No hospital eu acordo depois de algumas horas.
-Oi oi enfermeira eu ... desculpe eu tô meio perdida.
-Oi Ashley que bom que acordou vou chamar seu amigo aqui. Ele pediu pra avisar quando acordasse.
Eu fico meio confusa, pois não avisei ninguém, nem deu tempo e meus telefones de contato pra emergência estão desatualizados desde que meus pais morreram a um ano.
-Oi Ashley como está? -Bruce entra no quarto sorrindo.
-Bruce? Oi eu ... Tô me sentindo bem eu acho o que aconteceu? -Digo confusa.
-Ah claro você não se lembra -Ele diz meio decepcionado.
-Bom você sofreu um acidente, foi atropelada, teve uma fratura exposta no braço direito e na perna esquerda, você perdeu muito sangue, foi difícil de te reanimar, mas deu certo que bom que está bem.
Ele sorri de longe sem graça.
-Bom eu preciso voltar pro trabalho só fiquei esperando você acordar ... Nós vemos por aí.
-Ei espera.-Eu digo fazendo o parar na porta.
- Eu te notei garoto encapuzado, agora todo enfeitado de anjo salvador, ele todo de branco cabelo escorrido vindo sorrindo quem sabe pode ser meu amor? -Eu digo sorrindo.
-Eu te notei ... Eu te notei naquele dia ... Que você estava me olhando cantar. -Eu digo o vendo se aproximar sorrindo.
-Que bom Ashley, achei que não lembraria, eu tentei compor mas sou péssimo em composição -Ele diz rindo se sentando.
-Eu adorei, e também gostei da sua voz, você canta muito bem.-Digo olhando desconfiada.
-É ... Eu cantava em uma banda, mas eu sai, aquilo não era pra mim. Eu tive que sair por causa da minha filha. -Ele diz se levantando, indo até porta.
-Olha que legal você tem uma filha? -Digo sorrindo e ele fica surpreso e responde que sim.
-Ela é minha vida. -Ele diz parado na porta.
-Eu imagino o quanto ela seja importante, eu me joguei na frente de um carro hoje por uma vizinha. Imagino se fosse uma filha. -Ele abre um sorriso do tamanho do mundo e sai sem dizer mais nada e eu sorrio já acostumada em ele sumir assim.
A noite sinto frio e as enfermeiras percebem que estou febril, devido ao tamanho do corte e trauma aquilo era normal, mas o que mais fazia eu ficar mal era estar sozinha naquele hospital. Eu não tinha ninguém, eu estava sozinha.
Um pouco antes do horário da vizita acabar um rapaz loiro entrou no quarto pedindo licença.
-Olá? -Ele diz parado na porta e eu olho pra ele tentando me lembrar quem era mas nada me vinha na mente.
-Com licença, eu sou o cara ao qual você se jogou na frente do carro. - Ele diz sorrindo docemente.
-Ah nossa, me desculpe eu ... Não me lembro do seu rosto. -Eu digo envergonhada.
-Tudo bem era de se esperar, você estava bem machucada e pelo que vejo ainda está. Você está bem? -Ele se aproxima da cama com algumas rosas na mão.
-Nao precisava se preocupar mas obrigado pelas rosas. -Eu digo pegando as mesmas. -Eu vou pagar seu carro ... Assim que eu sair daqui já acertamos isso e me desculpe.
-Ei, eu não vim falar sobre isso, queria mesmo saber se você está bem. - Ele sorri.
- Sim eu estou bem, obrigado. - Eu sorrio e ele sorri de volta.
- Eu me chamo Karl, eu ... Bom, eu moro a pouco tempo aqui em Nova York e ainda não estou acostumado ao trânsito. Então me desculpe.
-Eu também sou nova aqui, eu adoro a chuva de Nova York. Apesar de hoje ficar um pouco traumatizada. - Eu digo rindo e ele ri comigo.
-Concordo. Até vim de táxi até aqui com medo de atropelar alguém de novo.-Ele ri se sentando na cadeira.
-Obrigado pela preocupação de verdade. Não precisava se incomodar com isso, espero não estar atrapalhando, a vida aqui é tão corrida. -Eu digo puxando conversa, querendo saber mais daquele homem loiro de olhos azuis.
-Ah, eu não tenho ninguém aqui. Minha família mora no Brasil, e eu tinha vindo pra cá pra me casar mas ... Acabei desfazendo tudo. E como já tenho o visto então achei por bem ficar. Eu gosto muito daqui. Apesar de me sentir sozinho as vezes. -Ele sorri sem graça.
-Te entendo. -Quando eu ia continuar a falar a enfermeira entra no quarto dizendo que a visita acabou, ele se levanta me cumprimeta e sai.
Eu fico deitada, me lembrando da cena dos guarda chuvas, aquela cena virará um quadro lindo. Não vejo a hora de ir pra casa.