Bonecas - Dark Romance Parte 1
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Capítulo 5 5

Magenta

- Você é Madison Kline?

A mulher de vinte e poucos acena com a cabeça, os olhos arregalados de medo. - É verdade? A Sra. Hawthorne está... - sua voz treme, - m-morta?

Eu olho para a janela da loja alguns metros de distância onde eu passei a fita para isolar a área e termos alguma privacidade. Um dos peritos médicos está de pé, de costas para nós, olhando para o corpo. A mão de um deles faz movimentos para o ferimento no pescoço quando ele diz algo ao seu companheiro. Arrastando meus olhos de volta para a mulher, deixo escapar um suspiro.

- Temo que sim. Eu preciso te fazer algumas perguntas.

Ela balança a cabeça, uma pequena carranca cambaleante em seus lábios, mas seus olhos, agora lacrimejantes, se fixam na janela. - Quem faria uma coisa tão horrível? Sra. Hawthorne era uma pessoa legal. Ela fazia bonecas lindas. Não é como se nós vendêssemos o suficiente para qualquer um nos roubar. Eu não entendo.

Estendo a mão para ela e pego seu ombro. - Algumas pessoas são más, senhorita Kline. Podemos não entender seu raciocínio. - soltando-a, eu dou a ela um sorriso triste. - O melhor que podemos fazer agora é pegar o homem que fez isso.

Suas sobrancelhas sulcam juntos. - Homem?

Calor inunda meu rosto e eu engulo seco. - Pessoa, - eu me corrijo.

Embora homicídios sejam cometidos por homens em mais de oitenta por cento das vezes, ainda é um deslize que não devia ter acontecido.

Benny.

- Nós vamos pegar o agressor. Agora, você pode me dizer onde estava entre oito horas e meia-noite na noite passada?

Senhorita Kline assente. - Em casa. Tomei um banho por volta das oito. Assisti televisão até cerca de dez horas antes de ir para a cama. Por quê?

- Alguém pode corroborar a sua afirmação? - ela não é suspeita, estou simplesmente fazendo a devida investigação.

- Minha mãe. Eu ainda moro em casa.

Lanço meu olhar para o meu caderno enquanto rabisco informações para o meu relatório mais tarde, quando ela passa atrás de mim, a ponta do seu dedo tocando o vidro da janela da loja.

Virando a cabeça, eu a vejo olhar para dentro. Eu meio que esperava que ela explodisse em lágrimas ao ver o corpo da janela, mas ela vira o rosto manchado de lágrimas, apontando para a fileira de bonecas na frente.

- Isso não estava aqui ontem. Não é das nossas.

Meu corpo fica tenso quando eu sigo seu dedo. No final há uma boneca de porcelana. Com cabelo castanho bagunçado. Macacão. E um rosto triste.

Eu conheço esta boneca.

Benny.

Ela continua a falar, mas eu estou congelada no lugar, no calor sufocante do mercado mais uma vez. Eu estou com Benny e Macy. Eu estou embalando a boneca e colocando-a com cuidado para dentro da caixa, prometendo que o meu pai vai comprar dele, que tudo ficará bem e ela vai ser minha em breve.

Eu até mesmo quebrei minha promessa para uma boneca estúpida.

* * *

- Pare de chorar, - ele me alerta, observando através das barras, seu tom duro, nada como o homem do mercado.

- Os jornais dizem que você tem catorze anos.

- Eu tenho. Você sabe disso, eu te disse.

Ele me estuda através das grades que nos separam. - Eu achei que era mais velha, - ele brinca consigo mesmo.

Presumi que ele estava são. Eu acho que nós dois estávamos errados.

- Me deixe ir! O que você fez com Macy? - exijo, limpando as lágrimas.

- Nada. Ela está brincando com sua boneca. - ele abre o trinco na porta e as barras que geralmente bloqueiam o espaço entre nós se abrem em suas mãos. Com um grunhido, ele empurra uma boneca pela abertura.

Minha respiração engata em um soluço. Era a boneca que eu queria.

- Aqui está sua boneca, - ele me diz, agitando para mim.

Sobe uma raiva em meu intestino e eu corro para a porta, agarrando a boneca de sua mão.

- Eu não quero a sua boneca estúpida, - eu grito, puxando o cabelo e as roupas da boneca antes de jogá-la na cama. Quando eu corro de volta para o trinco, ele está olhando para a bagunça que eu fiz com sua boneca preciosa.

Ótimo.

Eu já disse a ele antes que era velha demais para suas bonecas estúpidas.

- Me deixe sair. Eu quero ir para casa, - eu abaixo na ponta dos pés para ver seu rosto através do trinco.

Um abismo frio olha de volta para mim, me sufocando em sua escuridão, como se estivesse penetrando meu corpo, me escondendo de dentro para fora.

Uma mão muito rápida me alcança e agarra em torno da minha garganta, apertado.

Meus olhos se expandem em choque, os vasos sanguíneos gritando por misericórdia.

Um grito tenta escapar de mim, mas é sem som. Ele é tão forte. Eu arranho a mão que tenta roubar minha vida, mas sem nenhum efeito. Ele permanece impassível, olhando para mim, seu aperto ganhando força.

Eu estou desaparecendo... morrendo... parando.

O ar entra em meus pulmões, queimando minha garganta crua quando ele me solta. Eu caio no chão e a dor infiltra em meus joelhos, atirando para cima do meu corpo.

Clank.

- Não. - eu sufoco, rastejando para longe da porta que agora está aberta. Sua sombra rasteja sobre mim como uma onda escura, me infectando, me oprimindo, me afogando.

Me puxando pelos cabelos, ele me arrasta para os meus pés, enquanto minhas pernas se agitam abaixo de mim. Os fios dos meus cabelos são incendiados, a dor abrange todo o meu couro cabeludo.

- Pare, por favor, - eu imploro, minha voz quebrada e rouca. - Eu quero ir para casa.

- Esta é a sua casa agora, - ele me diz, sem nem uma inflexão de emoção na voz.

Ele me puxa para trás e eu caio em cima da cama, seu punho segurando mechas de cabelo. Quando ele atrai o olhar para a boneca, meus olhos o seguem e um gemido me deixa.

Puxei tufos do cabelo e rasguei as roupas da boneca.

Lento e ameaçador, ele arrasta os olhos de volta para mim. Minha cabeça sacode enquanto meu corpo treme e se encolhe. Mãos pesadas me agarram, arrancando minhas roupas. Eu luto, atacando-o com um ataque frenético de energia e fúria. Humilhação, dor e medo saturam a minha alma quando ele me subjuga, sem qualquer esforço, me deixando só de calcinha e sutiã, envergonhada e aterrorizada quando ele acaba.

