Trinta e Oito Divórcios, Uma Traição
img img Trinta e Oito Divórcios, Uma Traição img Capítulo 6
6
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
Capítulo 11 img
Capítulo 12 img
Capítulo 13 img
Capítulo 14 img
Capítulo 15 img
Capítulo 16 img
img
  /  1
img

Capítulo 6

O salão de festas do hotel brilhava com luzes e estava cheio de gente. Heitor segurava meu braço com força, me guiando pela multidão.

Aline correu para nos encontrar, seu rosto radiante de felicidade. Ela usava um vestido deslumbrante e caro.

Ela jogou os braços ao redor do pescoço de Heitor, me ignorando completamente.

"Heitor, você veio! E a trouxe!", ela chilreou. Ela beijou a bochecha dele, depois se virou para mim, seu sorriso um traço de batom vermelho.

"Obrigada por organizar tudo isso para mim, Heitor", ela disse em voz alta, para que todos ouvissem. "É muito mais grandioso do que qualquer aniversário que a Aurora já teve."

Ela olhou para mim, seus olhos dançando com malícia. "Você não parece muito feliz, Aurora. Não vai me desejar feliz aniversário?"

Eu não disse nada. Meu coração era um bloco de gelo no meu peito.

Ela fez beicinho, depois puxou Heitor para a pista de dança, me deixando sozinha.

Encontrei um canto tranquilo e me afundei em um sofá de pelúcia, os murmúrios da multidão me envolvendo.

"É ela, Aurora Campos."

"Aquela que se divorciou de Heitor Bastos trinta e oito vezes."

"Ouvi dizer que ela é um capacho. Deixa ele pisar nela."

"Eu não o culpo. Aline é com quem ele cresceu. Eles deveriam ficar juntos."

"Alguém me disse que o acidente de carro que aleijou a Aline foi culpa da Aurora. Ela é a razão pela qual a Aline não pode ter filhos."

"Ela é só a terceira roda. Heitor obviamente ama mais a Aline. Ele só está com a Aurora por pena."

Cada palavra era um pequeno corte afiado. Apertei minhas mãos no colo, minhas unhas cravando em minhas palmas. A dor física era uma distração bem-vinda da tempestade dentro de mim.

Eu os observei na pista de dança. Heitor e Aline, movendo-se como um só. Ele sorria para ela, um sorriso gentil e amoroso que eu não via dirigido a mim há anos.

Eles pareciam perfeitos juntos.

Talvez os sussurros estivessem certos. Talvez eu fosse a intrusa. Talvez eu devesse ter ido embora há muito tempo e os deixado ser felizes.

Fechei os olhos, a música e as vozes se transformando em um rugido abafado. Eu tinha que sair dali.

Levantei-me e me virei para sair.

Mas Aline estava de repente ali, bloqueando meu caminho.

"Saindo tão cedo?", ela perguntou, sua voz doce como mel. "A festa está apenas começando."

Ela sorriu. "Mas primeiro, um presente. Para você."

Ela estendeu uma caixa de presente lindamente embrulhada.

Um pavor gelado me invadiu. Eu sabia, com uma certeza que vinha do fundo da alma, que não podia aceitar.

"Não, obrigada", eu disse, minha voz firme.

"Ah, não seja assim", ela insistiu, tentando forçar a caixa em minhas mãos. "É uma oferta de paz."

Ela agarrou minha bolsa, tentando enfiar a caixa dentro. Tentei puxá-la de volta. Lutamos por um momento, um cabo de guerra desajeitado e desesperado.

A bolsa caiu no chão.

A caixa de presente rolou para fora, a tampa voando.

Seu conteúdo se espalhou pelo mármore polido.

Não era um presente. Era uma pilha de fotografias.

O rosto de Aline ficou mortalmente pálido. Ela soltou um grito agudo.

"Não! Tirem-nas daqui! Tirem-nas de mim!"

Heitor correu, seu rosto uma nuvem de tempestade. Ele viu as fotos no chão e seu corpo inteiro ficou rígido.

Ele não olhou para mim. Ele não perguntou o que aconteceu. Ele apenas envolveu seus braços ao redor da Aline que gritava e soluçava, protegendo-a do mundo.

Ele me fuzilou com o olhar, seus olhos ardendo com um ódio tão intenso que me roubou o fôlego.

"O que você fez?", ele rosnou.

Eu estava confusa. Eu não entendia. Abaixei-me e olhei para as fotos.

Minha mente ficou em branco.

As fotos eram horríveis. Mostravam Aline, anos atrás, machucada, ensanguentada e rasgada. Eram fotos do resultado de uma agressão sexual.

A fonte de seu trauma. A razão da culpa de Heitor. A base do nosso casamento desfeito.

E agora elas estavam espalhadas no chão de um salão de festas para o mundo ver.

Minha mente voltou para Aline forçando a caixa em minhas mãos. A armação. A armadilha.

"Não fui eu", sussurrei, minha voz tremendo. "Ela me deu."

Mas ninguém estava ouvindo.

                         

COPYRIGHT(©) 2022