Uma esposa para o meu irmão
img img Uma esposa para o meu irmão img Capítulo 7 Exemplos inadequados
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Capítulo 8 Detalhes img
Capítulo 9 Pequenas vitórias img
Capítulo 10 Interrogatório img
Capítulo 11 Casar na mesma cerimônia img
Capítulo 12 Ave Maria img
Capítulo 13 Rock & Roll img
Capítulo 14 Noite de núpcias img
Capítulo 15 Sorrisos img
Capítulo 16 Longe da minha esposa img
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Capítulo 7 Exemplos inadequados

O clima ficou um pouco tenso e Daniel simplesmente desviou o olhar. Ele queria que ela fosse embora de uma vez. No encontro que tiveram, ele não gostou nada da atitude dela e ficou irritado com os assuntos que ela trazia à tona, perguntando o tempo todo sobre os filhos dele. Era uma forma grosseira de demonstrar o interesse que tinha por Daniel, usar os filhos para chegar até ele.

- Eu disse à Mary que era você, mas ela não quis acreditar. O que Daniel Crusher estaria fazendo com uma jovem num lugar como esse? - disse, virando-se para olhar Deanna.

- Olá - cumprimentou Deanna. Mas ela não respondeu, esperava que Daniel desse alguma explicação.

- Esse é o seu estilo agora? - Foi muito rude da parte dela.

- Desculpe, mas eu também posso ouvir você - disse Lynda, olhando para Deanna.

- E você é...?

- Sou Deanna, prazer em conhecê-la.

- Olá. E você é...?

- A noiva de Daniel. - Lynda riu.

A situação estava piorando. Ela tentava menosprezá-la com total descaramento e grosseria, sem nem mesmo conhecê-la. Que tipo de pessoa era aquela mulher?

- É isso mesmo - confirmou Daniel.

- Isso é uma piada?

- Não - respondeu Deanna.

- Vamos lá, Daniel. Você não "se dedica" a esse tipo de coisa.

- Estou aqui e posso ouvir você - disse Daniel, escondendo um pequeno sorriso.

- Não estou falando com você.

- Não, você está me ignorando para falar com o meu futuro marido. Não acha um pouco inadequado? Ele é um homem comprometido...

As pessoas das mesas vizinhas começaram a se virar para ver o que estava acontecendo. Embora falassem em tom normal, o assunto da conversa era constrangedor, e Deanna também contribuía para isso. Ela percebeu o desagrado de Daniel em relação àquela mulher e o rosto dele deixava claro o desejo de que ela fosse embora. Ela podia ajudá-lo um pouco.

Lynda notou que estava sendo observada e julgada pelas outras pessoas. Estava se impondo entre um casal que jantava tranquilamente com perguntas inadequadas.

- Entendo... eu não sabia. - Tentou se desculpar.

- Não se preocupe. - Deanna a dispensou com um gesto da mão.

- Bem, então é melhor eu me retirar... Parabéns, Daniel.

Ele só acenou com a cabeça, e Lynda finalmente foi embora. Continuaram a comer a sobremesa em silêncio. Para Deanna não havia necessidade de acrescentar nada. Era óbvio que aquela mulher já tinha tido algo com ele em algum momento, ou então era apenas mal-educada. Tinha certeza de que o futuro traria mais situações assim.

No carro, a caminho do apartamento de Deanna, Daniel ainda não tinha dito uma palavra. Sentia, por algum motivo, que devia dar explicações, mas não entendia por quê, e isso o incomodava. Incomodava não entender o que se passava com ele: nervosismo, ansiedade, aquele nó no estômago e agora a necessidade de se justificar. Parecia que Deanna era realmente sua noiva.

- Aquela mulher de agora há pouco...

- Sim?

- Nós só tivemos um encontro, mas não deu certo.

- Entendo.

- Como você deve ter percebido, ela é um pouco desagradável.

- É mesmo.

- Bem... - Pronto. Essa explicação já era suficiente.

Deanna achou engraçado vê-lo tentar justificar algo que ela nunca perguntou. Mas também achou um gesto bom, atencioso. Talvez Harry tivesse razão quando dizia que ele era frio, mas uma boa pessoa.

- Você lidou bem com a situação.