Pegando a boneca, ele sai enquanto eu me enrolo em posição fetal, traumatizada com a realidade penetrando em meu coração.

Eu não nunca mais iria para casa...

Nada ia ficar bem novamente.

* * *

- Detetive?

A voz dela me empurra do passado e as minhas palavras me sufocam quando eu tento falar. Quando uma grande mão firme agarra meu ombro, eu grito de surpresa.

Benny.

Meu corpo se move sobre os instintos que eu trabalhei duro para controlar; meus músculos se contraem e as aulas de kickboxing entram em jogo. Estendendo meu braço e girando ao redor com meu punho, me preparo para bater em seu nariz, meus pensamentos sobre a minha arma. Eu preciso dela para colocar buracos nele, de uma maneira que ele nunca se recupere, para só assim acabar com essa turbulência crescendo dentro de mim, assombrando minha vida.

Assim que meu punho voa em direção a figura do homem, a confusão me faz hesitar brevemente. É o suficiente que ele tenha tempo para pegar meu pulso e torcê-lo nas minhas costas, forçando meu corpo para frente. Nossos peitos se tocam quando eu caio contra ele, usando a mão livre para me equilibrar e meu rosto não bater contra sua estrutura física dura. Todo o meu corpo treme de terror, até seu cheiro invade os meus sentidos e a batida forte do meu coração faz com que eu o sinta bater contra a palma da minha mão. Ele coincide com a minha, batendo contra o meu peito, tentando se afastar e pôr fim a tudo isso.

Dillon.

- Jade, - ele sibila, seu hálito quente fazendo cócegas no meu rosto. - Sou eu, Dillon. O que diabos está acontecendo com você?

Lágrimas ameaçam escorrer bem nos meus olhos ao perceber que eu perdi minha cabeça na frente da pessoa que eu estava interrogando, e pior, do meu parceiro. Eu não deixo o derramamento de lágrimas acontecer e mordo o lábio para contê-las. - Não há nada de errado, - murmuro, puxando meus braços e embalando-os em volta de mim, não faço isso só para ter algum conforto. Eu me sinto fraca; Benny venceu.

Seus olhos escuros estreitam quando ele examina o meu rosto de perto. Eu nunca notei que Dillon tinha sardas. Ou que seus olhos mantinham segredos tristes. Eu nunca notei que ele tem cheiro de couro e algo contraditório, hortelã ou pimenta, talvez? - Dê uma pausa para o almoço, - diz ele, em tom ríspido. - Quando eu encerrar aqui, vamos falar sobre isso. - ele me libera de seu olhar e volta para a loja.

Antes dele entrar, eu grito, - Detetive Scott.

Virando-se, ele me encara como se eu fosse um mistério que ele quer resolver. Ele nunca vai me entender. Inferno, nem eu mesmo me entendo.

- A sacola da boneca. Verifique se há impressões. Senhorita Kline diz que não estava aqui ontem.

É ele. Eu sei que é ele.

Olhando para a boneca e depois para mim com os olhos apertados, ele não se move. Ele deve sentir minha hesitação. Ele sabe que eu quero dizer mais.

- O que mais? - ele questiona com seu corpo bloqueando a porta.

- Eu acho que é ele. - as palavras são ditas antes que eu possa pará-las e eu desejo que pudesse empurrá-las de volta em minha boca.

Ele vai pensar que eu sou louca. Ele vai dizer ao Chefe Stanton que quer um novo parceiro.

- Ele como o... - ele começa, mas eu aceno e sigo em direção ao carro patrulha.

Eu tenho que sair daqui.

Tenho que pensar.

Benny está tão perto, eu posso sentir. Ele está de volta e eu vou acabar com ele.

* * *

Eu estive dando voltas no quarteirão durante vinte minutos. Dillon me mandou embora para limpar minha mente e está claro. Claro como cristal. É imperativo que eu fale com a mãe da menina desaparecida. Eu sei que estes casos estão ligados. Eu posso sentir isso em meus ossos. É muita coincidência.

Quando sua casa vem a vista de novo, eu solto uma rajada de ar. Eu provavelmente vou receber uma notificação por desobedecer às ordens novamente, mas eu não vou ser capaz de dormir até que isso seja feito. Eu preciso falar com ela.

Para possivelmente avisá-la da gravidade de sua situação.

A verdade é que ela nunca poderá ter sua filha de volta.

* * *

Um som de pés se arrastando e raspando me desperta do sono.

Ele voltou.

Um grunhido e depois um baque desperta a minha curiosidade.

Deslizando o lençol que ele permite que eu tenha, eu rastejo através da minha cela e olho através das grades, minha respiração engata quando eu o vejo ali.

Ele não está sozinho.

Há uma mulher deitada sobre a mesa, nua e inconsciente. Sentindo seus movimentos, eu rapidamente caio de joelhos para me abaixar quando ele se vira e passa pela minha cela para a porta que conduz a minha liberdade na parede à esquerda da nossa prisão.

Meu coração corre no meu peito e há uma enxurrada de animação no meu estômago que eu não sentia há muito tempo, que eu pensei que eu nunca sentiria novamente.

- Ei, - eu assobio. - Ei, você, - eu tento novamente um pouco mais alto, mantendo meus olhos entre ela e a porta.

Ouço sons a partir da cela de Macy e ela sussurra, - Quem é essa?

- Ei, senhora. - eu tento bater minhas mãos no painel de madeira da porta da minha cela.

Ela se agita, levantando a mão até esfregar na sua cabeça, enquanto ela se desloca para uma posição sentada. Ela não é uma senhora. Ela é uma menina. Mais velha que eu, mas ainda uma menina, talvez dezenove, vinte anos.

- O que aconteceu? - ela questiona, sua voz pesada parecendo grogue. Uma cortina de cabelos escuros cobre seu rosto enquanto ela mergulha a cabeça para olhar para o chão e, em seguida, olha para cima. Nossos olhos se chocam, os dela confusos e os meus, preocupados.

Seus olhos se arregalam e ela salta para seus pés, oscilando um pouco. - Que porra está acontecendo? Quem é você? - ela exige com pânico em seu tom e volume. - Por que estou nua? - desta vez, a voz oscila de terror.

Ela não está aqui por vontade própria.

Ela é uma boneca nova.

- Shhh, - eu peço silêncio, apontando para a porta. Sua cabeça gira para onde eu aponto e ela sacode a cabeça, não antes de chegar até as barras que nos separam.

- Onde estamos? Por que você está aí? Quem é ele? - ela exige, suas palavras subindo de tom com cada pergunta.

Passos soam nas proximidades e, em seguida, a sombra dele se arrasta até a parede da porta aberta.

