Obcecada pelo mafioso
img img Obcecada pelo mafioso img Capítulo 1 o acaso que mudou tudo
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Capítulo 6 Ecos da traição img
Capítulo 7 Refúgio e silêncio img
Capítulo 8 Ecos da violência img
Capítulo 9 Entre o fogo e o silêncio img
Capítulo 10 Ecos do passado img
Capítulo 11 A sombra da verdade img
Capítulo 12 -Corações em Guerra img
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Obcecada pelo mafioso

M.lilica
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Capítulo 1 o acaso que mudou tudo

A noite caía sobre a cidade como um véu carregado de promessas e segredos. Do alto dos prédios iluminados, as luzes refletiam em cada esquina, desenhando um mapa de ilusões para quem não conhecia a escuridão que se escondia atrás dos vidros espelhados.

Helena Duarte caminhava apressada pela calçada estreita, o casaco gasto protegendo-a mal do vento frio. Na bolsa, apenas alguns trocados, um maço de contas vencidas e a chave de um apartamento minúsculo onde a mãe a esperava, cada vez mais debilitada pela doença.

Aos vinte e quatro anos, Helena já sentia o peso de responsabilidades que deveriam pertencer a alguém muito mais velho. Trabalhara o dia inteiro como garçonete em um restaurante de bairro, e ainda assim sabia que o salário não cobriria nem metade do aluguel do próximo mês.

Mas ela nunca reclamava. Desde a morte do pai, anos atrás, aprendeu a engolir a dor e seguir em frente. A vida não era justa, e ela não esperava que fosse.

Naquela noite, porém, o destino parecia pronto para rir de sua inocência.

Enquanto ajustava a bolsa no ombro, Helena ouviu passos atrás de si. A rua estava quase deserta, e uma sensação gelada percorreu-lhe a espinha. Apertou o passo. O coração batia rápido, embora ela tentasse ignorar a paranoia.

- Só mais duas quadras... - murmurou para si mesma, tentando se convencer de que estava tudo bem.

Mas não estava.

Antes que pudesse reagir, dois homens surgiram da esquina, bloqueando seu caminho. Eram altos, vestindo roupas escuras, e um deles tinha uma cicatriz profunda no rosto. O olhar deles não deixava dúvida: não estavam ali por acaso.

- Olha só o que temos aqui... - disse o de cicatriz, a voz carregada de ironia. - Perdida, boneca?

Helena engoliu em seco, tentando se manter firme.

- Só quero passar, por favor.

Eles riram. O segundo homem deu um passo à frente, aproximando-se demais.

- A cidade não é segura para andar sozinha à noite. Talvez a gente devesse fazer companhia pra você.

O medo subiu como um nó em sua garganta. Ela recuou, o corpo inteiro em alerta, até sentir as costas contra a parede fria de um prédio. Estava encurralada.

Foi quando um som inesperado quebrou o silêncio: o ronco grave de um motor poderoso.

Uma Ferrari preta dobrou a esquina e parou a poucos metros dali, os faróis cortando a escuridão. Helena piscou, surpresa, enquanto os homens trocaram olhares tensos. A porta do carro se abriu lentamente, revelando uma figura que parecia ter saído de um pesadelo... ou de um sonho proibido.

Ele era alto, o terno impecável desenhando cada linha de seu corpo forte. Os cabelos escuros estavam penteados para trás, o rosto marcado por traços firmes e um olhar frio, tão afiado quanto uma lâmina.

Lorenzo Vitale.

Mesmo sem conhecê-lo, Helena sentiu o peso do nome. O ar ao redor pareceu mudar. Era como se a rua inteira tivesse parado para observá-lo.

O homem caminhou até o grupo com passos calmos, mas carregados de autoridade. Um leve sorriso - cruel e perigoso - curvou seus lábios.

- Acredito que ela disse que só queria passar - disse ele, a voz grave, carregada de um sotaque italiano que deixava cada palavra mais intensa.

Os dois homens endureceram.

- Senhor Vitale... nós só estávamos...

- ...fazendo o que não deviam. - Lorenzo os interrompeu, o tom baixo, mas letal.

Helena observava sem fôlego, o coração disparado. Quem era aquele homem? Por que a simples presença dele parecia mudar tudo?

O de cicatriz tentou se explicar, mas Lorenzo ergueu a mão, e o silêncio se fez. Ele não precisava levantar a voz; a autoridade vinha de algo muito maior, algo que se impunha naturalmente.

- Sumam da minha frente. Agora.

Os dois recuaram, nervosos, e desapareceram pela escuridão sem olhar para trás.

Helena ainda estava tremendo quando Lorenzo finalmente voltou os olhos para ela. Aquele olhar... profundo, dominador, como se pudesse ler cada pensamento que ela tentava esconder.

- Está bem? - perguntou, a voz mais baixa, mas ainda firme.

Ela abriu a boca para responder, mas as palavras não saíram. Estava assustada, confusa... e estranhamente fascinada.

- Eu... eu estou bem. Obrigada. - conseguiu dizer, mesmo que sua voz soasse frágil.

Um canto da boca dele se ergueu num sorriso enigmático.

- Helena Duarte, certo?

O choque percorreu seu corpo. Como ele sabia seu nome?

- Como... como você...? - começou, mas ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles.

- Eu sei muito mais sobre você do que imagina.

O frio na espinha dela voltou, mas junto dele, uma onda estranha de calor subiu pelo peito. Era como se estivesse presa em um jogo que não compreendia.

Lorenzo inclinou-se levemente, os olhos fixos nos dela.

- A partir de hoje, você não anda mais sozinha por essas ruas.

Helena recuou um passo, nervosa.

- Desculpe... eu não sei quem você é.

Ele sorriu de novo, dessa vez com algo sombrio na expressão.

- Vai descobrir muito em breve.

E, antes que ela pudesse responder, Lorenzo ofereceu a mão, como se fosse um convite... ou uma ordem.

- Entre no carro, Helena.

O coração dela disparou. Tudo nela gritava para recusar, correr, desaparecer. Mas havia algo na presença daquele homem que a paralisava. O perigo, o mistério... e uma atração inexplicável.

E foi ali, naquela rua iluminada pelas luzes da cidade e pelas sombras de um destino implacável, que Helena Duarte deu o primeiro passo em direção ao abismo chamado Lorenzo Vitale.

Um abismo do qual talvez nunca conseguisse escapar.

            
            

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