"Filha, vem comer alguma coisa!", ouvi a voz da minha mãe chamando da cozinha. Não tinha forças para argumentar, então me levantei sem pressa. Fui até a geladeira, abri a porta e peguei o resto do suco de laranja que tinha sobrado pela manhã. Peguei também uma embalagem de bolacha recheada. Era o melhor que eu podia fazer por mim mesma naquele momento.
Com a comida em mãos, me sentei no sofá. A televisão estava ligada automaticamente. Malhação estava no ar - não é como se eu tivesse escolha. Revirei os olhos. Como aquela novela conseguia ser tão chata? O roteiro, os personagens, tudo parecia uma grande farsa. Mas, enfim, não havia mais nada para assistir.
Enquanto eu mastigava a bolacha e tomava o suco, meu celular vibrou. Peguei ele sem pensar muito, e a tela brilhou com o nome da Isabella. Era minha melhor amiga, ou melhor, a única amiga que eu tenho. Nós duas crescemos juntas, e mesmo que nossas vidas fossem completamente diferentes, sempre nos entendemos. Era difícil eu fazer amizade com qualquer outra pessoa além dela.
Whatsapp on
Isabella: Oi diva, feliz aniversário pra você 😙🩷 e como foi seu dia sem mim pra te atormentar?
Eu sorri, mesmo que um pouco forçada. Era bom ouvir uma mensagem dela, mas eu estava num estado de espírito péssimo.
Helena: Uma merda, pior impossível! Tive que aturar a chata da Paloma no meu pé. Essa garota não se toca. E o seu dia, como foi?
Isabella: Um saco! Minha mãe me tratou igual a um bebê o dia todo. E o idiota do Isaac ficou me perturbando. Como ele tem coragem de me chamar pra sair?! 🤡
Helena: Ah, imagino como deve ter sido tenso. 😆
Isabella: Não ri não, kkkkk foi péssimo, amiga. 🥹
Isabella: Enfim, vou sair agora. Até amanhã, beijos.
Whatsapp off
Joguei o celular no sofá e voltei a olhar para a tela da televisão, mas minha mente estava em outro lugar. Estava pensando em como meu dia tinha sido chato, como eu estava me sentindo cada vez mais presa nesse lugar. A sensação de estar estagnada, vendo a vida passar enquanto eu ficava ali, em casa, sem poder fazer nada do que eu realmente queria.
Estava distraída quando a voz da minha mãe ecoou do corredor. "Desliga isso, essas coisas que passa em novela são tudo do capeta!"
Eu ri, sem querer. Ela sempre dizia isso, e na maioria das vezes eu tentava não levar a sério. Minha mãe é daquele tipo que transforma tudo que ela não entende em algo maligno. Às vezes, fico me perguntando se ela é assim com tudo ou se é só comigo.
"Para de ser exagerada, mãe!" Respondi, tentando aliviar a tensão. Desliguei a televisão e dei uma olhada nela. "Era só ficção, o beijo nem era de verdade, mãe."
Ela cruzou os braços, me olhando com aquela expressão de desaprovação. "Tá mais pra pouca vergonha, onde já se viu uma pouca vergonha dessas passar na televisão? É por isso que o mundo não vai pra frente."
Suspirei. Já sabia onde isso ia dar. Ela sempre dava aquele sermão de moral e bons costumes, mas não tinha como discutir. "Tô indo pro culto, quer ir comigo?" Ela perguntou, com uma esperança sincera nos olhos.
A vontade de responder "sim" estava ali, na ponta da língua, mas eu sabia que não poderia. Eu tinha que mentir, pelo menos por hoje.
ㅡ Não, obrigado, mãe. Tô com muita dor de cabeça"
Menti, e as palavras saíram tão rapidamente que eu nem tive tempo de pensar nas consequências. Não gostava de mentir para ela, mas tinha que fazer isso. Não podia contar que eu estava indo encontrar o Coringa. Só de pensar nisso, um medo apertou meu peito.
Ela me deu um beijo na testa e, com um sorriso tranquilo, saiu de casa. Fiquei parada alguns segundos, esperando ouvir o som dos passos dela se afastando cada vez mais. Eu sabia que não podia hesitar. Precisava sair rápido, antes que ela voltasse.