- Não olhe, Macy. Fique em sua cama, - eu sussurro. O ar é denso e uma agitação no meu estômago me diz que ela não deveria ver o que está prestes a acontecer.

Nem que eu deveria...

Cada passo que ele dá em nossa direção, desaba um pedaço da minha alma.

A menina achata as costas contra a porta da minha cela. - Fique longe de mim, - ela grita com ele, segurando as mãos na frente dela.

- Corra, - eu grito. Mas nós duas sabemos que não há para onde correr.

Ela se agacha e espreme seu corpo através da porta quando ele avança em sua direção. Com coragem que irrompe de algum lugar dentro dela, ela se joga nele, arranhando seu rosto. Ele assobia e bate em sua bochecha com as costas das mãos, antes de lhe dar um soco no estômago. Eu fico horrorizada quando a cabeça dela empurra para o lado como se estivesse presa a uma mola e se conecta à minha porta, fazendoa vibrar contra meu corpo.

Ela grita e ele rosna em resposta.

Encarando-a, ele passa os dedos pelos arranhões que ela fez em seu rosto. O sangue espalhado por todo o rosto o torna ainda mais ameaçador.

Minhas mãos ficam brancas de agarrar as barras tão apertadas até começarem a perder a sensibilidade. - Pare, por favor, - eu peço por ela, mas eu já vi esse olhar antes em seus olhos. Eu fui a causa disso e resisti a punição... um pouco.

Ela ganha estabilidade e levanta a cabeça para olhar diretamente para mim. O sangue jorra de seu nariz e ela cospe um dente de sua boca, que goteja sangue também. É como uma cachoeira carmesim descendo pelos seus lábios. Ela se vira para seu novo mestre e a indiferença que mostra vacila quando ele começa a ranger os dentes.

- Olha o que você fez! - ele fole, segurando o queixo entre o polegar e o indicador.

Benny a puxa para o outro lado da sala, seus pés tropeçam e se arrastam para se estabilizar. Ele aperta com a mão a parte de trás da cabeça dela enquanto ele a obriga a olhar em um espelho manchado de ferrugem ao redor do quadro que decora a parede oposta minha cela.

- Você não é uma boneca mais, - ele rosna, empurrando a cabeça para frente para que ela possa ver melhor. Com um movimento rápido, ele puxa a cabeça para trás, forçando-a para frente mais uma vez.

O som doentio faz a bile subir na minha garganta. Alguém grita e levo um minuto para perceber que o ruído horrorizado está vindo de mim.

Uma e outra vez, ele acerta o rosto dela contra o espelho. O rangido da cabeça dela batendo e ossos esmagando com a força dele e depois é só o som do vômito estourando da minha boca, e a gosma nojenta se espalhando na minha frente.

É o ato mais repugnante e verdadeiramente terrível que eu já testemunhei, mas eu ainda não posso desviar o meu olhar. O sangue cobre cada polegada dele. Benny é um predador que aniquila sua presa. Com um acesso de raiva, ele deixa cair corpo sem vida no chão com um baque. Ele torce seu pescoço e, em seguida, gira lentamente a cabeça, seu olhar é sombrio, o meu é enfurecido.

O predador ainda está com fome.

Eu preparo o grito em minha garganta enquanto ele avança, mas morre antes que possa escapar. O medo me faz cair no chão e esperar que o monstro saia da minha cela. Rezo para que ele cante, e cantando, poupe Macy e eu de sua ira.

* * *

Me arrastando de volta ao presente, eu tomo uma respiração profunda antes de encostar e parar o carro com uma freada brusca. Antes que eu possa mudar de ideia, eu já estou seguindo para a pequena casa de um andar, com as persianas que penduram das janelas. Benny é o combustível capaz de me incentivar a continuar.

Chegando aos degraus da frente, eu tento me acalmar, tomando respirações profundas como meu psiquiatra estúpido costumava pedir para eu fizesse em nossas sessões.

Respire, Jade.

Você está apenas ajudando esta menina.

Ela pode ser a chave para trazer Macy de volta.

Estou prestes a bater na porta quando ela de repente se abre. A mulher com cabelo louro encaracolado e bolsas sob os olhos me olha com um olhar expectante.

- Você achou Alena?

Meus ombros vacilam e eu balanço minha cabeça. - Ainda não, mas eu prometo que nós estamos fazendo tudo que podemos para encontrar sua filha.

Lágrimas enchem seus olhos enquanto ela acena com a cabeça. - Por favor, venha para dentro.

Eu a sigo para a casa e me sento na sala de estar. Ela se senta na cadeira, os olhos em uma fotografia de Alena na ponta da mesa.

Alena está mais jovem na foto, talvez nove ou dez anos. Ela segura uma boneca com cabelo vermelho.

Bonequinha linda.

Afastando o meu olhar da imagem, volto minha atenção para a mulher. - Alena tem algum namorado? Ela nunca foi desobediente?

Vocês normalmente brigavam?

A senhora Stevens balança a cabeça e aperta seus longos dedos no colo. - Não, ela era um pouco estranha para sua idade. Nunca teve qualquer interesse em meninos, tanto quanto eu poderia dizer. Ela sempre fez o que lhe é dito. Uma boa menina, minha filha.

Isso confirma minhas suspeitas.

Macy e eu éramos boas meninas também.

- Você tem alguma ideia de quem poderia tê-la levado? - eu questiono.

Ela balança a cabeça. - Eu não sei. Você acha que alguém poderia ter levado meu bebê?

Benny.

- Nós não sabemos ainda, mas nós precisamos pensar em todas as possibilidades.

Foi Benny.

Estou morrendo de vontade de dizer a mesma coisa, mas mordo a língua. Em vez disso, eu puxo uma cópia da imagem do retrato falado que eu enfiei no bolso antes de eu sair da delegacia no dia anterior. Um retrato de quando eu acordei do coma anos atrás explicando em detalhes como Benny parecia. O desenhista fez um trabalho assustadoramente bom. Que parecia fazer Benny voltar à vida. Eu queria arrancar a foto de sua mão e rasgá-la em mil pedaços de tanto que parecia como ele.

Quando finalmente tive força, tirei uma cópia da imagem do banco de dados. Eu a mantive na gaveta da minha mesa como um lembrete, ele ainda está lá fora... eu só tenho que encontrá-lo.

- Senhora. Stevens, - eu começo quando eu afrouxo o aperto na imagem cuidadosamente dobrada em minha mão, para mostrar a ela, - Este homem parece familiar para você?

