Meu ex, meu novo chefe
img img Meu ex, meu novo chefe img Capítulo 5 O Reencontro com Lucas
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Capítulo 6 Velhos Recordes, Novas Feridas img
Capítulo 7 A Química que Não Desaparece img
Capítulo 8 Um Conflito Profissional img
Capítulo 9 Reviver a dor img
Capítulo 10 O poder da distância img
Capítulo 11 A primeira reunião tensa img
Capítulo 12 O retorno à rotina img
Capítulo 13 Sentimentos que ressurgem img
Capítulo 14 A proposta que muda tudo img
Capítulo 15 Um passo atrás img
Capítulo 16 Um beijo inesperado img
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Capítulo 5 O Reencontro com Lucas

O dia começou como qualquer outro, mas a sensação de estar à beira de um abismo crescia dentro de Ana a cada hora que passava. Ela havia passado o tempo revisando documentos, tentando organizar seus pensamentos, mas a descoberta que fizera no dia anterior continuava rondando sua cabeça. Cada vez que olhava o número da conta, a fundação em um paraíso fiscal, os movimentos suspeitos... tudo se entrelaçava em uma teia de segredos que a envolviam.

Sua mente não parava de fazer conexões. Como era possível que Lucas estivesse envolvido em algo tão grande, tão sombrio? E o que mais a inquietava, como ela se encaixava nesse quebra-cabeça? Ela fazia parte de um jogo muito maior do que imaginava?

O telefone de sua mesa vibrou, interrompendo seus pensamentos. Era uma mensagem de Carlos Rodríguez, o diretor com quem ela havia trabalhado desde sua chegada.

"Ana, Lucas solicitou uma reunião com você esta tarde. É importante. Ele ligará às 15h para o seu escritório. Prepare-se para discutir alguns detalhes do projeto. Não se preocupe, tudo está em ordem."

Ana olhou a mensagem, sentindo seu coração disparar. A simples menção de Lucas provocou uma mistura de ansiedade e tensão em seu interior. Ele não era apenas seu chefe, o CEO da empresa que agora presidia com mão firme, mas também o homem que havia sido sua vida, seu amor, a razão pela qual ela deixara tudo para trás.

Ao longo dos anos, ela havia criado uma fachada de indiferença, como se aquele capítulo de sua vida nunca tivesse existido. Mas o reencontro com Lucas, embora inevitável, a havia abalado de uma maneira que ela não antecipara. A frieza em seus olhos, a distância que ele colocou entre eles, tudo parecia indicar que ele havia deixado para trás o que um dia compartilharam. Mas Ana não conseguia evitar se perguntar se aquela distância era apenas uma máscara, ou se ele realmente havia superado o que os uniu no passado.

Às 15h em ponto, como prometido, o telefone de Ana tocou. Seu pulso acelerou ao ver o nome de Lucas na tela. Não era uma chamada como as outras. Essa era diferente, muito mais carregada, muito mais pessoal. Ela respirou fundo, pegou o telefone e atendeu.

- Olá, Lucas - disse, tentando que sua voz soasse tranquila, embora as palavras saíssem mais tensas do que gostaria.

A voz de Lucas do outro lado da linha estava mais grave do que ela lembrava. Havia algo em seu tom que a fazia sentir como se estivesse falando com um estranho, com alguém que já não a conhecia.

- Olá, Ana - respondeu ele, a frieza evidente em sua voz. - Tudo bem por aí? Você se instalou bem no escritório?

A pergunta soava educada, mas a falta de emoção em suas palavras era palpável. Ana apertou a mandíbula, sentindo a necessidade de responder da forma mais profissional possível, mas também de deixar claro que sua relação de trabalho não poderia ser baseada em formalidades vazias.

- Sim, obrigado. Tudo em ordem - respondeu ela com a voz firme. Ela queria adicionar algo mais, algo que rompesse aquela barreira fria entre eles, mas as palavras não saíam.

Houve uma pausa do outro lado da linha, como se Lucas estivesse medindo suas palavras.

- Eu gostaria que nos reuníssemos pessoalmente para falar sobre alguns detalhes importantes - disse finalmente. - É sobre o relatório que estamos preparando. Não quero que você saia com uma impressão errada sobre os projetos. Você sabe como funciona, não?

Ana assentiu, embora ele não pudesse vê-la.

- Entendo, Lucas. Estou disponível para a reunião.

- Perfeito - respondeu Lucas. - Te espero às 17h no meu escritório. Lá discutimos tudo o que for necessário.

Ana não disse mais nada, limitando-se a desligar o telefone depois de uma breve despedida. Sua mente estava a mil por hora, mas a tensão em seu corpo não desaparecia. A reunião com Lucas não era algo que ela poderia tratar como uma simples reunião. Cada palavra, cada gesto seria crucial. Ela sabia disso.