Levantei do sofá e, com um suspiro profundo, fui até a porta da frente. Me certifiquei de que ninguém estava por perto, olhei pela janela e confirmei que não havia ninguém na rua que pudesse me ver. Tranquei a porta atrás de mim e segui em direção ao barraco do Coringa.
Meu coração batia acelerado. Não tinha ideia do que esperava por mim, mas sabia que estava indo direto para o perigo. O caminho até o barraco dele parecia cada vez mais longo. Cheguei lá e, por um instante, parei. Será que ele ia me matar? Eu ainda era tão jovem. Tinha a vida inteira pela frente, mas ali estava eu, indo em direção ao pior.
Respirei fundo e entrei no barraco dele, que já exalava o cheiro forte de álcool e maconha. Não me surpreendi. Já sabia o que me aguardava. Quando entrei, encontrei Coringa sentado no sofá, sem camisa, bebendo diretamente da garrafa. O olhar dele era duro e não me dava nenhum sinal de simpatia. Na verdade, parecia que ele estava ainda mais irritado do que de costume.
"Você está atrasada", disse, a voz fria e sem emoção. Ele me olhou de cima a baixo, como se eu fosse nada mais que uma presença insignificante naquele lugar imundo.
ㅡ Eu sei, me...ㅡ Tentei falar, mas ele me cortou imediatamente.
ㅡ Você está atrasada! ㅡ falou sério e olhou de cima a baixo.
ㅡ Eu sei, me...ㅡ ele não me deixou nem falar e já me cortou.
ㅡ Tira a roupa! ㅡ falou eu olhei pra ele sem entender.
ㅡ C-como? ㅡ perguntei sem entender direito, não sabia se tinha escutado certo ou se era coisa da minha cabeça.
ㅡ MANDEI TIRA A ROUPA CARALHO, TÁ SURDA? ㅡ sou surpreendida com um tapa no meu rosto. ㅡ EU NÃO VOU REPETIR, TIRA A ROUPA! ㅡ eu estava em choque, ele tinha me batido.
Ele veio até mim, eu até tentei fugir, mas ele me puxou pelo braço e me levou até um colchão que tinha bem ali meu corpo frágil foi jogado naquele colchão imundo, ele subiu em cima de mim e tirou meu vestido. Eu tava em choque, ainda não tava acreditando que eu ia perder a minha virgindade daquele jeito, sendo estuprada! Ele rasgou minha calcinha e colocou seu membro em mim e começou me penetrar, eu gritei de dor, aquilo doía muito, parecia que ele estava me partindo no meio. E quanto mais eu gritava mais ele empurrava mais forte e rápido, ele parecia se divertir com a minha dor, e de repente, ele parou de estocar e saiu de dentro de mim e eu senti uma coisa quente na minha barriga.
Fiquei ali naquele colchão sentindo uma dor insuportável entre as minhas pernas, eu me sentia suja, nojenta. Eu só sabia chorar, o que fiz pra merecer isso? Porque eu?
ㅡ Se tu falar o que aconteceu pra alguém eu te mato, tá me ouvindo? ㅡ puxou meus cabelos me ameaçando, eu apenas sacudi a cabeça. Ele me jogou com tudo no chão, me fazendo bater a minha cabeça no chão.
Ele vai pra o que parece ser um banheiro, vários flashs do que acabou de acontecer comigo começaram a passar pela minha cabeça, abraço meus joelhos e começo a chorar.
Porquê eu? O que fiz pra merecer ser estuprada?
Escuto o barulho da porta abrir, levanto minha cabeça e vejo o Coringa vir na minha direção, e já me encolhi com medo. Seus cabelos estavam molhados, seus olhos eram castanhos, mas naquele momento pareciam preto igual a de um demônio e a única peça que ele estava usando era uma cueca preta.
ㅡ O que tu ainda tá fazendo aqui? Anda rala daqui vagabunda ! ㅡ falou com agressividade.
Eu me levantei com certa dificuldade, mas quando ia sair ele segurou meu braço.
ㅡ Mesmo horário aqui amanhã e se tu falar pra alguém, eu te mato! ㅡ falou apertando meu braço com força.
Sai dali o mais rápido possível, não tava me importando com a dor que eu tava sentindo na minha intimidade, só queria me limpar daquele monstro.
Ele me destruiu do jeito mais profundo que alguém pode destruir, ele destruiu a minha vida e roubou meus sonhos e planos.