Ela pega de mim, cuidadosamente abre e seus olhos estreitam enquanto ela inspeciona. Por um momento, eu posso dizer o reconhecimento cintila nos olhos dela, mas depois de um longo minuto, ela balança a cabeça.

- Eu não conheço esse homem.

Eu olho para o retrato e vejo seu olhar sombrio e cruel em mim em sinal de advertência. Eu estou vindo para você, bonequinha linda.

Um arrepio passa por mim e eu tento engolir meu terror. - Você pode me dizer sobre a última vez que viu sua filha?

- Nós discutimos, - ela engasga, perdendo a compostura. Eu entrego a ela um lenço de papel e a encorajo.

Ela balança a cabeça e encolhe os ombros. - Não foi nada realmente, apenas sobre ela tirar dinheiro da minha bolsa sem perguntar.

Fungando, ela assoa o nariz, sorri para mim, embaraçada.

- Ela acabou de menstruar. Não me disse nada e acabou pegando dinheiro para comprar absorventes. Sou uma mãe compreensiva. Eu sei como é. Se ela tivesse me falado... - ela soluça, sugando um gole de ar. - Eu sou mulher e as meninas precisam das suas mães para estas coisas. Gostaria de tê-la levado para comprá-los. - ela olha para mim com os olhos vermelhos, lacrimejantes, esperando... o quê? Compreensão?

Eu não poderia oferecer.

* * *

Minha cela está congelante durante a noite e eu estou lamentando destruir a boneca de Benny. Meu colapso não levou a nada, exceto a me deixar seminua e envergonhada.

Está frio.

Tão frio.

Eu odeio ficar exposta apenas de calcinha e sutiã. Aranhas continuam deslizando pelo chão empoeirado e encontram o caminho para as minhas pernas me picando, deixando minha pele hipersensível e com coceira.

Quero chamar Macy, mas não podemos conversar quando ele está aqui. Quando ele sumir por um dia ou dois, conversaremos. Porém, ela não diz muito e eu tenho que a convencer de falar. Não tenho certeza de quanto tempo nós estamos aqui exatamente. Semanas? Meses? É difícil dizer.

Meu estômago dói e eu esfrego minha mão sobre a carne fria para melhorar. Ele tem feito isso ao longo dos últimos dias. E se eu estiver morrendo? Sacudindo o meu olhar para o banheiro improvisado no canto da minha cela, eu me encolho. Eu odeio usar aquela coisa suja e fere minhas pernas ficar sobre ele.

Eu levanto da cama e começo a caminhar para o banheiro quando uma umidade escorre entre as minhas pernas. Minha mão cai para tocar a umidade e meus olhos se arregalam quando ela volta manchada de sangue.

Olhando para baixo, eu vejo minha calcinha branca encharcada.

Eu estou sangrando.

Meu peito treme e um soluço silencioso escapa do meu peito.

- O que é isso?

Um suspiro escapa dos meus lábios. Eu pensei que ele estaria dormindo na cama que tem ao lado de sua mesa de trabalho do lado de fora de nossas celas, mas ele não está. Ele está olhando para dentro da minha cela, olhando para o sangue manchando minhas calcinhas e parte interna das coxas.

- Meu período, - murmuro, com medo e humilhada. A porta destranca e depois se abre. Realçado por uma brilhante luz da lâmpada em cima da sua cama, vejo seus músculos tensos e o suor que cobre sua pele como uma névoa fina. Ele é lindo e é assombroso.

Eu o odeio.

Quando ele dá um passo em minha direção, eu dou um passo para trás, e seus olhos se estreitam ao meu recuo.

Minhas mãos tentam esconder minhas partes íntimas cobertas pela calcinha, tentando esconder minha vergonha dele.

Ele já tem o suficiente de mim; minha dignidade ainda é minha.

Com um resmungo, ele avança sobre mim, afastando minhas mãos sem esforço. Ele me encurrala, em seguida, suas mãos pincelam sobre meus quadris, fazendo meu corpo tremer e explodir em arrepios.

Não me toque, não me toque, não me toque, eu grito mais e mais na minha cabeça, mas terror me mantém muda.

Enfiando os polegares na cintura da minha calcinha, ele as arrasta pelas minhas pernas. - Tire, - ele ordena, e eu engulo o caroço se formando na minha garganta.

Ele fica joelho na minha frente, sinto sua respiração quente e invasiva na minha parte inferior do estômago.

- Você fede, - ele anuncia.

Vergonha e horror ameaçam me consumir.

- Bonequinha suja. - Seus dedos passam no sangue da minha coxa. Quando ele desliza os dedos em sua boca para provar o sangue e, em seguida, puxá-los para fora de uma forma vulgar, eu vomito.

- Você é uma mulher agora, - ele anuncia. Antes que eu possa falar, ele se levanta e sai da minha cela, levando minha calcinha com ele.

Quando ele chega na porta, ele para e olha de volta para mim. - Não. Se. Mova.

Minhas pernas se contraem, o instinto me diz para correr. Uma guerra se trava entre a cabeça e a adrenalina correndo na minha corrente sanguínea.

Você não vai fazer isso.

Corra.

Ele vai pegar você.

Corra.

Macy.

Eu tropeço para frente um pouco, mas é imperceptível para ele quando ele retorna para a minha cela com um balde. Água e sabão espirram em torno dele enquanto ele carrega o balde para mim e cai de joelhos novamente. Ele pega uma esponja e torce, o aroma de maçã invade meu nariz. O calor da esponja contra a minha carne é a melhor sensação desde que ele me roubou.

- Eu posso fazer isso sozinha, - sussurro, minha voz rouca e cautelosa.

- Não. - diz ele quando um rosnado baixo escapa da sua garganta. - Eu vou limpar a minha bonequinha suja. - ele mergulha a esponja de volta na água e passa em minha perna com a outra mão.

Quando em não me movo, ele bate de novo, com mais força.

Aperto minhas coxas, me recusando a obedecer seu comando sem voz.

Batendo em minha pele mais uma vez, ele tenta fazer com que eu as afaste. Eu cerro os dentes e continuo desconfiada.

- Fique suja então, - ele diz antes de ficar de pé, levando o balde com ele, mas eu não quero ficar suja e pegajosa. Eu alcanço seu braço em um ataque de desespero.

- Não, por favor.

Ele olha para minha mão em seu braço e eu rapidamente puxo de volta.

Eu abro ligeiramente minhas pernas para mostrar a ele que eu vou fazer o que ele me disse e ele me observa por um momento, me estudando em silêncio. Sem aviso, a força da água choca contra minhas coxas com um assobio, me fazendo ofegar.

Ele me limpa rapidamente e eficientemente, e então ele sai e a porta da cela é fechada. Estou prestes a quebrar com o pensamento de estar sem calcinha quando seu braço oscila através das barras, uma calcinha rosa pendurada em seu dedo.