- Obrigado. Não é a primeira vez que me deparo com gente assim.

- O que você quer dizer?

- Tem pessoas que tendem a menosprezar os outros. Isso acontecia muito comigo no primeiro ano da faculdade.

- Entendo.

- O Harry foi de grande ajuda naquela época.

- Fico feliz em saber que ele se comporta bem.

- Ele é um grande amigo, uma ótima pessoa.

O carinho era genuíno, e Daniel percebeu. Aparentemente, Harry era mais do que um irresponsável cheio de ideias ridículas que colocava os outros em situações difíceis.

Quando chegaram ao prédio, Deanna começou a se despedir, mas Daniel a impediu.

- Essa noite as coisas correram bem. Mas, na reunião de família, vamos ter olhos em cima de nós o tempo todo.

- Vou fazer o meu melhor.

- Suponho que Harry já tenha falado sobre nossa mãe. Suspeito que seja dela que você vai ter que tomar mais cuidado. Ela acha que vamos nos casar porque você só está interessada no meu dinheiro.

- Vai ser difícil convencê-la.

- Sim, mas não se preocupe com isso. Não importa o que ela diga, o casamento vai acontecer do mesmo jeito. Mas é bem provável que ela faça comentários estranhos ou irritantes. Apenas ignore o máximo que puder.

- Bom saber. Vou me preparar.

- Ótimo... E, por favor, nada de... vestidos assim!

- O quê? - Ela quase riu.

- Bem... sem vestidos assim. - Ele estava sendo estranho de novo.

Deanna se despediu, agradeceu pelo jantar e entrou em seu apartamento. O que ele quis dizer com aquilo? Estava satisfeita por ter sobrevivido ao "teste", mas aparentemente ele era muito conservador, já que reclamou do vestido. Nada acima do joelho, nada decotado nas costas. Felizmente, a roupa que Laura havia recomendado para a reunião era mais recatada.

Daniel tinha mais uma tarefa pela frente, a mais difícil de todas: contar aos filhos. Ele nunca tinha falado com eles sobre nada parecido, nunca tinha levado uma mulher para casa, nem apresentado ninguém, e de repente precisava anunciar que ia se casar. O outro problema seria explicar com quem iria se casar.

Ethan e Naomi talvez questionassem um pouco, tudo parecia muito repentino. Mas seus filhos, ao que tudo indicava, já tinham suas próprias vidas, embora ele não estivesse muito a par delas. Nos últimos anos, ele tinha se fechado em sua concha, tentando não exteriorizar a tristeza para que isso não afetasse os filhos. A mãe deles já não estava mais lá, e a última coisa de que precisavam era de um pai que vacilasse. Mas, ao tentar protegê-los, ele acabou se afastando um pouco.

Eram uma família que funcionava com base em regras e horários, mas também compartilhavam momentos de descontração, como nas férias. Daniel, no entanto, não conhecia outra maneira de fazer as coisas funcionarem. As crianças relaxavam mais com a avó ou a tia, que estavam sempre por perto. Ele representava a figura de autoridade, e raramente era contrariado. Era simplesmente assim que as coisas funcionavam.

Quem mais o preocupava era Jonathan, que, depois da morte da mãe, se fechou ainda mais. Eles eram tão pequenos que mal entendiam o que tinha acontecido. De repente, um dia, ele parou de falar. Não porque não pudesse, mas porque simplesmente decidiu não falar mais. Daniel procurou todos os médicos e terapeutas que conseguiu, mas não havia nenhuma razão médica para aquela condição, nenhuma patologia. As terapias também não adiantaram nada, só deixavam a criança ainda mais estressada. A única coisa de que parecia realmente gostar era música: dançava pela casa com um gravadorzinho de brinquedo que tocava músicas.

Por isso era tão importante que Deanna mantivesse as regras e rotinas que já existiam na família. Quanto menos esses costumes fossem perturbados, menos os filhos sofreriam. O melhor era manter uma certa distância cordial. Embora Deanna tivesse se mostrado uma pessoa agradável, também revelara seu lado combativo e rebelde. Ele não queria que os filhos aprendessem por esses exemplos. Mas isso era algo que não poderia evitar.

                         

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