Ponto de Vista de Elara:
O cemitério estava silencioso, o ar pesado com o cheiro de terra úmida e folhas em decomposição. Era o aniversário da morte do meu pai.
"Estou melhor agora, pai," sussurrei, traçando as letras frias e esculpidas de seu nome. "Estou indo embora. Vou recomeçar."
Lembrei-me da promessa de Dante, feita neste mesmo lugar anos atrás. *Virei aqui com você, todos os anos. Você não estará sozinha.*
Esperei até o anoitecer, uma vigília silenciosa sob um céu sem estrelas. O carro que eu havia chamado estava atrasado. Enquanto eu estava perto dos portões do cemitério, uma mão tapou minha boca por trás. Um cheiro doce e enjoativo encheu minhas narinas, e o mundo ficou preto.
Acordei na escuridão e na dor. Eu estava amarrada e amordaçada, enfiada dentro de um saco de estopa áspero. Toda vez que eu lutava, uma bota pesada batia nas minhas costelas, tirando o ar dos meus pulmões.
Fui arrastada pelo que parecia ser um campo de pedras e cascalho, o terreno acidentado rasgando minha pele através do tecido fino do saco.
Então ouvi a voz dele. A de Dante. E a dela. A de Isabella.
"Por favor, Dante, talvez os deixe ir?" A voz de Isabella tinha um tremor frágil e ensaiado. "Eles eram apenas capangas contratados."
Dante riu, um som frio e cruel que parecia raspar a medula dos meus ossos.
"Isso será uma lição, Bella. Uma lição para qualquer um que ouse cruzar o caminho da minha esposa."
Uma clareza horrível cortou a dor. Isso era uma armação.
"Amarrem-na ao helicóptero," Dante ordenou a seus homens.
Meu coração martelava contra minhas costelas. Não.
"Dante, isso não é um pouco... demais?" Isabella perguntou, seu tom tingido com a curiosidade desapegada de uma espectadora.
"Eu sei o que estou fazendo," ele a tranquilizou, sua voz suavizando. "Apenas observe a pipa voar."
O rugido das pás do helicóptero encheu o ar, me ensurdecendo. Então, um solavanco violento. Meu corpo foi arrastado pelo chão, esfolado em pedras e espinhos até que cada nervo gritasse.
O helicóptero subiu. Fui içada no ar, uma marionete quebrada pendurada por um fio. Eu podia sentir a umidade quente do meu próprio sangue, uma chuva grotesca caindo do meu corpo maltratado.
Então, a sensação enjoativa de queda.
A queda não foi alta, mas foi alta o suficiente. Senti ossos quebrarem, uma dor ofuscante e branca explodindo dentro de mim antes que o mundo começasse a desaparecer.
O saco foi arrancado da minha cabeça.
Minha última visão consciente foi de Dante, envolvendo o braço protetoramente nos ombros de Isabella. Ele se virou e foi embora com ela, me deixando quebrada e sangrando no chão.
Tentei gritar seu nome, mas tudo o que saiu foi uma risada engasgada e sangrenta - um som que arranhou seu caminho para fora dos meus pulmões arruinados.