* * *

- Detetive?

Eu afasto meu olhar da imagem e encontro os olhos questionadores da senhora Stevens.

Um brilho de suor encharca minha camisa de dentro para fora.

- Eu sinto muito...

Ela franze a testa. - É este o homem que você acha ter levado a minha filha? Você conhece este homem? Oh Deus, ele é um serial killer?

Recuando, eu me esforço para acalmá-la. - Não, eu só estou seguindo todas as pistas.

Sua cabeça treme quando ela aponta para mim. - Você o conhece. Quem é este? Você está chorando, detetive.

Eu abro minha boca e eu afasto as lágrimas impedindo que elas caiam. - Eu, uh... ele é apenas alguém...

- O que ele fez? Meu Deus, - ela sufoca.

Franzindo a testa, eu me inclino para frente e pego a mão dela.

- Este homem machucou a mim e minha irmã tempo atrás. Mas tenho razões para acreditar que ele está lá fora novamente. Ele pode não ter nada a ver com a sua filha, mas posso garantir que não vou dormir até encontrá-la. Eu estou pessoalmente investindo neste caso.

E é por isso que eu não deveria estar aqui. Eu estou arriscando meu crachá, divulgando essas coisas para ela, perdendo a minha cabeça, e deixando minhas memórias me arrastarem do presente.

Lágrimas caem sobre suas bochechas e ela aperta minha mão.

- Não deixe que ele machuque a minha menina. Oh Deus, por favor.

- Eu não vou permitir isso, eu prometo, - eu digo, tentando confortá-la, mas é uma promessa falsa. E se ele já a machucou?

- Obrigada, - ela engasga. - Obrigada. Eu sinto muito por tudo que aconteceu a você.

Dando a ela um sorriso enganador, eu assinto. - Eu também.

* * *

- Você vai me dizer o que aconteceu hoje cedo? - pergunta Dillon, seus olhos nos meus enquanto ele mexe várias vezes o açúcar no café.

O homem terá diabetes antes dos quarenta se ele não for cuidadoso. - Isso não vai deixar você mais doce. - eu aponto para o açúcar e ele sorri.

- Você acha que eu sou doce o suficiente?

Eu ronco. - Não é o que eu quis dizer.

Ele acena com a cabeça e se inclina para o lado - Eu sei o que você está tentando fazer. Não vai acontecer. Agora, responda à pergunta.

- Não foi nada. - minha mentira faz com que suas sobrancelhas se levantem. Nada afasta esse cara.

- Você quase nunca se deixa levar por suas merdas. Eu tenho observado você por oito meses e você nunca se perdeu assim, - diz ele com sua voz cada vez mais baixa. - Alguma coisa aconteceu e não vamos sair desse café até que você me diga o que era.

- Me observando por oito meses? - eu questiono enquanto pássaros vibram no meu estômago cantarolando, embora eu não saiba por que. Abaixando a cabeça, ele tosse e dá um tapinha no peito

- Trabalhando com você durante oito meses. Trabalhando, não observando. Você está tentando desviar do assunto em questão. - ele acusa, sem me olhar nos olhos.

O meu olhar cai no guardanapo, e eu saliento. - Isso não vai acontecer novamente, - digo a ele com a minha voz firme.

Nossos olhos se encontram novamente. No sol quente derramando pela janela, o seu olhar é um castanho chocolate derretido. Eu nunca percebi o quanto seus cílios são escuros. Dillon é bonito. Eu via a maneira como as mulheres na delegacia se derretiam para falar com ele, mas para ser honesta comigo mesma, eu nunca prestei muita atenção. Mentirosa.

Ele sempre me tratou como um fardo e eu respondia na mesma moeda. Agora que ele está mostrando preocupação, eu o vejo em uma nova luz e isso me irrita. Eu não quero que a nossa dinâmica mude. Eu não posso lidar com ele querendo estar dentro dos meus pensamentos. Ele não vai gostar.

Bonequinha suja.

Ele traz sua caneca para os lábios cheios e dá um gole no líquido quente, nunca quebrando o nosso olhar. A barba por fazer em suas bochechas cai bem para ele. Quando ele baixa sua caneca, ele corre os dedos pelo cabelo escuro e me dá um olhar que diz que podemos ficar sentados aqui o dia todo.

Entendo que eu não vou conseguir escapar tão facilmente, então bufo, resignada.

- Você leu meu arquivo ou sabe disso.

Um flash de raiva passa sobre suas características e ele me dá um aceno. - Psicopata.

Benny ou eu?

- Você acha? - eu lato com uma risada áspera.

Ele dá mais um gole no café, suas sobrancelhas escuras se juntam. Eu nunca tive a sua atenção e, francamente, isso me enerva. Estou consciente do coque bagunçado que prendi meu cabelo esta manhã. Da forma como o botão da minha camisa está desfeito na parte superior, permite que o ar frio beije minha carne. Do jeito que eu apressadamente passei a maquiagem antes de sair pela porta, não levando muito tempo para ficar bonita.

Bonequinha linda.

Um tremor corre através de mim e ele dá um tapa na mesa, me assustando.

- Não, Jade. Agora. Fale, - seu tom não deixa espaço para discussão.

- Eu, uh... eu me assustei porque... - eu paro e afasto as lágrimas que insistem em cair. - As bonecas. Meu sequestrador fazia bonecas. Ele as vendia no mercado. É como ele nos atraiu para sua van naquele dia.

Dillon não fala, mas sua mandíbula range enquanto ele cerra os dentes e aqueles olhos de chocolate derretido incendeiam com fúria, deixando evidente uma faísca que não se via anteriormente.

- Eu vi as bonecas e eu estava lá. Eu estava de volta na cela com ele. Seu corpo estava... - eu engasgo com as minhas palavras, - Sua respiração... oh, Jesus.

- Que doente, - Dillon rosna.

Benny ou eu?

* * *

O barulho da porta se fechando atrás dele me faz acordar assustada. Minha cela está escura como breu e ele não liga nenhuma luz para quebrar a escuridão que paira na calada da noite, mas eu posso sentir sua presença, a respiração irregular profunda ecoar em torno de mim. Se sentando no colchão, eu olho de soslaio, tentando ajustar meus olhos no escuro.

- O que você quer de mim? - eu assobio, com cuidado para não acordar a minha irmã.

Ele se senta na cama ao meu lado, o calor é escaldante entre nós, e eu me encolho para longe dele. Quando sua mão agarra meu braço e me puxa para ele, eu grito, apesar de querer ficar quieta.

