O Cooper Grand Hotel era tudo o que eu jamais poderia chamar de "comum". Desde a entrada, o hall principal parecia mais um palácio do que um local de hospedagem: pisos de mármore branco que refletiam as luzes douradas do lustre de cristal, colunas imponentes e arranjos florais tão exuberantes que faziam as nossas entregas parecerem insignificantes.
Carregava uma das caixas com folhagens quando Joseph recebeu uma ligação e se afastou por alguns minutos, pedindo que eu continuasse sozinha até a recepção. Eu não queria, mas assenti - afinal, não era a primeira vez que eu fazia entregas.
Respirei fundo, ajustando o peso da caixa contra o peito, e segui pelos corredores impecavelmente perfumados. Meus passos ecoavam no piso brilhante até que, distraída em observar a grandiosidade do lugar, virei rápido demais em uma das esquinas.
E bati de frente com alguém.
A caixa quase escorregou dos meus braços, mas uma mão firme a segurou junto da minha. Foi nesse instante que nossos olhares se encontraram.
O homem mais impressionante que eu já tinha visto em toda a minha vida. Alto, imponente, com ombros largos e presença que parecia ocupar todo o espaço em volta. Seus olhos, castanhos escuros, tinham uma intensidade tão cortante que por um instante esqueci como se respirava. O toque dele - quente, firme - fez um arrepio percorrer meu corpo inteiro.
- Me desculpe... - minha voz saiu trêmula, quase um sussurro.
Os lábios dele se curvaram num meio sorriso, mas havia algo predador e perigoso naquela expressão.
- Não se preocupe. - Sua voz grave soou como um trovão contido. - A culpa foi minha.
A forma como ele ainda segurava a caixa junto comigo, as mãos quase sobrepostas, me deixou paralisada por segundos. Era como se o tempo tivesse desacelerado. Eu, uma simples florista, em choque diante de um homem que exalava poder e controle em cada detalhe.
Rapidamente, recuperei o fôlego e puxei a caixa para mim, afastando-me um passo.
- Obrigada... - murmurei, desviando o olhar, mesmo sabendo que aquela imagem dele já estava gravada em minha memória.
Ele me observou por um momento, como se estivesse tentando decifrar algo em mim. Então, apenas inclinou a cabeça em um gesto quase imperceptível e seguiu em frente, seus passos firmes reverberando no corredor.
Fiquei ali, por um instante, sem ar. O coração disparado, as mãos ainda tremendo onde o toque dele permanecia gravado.
Eu não sabia quem era aquele homem. Mas algo dentro de mim dizia que aquele encontro não tinha sido apenas um acaso.
Ainda estava com o coração acelerado quando alcancei a recepção. Tentei manter a compostura, equilibrando a caixa de folhagens como se nada tivesse acontecido, mas minhas mãos ainda tremiam discretamente.
Joseph já me esperava perto do balcão, conversando com a recepcionista elegante que digitava algo no computador. Entreguei-lhe a caixa e soltei o ar preso nos pulmões, como se precisasse me convencer de que aquele encontro tinha sido apenas um acidente, um tropeço do destino.
Até ouvir a voz.
Grave, imponente, inconfundível.
- Quero o relatório da semana até o fim do dia. Não aceito atrasos.
Engoli em seco, meu corpo inteiro reconhecendo o timbre antes mesmo de virar o rosto. Lá estava ele. O homem do corredor. Mas, agora, não era apenas um estranho. Ele caminhava pelo saguão acompanhado de dois homens engravatados, e cada passo parecia marcar território, como se o hotel fosse apenas uma extensão de sua própria existência.
A recepcionista imediatamente se endireitou.
- Senhor Cooper, já organizei a documentação. Está em seu escritório.
Meu coração parou. Cooper.
Era ele. O dono daquilo tudo. O magnata sobre quem eu já ouvira falar tantas vezes, cujo nome estava gravado em cada nota fiscal que a floricultura recebia.
Ethan Cooper.
O homem que dominava uma rede de resorts e hotéis como se fosse um império moderno.
E eu... eu tinha acabado de esbarrar nele como uma idiota carregando uma caixa de folhas.
Senti minhas bochechas queimarem. Meu instinto foi desviar o olhar, torcendo para que ele não me visse de novo. Mas parecia impossível se esconder. Por um breve instante, os olhos escuros dele passaram pela recepção e se fixaram em mim.
Meu estômago deu um nó. O ar ao meu redor pareceu rarefeito.
Ethan Cooper não apenas me viu. Ele me encarava.
Havia algo na maneira como suas sobrancelhas se franziram levemente, como se tentasse encaixar meu rosto em alguma lembrança esquecida.
Afastei-me um passo, quase tropeçando nos próprios pés. Joseph me lançou um olhar confuso, mas eu apenas balancei a cabeça, incapaz de explicar o que estava sentindo.
Eu precisava sair dali. Precisava me lembrar de quem eu era: apenas Sophia Mariani, uma florista tentando sustentar a irmãzinha. E ele... ele era o homem que controlava o mundo.
Mas, por mais que eu tentasse convencer a mim mesma, algo dentro de mim já sabia: aquele encontro não seria o último.
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