As 17h chegaram mais rápido do que Ana imaginava. Ela saiu de seu escritório e, ao caminhar em direção ao escritório de Lucas, percebeu como seus passos ecoavam pelo corredor. Era um som que parecia amplificar, como se o tempo estivesse se esticando, levando-a para um ponto sem retorno.

Ao chegar à porta do escritório de Lucas, parou por um momento e respirou profundamente. Sabia que não importava o que dissesse ou fizesse. Esse encontro marcaria um antes e depois. Ao abrir a porta, o ar condicionado do escritório a recebeu, e com ele, a presença de Lucas Ortega.

Ele estava lá, de pé ao lado de sua mesa, vestido impecavelmente com um terno escuro que realçava ainda mais sua presença. Lucas havia mudado, sim, mas a intensidade de seu olhar, aquela que sempre a cativou, continuava intacta. E quando seus olhos se encontraram, Ana sentiu que todo o controle que havia conseguido recuperar nos últimos anos desmoronava como um castelo de cartas.

- Ana, que bom te ver - disse Lucas, com seu tom formal, mas com uma leve inclinação de cabeça. Não havia sorrisos, não havia cordialidade genuína. Só negócios. Só o que eles tinham que fazer.

Ana ficou na porta, sem saber como se aproximar. As lembranças do tempo que passaram juntos pareciam golpeá-la a cada passo que dava em direção à mesa de Lucas. Os dias em que riam juntos, quando ele a olhava com uma mistura de amor e ternura, pareciam tão distantes agora.

- Olá, Lucas - respondeu, mantendo a voz controlada. - Revisei os documentos que me enviou. Tudo parece estar em ordem.

Lucas assentiu, mas seu olhar nunca se desviou do dela. Não podia saber o que ele estava pensando, mas não parecia que ele quisesse falar sobre o trabalho, pelo menos não de imediato.

- Fico feliz em ouvir isso - disse ele, inclinando-se levemente para frente. - Mas acho que há algo mais que devemos discutir, não?

Ana franziu a testa. Sabia que ele se referia a algo mais profundo, algo que não tinha nada a ver com os relatórios ou apresentações.

- Do que está falando, Lucas? - perguntou, com uma leve tensão na voz, embora tentasse disfarçar.

Lucas permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse avaliando o que dizer. Finalmente, com um sorriso sutil nos lábios, respondeu:

- Sei que isso não é fácil para você. E não é fácil para mim também, admito. Mas precisamos falar sobre o que realmente aconteceu entre nós, Ana. Não posso seguir em frente com isso, com nós dois, sem esclarecer algumas coisas.

Ana ficou congelada, o ar no escritório de repente parecia mais denso. Lucas não havia mudado apenas fisicamente. Havia algo nele que agora o fazia parecer ainda mais impenetrável, mais calculista. A frieza com que falava só piorava a confusão que ela sentia.

- Não há nada a esclarecer, Lucas - respondeu, com a voz mais baixa, mas ainda firme. - O que aconteceu entre nós, deixamos para trás. Eu deixei para trás.

Lucas a olhou, seus olhos se tornaram mais escuros por um momento, como se estivesse pesando cada palavra dela.

- Você realmente deixou para trás? - perguntou ele, com um tom carregado de uma estranha mistura de ceticismo e dor. Embora não demonstrasse, Ana podia notar que havia algo mais em sua voz. Um indício de emoção que ele se esforçava para esconder.

Ana engoliu em seco, sentindo como suas emoções a invadiam novamente. Sabia o que deveria dizer, mas as palavras pareciam presas em sua garganta.

- Não temos tempo para falar sobre isso, Lucas. Estamos aqui pelo trabalho, e isso é o único que importa.

Lucas permaneceu em silêncio por um momento, observando-a com uma intensidade que a fazia se sentir vulnerável, pequena até. Era como se ele a estivesse medindo, como se buscasse algo nela que ele mesmo não conseguia entender.

Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, Lucas se levantou de sua cadeira e foi até a janela, olhando a paisagem da cidade.

- Você sabe que sempre será parte da minha vida, não? - disse ele, sem olhá-la, mas com uma honestidade crua em suas palavras. - Não te peço que entenda isso agora, mas espero que um dia possa ver. Eu vi. Mas esse é o último passo que precisamos dar.

Ana não sabia o que responder. Tudo dentro dela queria gritar, queria confrontá-lo e pedir explicações, pedir que parasse de brincar com seus sentimentos. Mas, em vez disso, permaneceu em silêncio, observando Lucas Ortega, o homem que um dia amou e que agora não conseguia entender. E, pela primeira vez, Ana percebeu que talvez ele também não a entendesse.

                         

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