Ele tinha acabado de matar outra menina. Eu não assisti, mas seus rostos ainda são fantasmas na minha cabeça, seus gritos ecoam na minha mente à noite.

Ela não estava certa, ele tinha cantado enquanto massacrava ela. Eu não conseguia bloquear seus gritos e murmúrios enquanto ela se afogava em sua própria essência da vida.

Quatro meninas tinham chegado e saído, deixando o mundo espiritual e minha voz interior sempre perguntava por que ele nos mantinha presas.

Mas ele nos mantinha.

Ele nos mantinha trancadas.

Afastadas uma da outra e carentes.

Carentes de conforto e conexões.

- Ela não foi honesta comigo. Não é bonita o suficiente e ela mentiu. Por que elas mentem sobre sua idade? Ela não tinha vinte e um, a habilitação dizia que ela tinha dezenove anos. Por que mentir? - ele me pergunta, mas eu não acho que ele quer uma resposta. Ele nunca quis antes.

Suas mãos vibram quando ele as esfrega nas coxas em seus jeans. Ele está sem camisa, como sempre, e o sangue se adere à sua pele, o fazendo parecer uma peça de arte macabra.

- Por que você nos mantém aqui? - eu vejo as palavras saindo da minha boca antes que eu possa pensar. O meu estado sonolento me deixou atrevida.

Quando a sua cabeça se vira para olhar para mim, eu puxo o ar e tento não murchar sob seu olhar.

- Você, - ele diz simplesmente.

- Eu?

- Sim, você. - a mão dele segura meu rosto e meu peito me restringe de inalar ar.

Seu corpo circunda o meu, sugando o oxigênio do ambiente, dos meus pulmões.

Isso é novo.

- Você é a boneca mais bonita que eu já vi. - sua respiração bate no meu rosto com um sopro de calor.

Bonita?

Ele normalmente me chama de boneca suja.

Nunca bonita.

Minha pele treme quando a boca dele se aproxima e ele inala o espaço entre minha orelha e o ombro. Faz cócegas quando ele suspira e fuça contra o meu cabelo. Estou acostumada a seu abuso. Suas palavras cruéis. Suas técnicas de fome e tortura.

Estou acostumada a ouvi-lo sobre o quanto ele gosta de vestir a minha irmã em vestidos ridículos e como ele pinta o rosto dela como se ela fosse uma boneca de verdade. Estou acostumada com a maneira como ele nos banha com um pano e esfrega nossa carne crua.

Durante três anos, esta tem sido a nossa vida.

Sermos suas prisioneiras em um mundo que só faz sentido para ele.

Eu não estou acostumada a isso.

Seu toque suave.

O crepitar ansioso da energia no ar.

Eu estou aterrorizada.

Assim como eu mudei e cresci em uma mulher ao longo dos anos, ele também mudou.

Ele está mais alto e seus músculos maiores. Seus músculos abdominais são definidos e o recuo profundo em seus quadris estão mais proeminentes. Seu cabelo está mais longo e não é cortado há um tempo.

- Eu quero brincar com a minha bonequinha suja. Eu não posso esperar mais. Você se sente pronta, com idade suficiente? - ele pergunta em meu pescoço, as mãos em ambos os lados da minha cabeça. Não...

- Não. - eu consigo sufocar.

Ele se eleva acima de mim, me perfurando com seus olhos vazios.

- Eu quero brincar com a minha bonequinha suja. - suas palavras repetidas enviam um arrepio de medo através de mim. - Você é minha. Toda minha. Eu não vou esperar mais.

Sua língua se lança e passa no meu pescoço, logo abaixo da minha orelha. Fico congelada, com muito medo de me mover. Quando sua mão desliza na frente do meu peito nu e o agarra, o mundo gira em torno de mim.

Eu tinha ficado sem meu sutiã há um tempo, a coisa que eu tinha quando cheguei aqui.

Cheguei... como uma hóspede de hotel.

Quando eu o desafiei uma vez me recusando a tirá-lo para que ele pudesse me lavar, ele arrancou de mim e me fez viver nua desde então.

- É hora para eu amar minha boneca suja. - ele acaricia a mão sobre meu rosto. - Esse rosto é tão bonito e perfeito. - seus olhos caem sobre mim. - Este corpo. - seus joelhos vacilam entre minhas pernas, forçando-as a se separarem. - Sua buceta preciosa e pura.

Vômito queima na minha garganta e uma lava quente jorra dos meus olhos, queimando minhas bochechas no processo.

Eu me mexo embaixo dele num ato desesperado de tentar me livrar e é recebido com resistência quando o seu peso me prende na cama.

Suas mãos espalmadas me apalpam. O cheiro de cobre do sangue da boneca morta enche meu nariz. Ele se mexe em cima de mim, e com os pés puxa as pernas da calça jeans para baixo de sua cintura até que o seu comprimento duro está contra meu estômago.

Eu balanço minha cabeça, quando eu entendo o que está por vir, caindo sobre mim como uma chuva fria.

- Não, por favor.

- Eu te amo. - ele sibila, colocando a mão sobre a boca para me silenciar.

Amor.

Uma palavra estúpida que sai de sua boca detestável.

O único amor que eu já senti foi a da minha irmã e pais. Certamente não de Benny. Eu nunca vou sentir amor por este monstro que quer tomar mais de mim do que ele já tem. Não sobrará nada.

Ele levanta minha perna sobre o braço, me abrindo. A ponta do seu pênis aponta para mim até que ele está entre nossos corpos e alinhado com a minha entrada.

Meus olhos incham quando ele empurra para dentro de mim. Eu os fecho bem apertados, o fogo explode atrás de minhas pálpebras quando eu prendo a respiração e espero a dor excruciante diminuir.

Por que isso é tão ruim? Por que as pessoas escolhem fazer isso?

Seu peso ainda está me esmagando. Sua respiração é profunda e tensa.

- Perfeita, - ele anuncia.

Quero rasgar sua carne até que ele não passe de um papel amassado.

- Só vai doer por um minuto, - ele me assegura antes de empurrar para dentro de mim uma e outra vez.

Ele mentiu.

Nunca para de doer.

Ele finalmente para e grunhe, e um líquido quente esvazia dentro de mim e derrama para fora. Desesperada como louca, eu quero me limpar, mas eu estou congelada na cama. Eu nunca vou ter isso de volta.

Seu peso se eleva sobre o meu ao se sentar ao meu lado. Ele esfrega seu pênis e com a ponta do polegar, ele passa em meus lábios o resíduo da minha inocência, como se fosse batom.

- Minha bonequinha perfeita e suja. - sua cabeça cai para mim e seus lábios pairam sobre os meus. - Não há ninguém como você.

