou um desafio. Mas, de repente, senti que esse novo mundo - o morro, os amigos da Laís, até Khalil com toda a malícia dele - podia ser o meu lugar. E, no fundo, eu já queria que fosse.