E então ele sai e eu estou sozinha, vazia e morrendo por dentro.

Arruinada.

* * *

Fechando os olhos, tento pensar em coisas mais felizes, mas é um breve momento.

Eu não sei o que diabos me faz feliz.

Macy.

Macy.

Macy.

Quando um braço forte se envolve em torno de mim, eu solto um grito. Somente então eu percebo que Dillon deslizou para dentro da cabine ao meu lado e me puxou contra seu corpo sólido. Uma lágrima faz seu caminho para fora, para minha grande consternação, mas eu não o afasto ou tento disfarçar a minha aflição.

Eu gentilmente o deixo me abraçar. É surreal sentir as lágrimas no meu rosto, sabendo que elas estão imergindo contra o algodão de sua camisa e ele não me julga neste momento. Eu não chorava há muito tempo.

Suas mãos grandes passam de cima e para baixo do lado do meu braço, acalmando meu coração que está disparado. O aroma de hortelãpimenta e couro, agora misturados com café, me acalma e eu relaxo em seu aperto. É mais fácil do que eu imaginava que seria. Eu me encaixo contra ele como se a curva de seu corpo fosse criada para proteger uma mulher cheia de tristeza e enterrada nas memórias de uma menina quebrada criadas pelo momento. Suspirando em seu corpo, eu saboreio o conforto, grata a ele por não estar sendo provocador como habitual.

Depois de um momento, ele fala. Com minha cabeça contra ele, eu posso sentir o estrondo fundo sacudir o seu caminho através de mim. - A boneca. Na loja, - diz ele, sua voz grave, - era familiar?

- Sim.

- Você acha que o homicídio pode estar vinculado a seu próprio caso?

Eu assinto e mordo meu lábio inferior. - E a menina que foi retirada do shopping. Uma testemunha afirma que ela a viu falando com alguém que corresponde à descrição de Benny. Está tudo interligado, Dillon. Eu juro, eu não sou louca.

Levantando minha cabeça, eu olho em seus olhos para ver se ele acredita. Grande erro. Com minhas emoções em todo o lugar e o monstro do meu passado fresco em meus pensamentos, de repente eu me encontro ávida por mais conforto de Dillon. Um pensamento vergonhoso entra na minha mente e eu rapidamente me afasto. Mas quando seus olhos escuros roçam nos meus lábios por um breve momento, um calor me atravessa.

- Você não parece muito cadela deste ângulo, - ele brinca antes de me soltar. - Mas você ainda é irritante. - ele pisca e retorna para o seu lado da mesa, e minha pele arrepia instantaneamente com a perda dele.

Pensamentos de Bo fluem em minha consciência e eu quero vomitar.

Eu sou uma pessoa terrível.

É exatamente por isso que eu não deveria me casar com ele.

- Eu estou noiva, - eu deixo escapar.

Aparentemente, eu só não sei quando parar.

Um olhar que eu não consigo interpretar pisca sobre seu rosto antes dele limpar a garganta. - Felici-fodidas-tações. - ele força um sorriso. - Agora, me diga sobre esse filho da puta e como nós vamos finalmente capturá-lo.

Eu penso sobre os momentos imediatamente antes de agora, quando eu estava revivendo Benny roubando minha virgindade.

Isso foi o mais gentil que ele já tinha estado comigo. Após essa primeira vez, ele se tornou ávido pelo meu corpo e seu monstro deixar fora a coleira foi implacável. Ele gostava de me dizer constantemente como ele não era um pervertido e meu corpo estava totalmente desenvolvido, ele era obcecado para não convencer apenas a mim, mas eu acho que a si mesmo. Seus problemas eram profundos.

Dillon quer saber sobre aquele idiota. Assim como Bo queria saber todos os detalhes sobre ele.

Mas eles não podem lidar com a realidade do que aconteceu comigo.

Inferno, eu mal posso lidar com isso.

Eu me escondo quando eu me lembro o que Benny fez comigo no final. Se eles soubessem tudo sobre ele, então eles saberiam tudo sobre mim.

Vergonha me banha.

Eles não podem saber.

* * *

- Por favor... - o meu apelo se desvanece em um sussurro quando sua mão continua a viajar para baixo, - Eu estou no meu período.

Ele ri e as vibrações apertam a minha própria alma. - Eu sei. Você tinha sangue nas coxas durante toda a semana. Mas você está quase pronta, quase sem sangramento, bonequinha suja.

- Eu não quero... - minhas palavras morrem na minha garganta no momento em que ele me toca entre as minhas pernas. Eu me contorço, tentando me afastar, mas ele me esfrega em um lugar que faz passar uma corrente elétrica através de mim.

Ele conhece meu corpo melhor do que eu agora, e às vezes, nem sequer parece que é meu. É como se meu corpo estivesse me traindo e pedindo para sentir a libertação que ele oferece. É a minha única saída deste lugar.

- Deite-se e me deixe amar você. - ele murmura, seus dedos massageando círculos abaixo dos meus pelos pubianos. Com cada redemoinho que seus dedos fortes fazem, eu sou arrastada para este pesadelo doente mais e mais.

O prazer pulsa através de mim, entorpecendo meus cortes e contusões de uma explosão que ele tinha antes, quando eu chamei a sua mais recente boneca de porcelana de feia.

Uma sensação externa de ódio ainda ruge constantemente dentro da minha cabeça. Estou presa em sua loucura perversa, deixando isso me devorar, de alguma forma eu não posso sequer compreender ou antecipar.

Antes mesmo de eu perceber, eu estou deitada de costas no colchão. Minhas coxas se abrem quando ele continua seu ataque contra mim, e eu não luto.

Eu geralmente luto.

Eu normalmente brigo, e grito enquanto ele me machuca.

Mas ele fez algo para minha mente sendo gentil, mudando o que nós compartilhamos antes com essa nova coisa que ele faz com o meu corpo.

Ele finalmente me quebrou.

E eu vou deixá-lo fazer coisas que eu nunca soube que eram possíveis.

- Oh... - eu lamento, cada músculo do meu corpo apertando com a necessidade de libertação.

Libertação de quê?

- É isso aí, bonequinha. Me mostre que você me ama.

Lágrimas caem nos meus olhos. Eu sou fraca, tão fraca por não empurrá-lo. Eu deveria chutar a cara dele. Correr enquanto eu posso. No entanto, eu não sei. É inútil de qualquer maneira. Ele é muito forte,

- Oh!

- Relaxe, - ele afirma, - deixe que isso aconteça.

E então acontece.

Seja o que for.

Uma luz branca me cega quando explode em torno de mim na minha cela escura. Um prazer que eu nunca soube que existia possui meu corpo até que eu estou tremendo, sem restrições. Nada faz sentido. Benny me machuca. E agora ele me toca de maneira que me faz sentir bem.

Estou perdida em meus pensamentos quando seu corpo pesado cai sobre o meu, me esmagando debaixo dele.

Eu posso sentir o seu...

- Oh Deus, - eu gemo quando a ponta do seu pênis empurra contra a minha abertura lisa.

Eu começo a chorar de desgosto de mim mesma. Eu tenho reações e emoções misturadas, minha mente me dizendo uma coisa, mas meu corpo dizendo outra. O contato humano, sob qualquer forma depois de um tempo se torna desejo.

Sua boca na minha me silencia. Ele nunca colocou sua boca na minha. Ele nunca me beijou na boca.

O que está acontecendo?

- Shhh, - ele murmura com seu hálito quente fazendo cócegas em meus lábios enquanto ele começa empurrando sua espessura dentro de mim.

Normalmente ele não se importa se ele me machuca.

Ele gosta de me machucar.

Não estou entendendo.

Eu soluço com a dor de deixá-lo me dar prazer me conflitando. Seus impulsos aumentam e ele começa a bater forte, ficando mais áspero, meu corpo dá solavancos debaixo dele. Parece como se ele estivesse me rasgando em duas. E pelo que sei, talvez ele esteja. Talvez ele vá me rasgar e consumir os restos da minha alma.

- Shhh, eu te amo, bonequinha.

Soluços sufocam minha garganta quando lágrimas deslizam pelo meu rosto, me fazendo hiperventilar. É oficial. Estou no inferno. Ele ainda permanece dentro de mim enquanto eu tento recuperar o fôlego.

- Você é minha. Toda minha. Me ame, minha linda bonequinha, - ele murmura, seus lábios encontrando meu pescoço. Ele suga a minha carne e começa a me beijar de uma forma quase reverente que me confunde. Eu estou tão envolvida em seus beijos que eu não percebo que ele também está massageando acima de onde ele está dentro de mim. Ondas de prazer começam a se construir de novo e a dor dele dentro de mim desaparece.

E eu preciso...

Eu estou deitada, minhas mãos agarrando em meus lados, mas como ele me faz sentir bem novamente, o desejo de tocá-lo, assume.

Contato. Conexão.

Meus dedos deslizam até seus ombros esculpidos quando uma fantasia começa a tocar em minha mente.

Que ele nos ama agora.

Ele vai ser gentil.

Ele vai nos deixar ir.

Ele está mudando. Isso tudo vai acabar logo.

O pensamento é passageiro. Ele nunca vai deixar suas bonecas irem.

Seus lábios encontram os meus novamente e ele me beija com uma emoção que eu sinto no meu próprio ser. Ele acredita que isso é amor.

Que isso é real.

Não é.

Mas se eu entrar nesse jogo, talvez ele vá me tirar da minha cela.

Eu poderia ver Macy...

Poderíamos fugir.

Eu deslizo meus dedos em seus cabelos e o beijo de volta com um fervor que eu não sabia que possuía. Ele se atira em mim e dói, mas se eu o deixo acreditar que ele está me reivindicando, então talvez ele realmente vá cair na realidade e vai querer estar comigo fora destas paredes. Seu corpo consome o meu e eu me perco no papel que eu estou desempenhando.

O prazer se sobrepõe a dor, me distraindo a tal ponto que eu sou uma participante voluntária, fingindo ou não.

Meus dedos apertam em seu cabelo comprido e encaracolado e eu abro minhas pernas.

Ele dirige para dentro de mim, me lembrando mais uma vez que ele é um homem e eu sou apenas a sua boneca. Mas a forma como ele sussurra beijos nos meus lábios como se eu fosse preciosa para ele, me faz pensar que eu estou conseguindo fazer ele me amar de verdade. Talvez eu tenha um certo poder também. Seios e pelos do corpo e períodos menstruais pregam peças em homens? Eu estou me tornando sua mulher a seus olhos?

- Porra, você é tão perfeita, - ele resmunga, mordiscando meu lábio, mordendo e tirando sangue. É sua maneira de ser brincalhão, e amar ao mesmo tempo. Ele gosta de pintar os lábios vermelhos de sangue.

O som de sua pele me golpeando faz minha carne esquentar, um tremor dentro de mim começa a pulsar como antes, mas mais poderoso. Eu preciso dessa sensação de novo, como eu preciso respirar. - Você me ama?

Suas palavras me assustam, mas seus dedos nunca param de se mover entre as minhas pernas. Ele nunca diminui. Aqueles lábios que eu odeio adorar.

Não!

- S-sim, - eu gaguejo.

Eu te odeio!

Ele geme. - Eu vou gozar.

Isso significa que ele vai acabar em breve. Eu estou tentando planejar minha fuga quando o prazer passa através de mim mais uma vez me queimando. Isso provoca uma resposta dentro dele também. Seu pênis parece dobrar de tamanho, em seguida, um líquido quente derrama em mim.

Meu corpo é uma bagunça. Eu não sou nada além de uma boneca de pano, um trapo.

Ele desliza para fora de mim e o calor do seu corpo me deixa. Eu deito lá imóvel enquanto ele se mexe. Eu fico atordoada por não sei quanto tempo até que eu sinto um pano quente e úmido entre minhas pernas.

- Você está tão suja, bonequinha.

Pela primeira vez, as suas palavras não me fazem estremecer. Deixo ele me limpar e não luto com ele. Minha mente está embaralhada e confusa, mas é a primeira vez que ele entrou na minha cela, e eu senti como se eu tivesse algum poder.

É a primeira vez que ele fez algo de bom.

E se ele fizer essas coisas com Macy?

O pensamento comprime meus pulmões e eu sufoco minhas palavras. - Vo-você fez isso com a minha irmã?

Sua risada é quente no quarto escuro. Não consigo relaxar, como de costume. Isso cria uma queimação interior que não existia antes.

- Você quer que eu faça?

Não. Por favor... não.

Balanço a cabeça.

Sua mão aperta meu queixo e seu olhar mergulha no meu, me deixando vulnerável.

- Só você, bonequinha suja, - ele me assegura. - É só você.

* * *

A memória de Benny é muito fresca. Meu coração corre no meu peito e é quase como se eu ainda pudesse sentir o pulsar nojento que ele usou para evocar de mim entre as minhas coxas. Benny fodeu minha cabeça e virou meu corpo contra mim mais vezes do que eu posso me lembrar. Todos esses anos mais tarde, e ele ainda me encontra. Ele ainda sabe como fazer os meus pensamentos me traírem.

Eu posso não estar naquela cela mais, mas Benny ainda é meu dono.

            
            

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