Minha voz saiu fraca, trêmula como a de uma criança, quando perguntei: "Por quê? Por que você faria uma coisa dessas comigo?"
Em resposta, Juniper soltou uma risadinha de satisfação enquanto caminhava na minha direção, completamente nua e sem qualquer vergonha na cara. "Ai, maninha, ainda não entendeu?" Tombando a cabeça para o lado, com os olhos brilhando de malícia, ela completou: "Você foi apenas um peão no tabuleiro. Aliás, quanto tempo, hein?"
Sentindo minhas narinas inflarem de raiva, retruquei: "Você deveria ter ficado fora da minha vida."
"E eu fiquei, na maior parte do tempo", rebateu ela, estalando a língua no céu da boca. "Mas então me dei conta de que você não merece ser feliz. Foi aí que meu namorado precioso entrou na jogada."
Enquanto falava, ela acariciou o rosto de Tyler com um sorriso presunçoso.
Desesperada, me virei para ele e trinquei os dentes, implorando com um tom que beirava a súplica: "Isso é mentira! Por favor, Tyler, diga que é mentira. Diga que você não estava brincando com a minha cara esse tempo todo."
Respirei fundo, aguardando a resposta.
No entanto, após manter o maxilar tenso por um segundo, um sorriso de canto surgiu nos lábios dele, escurecendo seu olhar. "É verdade, Meadow. Por que acha que eu nunca quis te levar para a cama? Acreditou mesmo que era por respeito à sua vontade de esperar até o casamento?"
Carregada de deboche, Juniper interveio: "Você acha que Tyler te encontrou por acaso? Que ele simplesmente se apaixonou pelo seu jeitinho puritano e sem sal?"
Encostado na cama e de braços cruzados, Tyler ostentava um sorriso cruel ao admitir: "Juni me contou tudo sobre você antes mesmo de nos conhecermos. Seus hábitos, suas inseguranças, seu gosto para homem... Puta que pariu, cansei de fingir ser o bom moço. Mas, confesso, até que foi fácil."
O impacto dessas palavras me fez cambalear, e tudo doía - minha cabeça, meu peito e meu coração.
"Vocês... planejaram isso? Desde o começo?"
Com o sorriso se alargando, Juniper confirmou: "Claro que sim."
"Por quê? Por que fez isso comigo?", perguntei, com a voz embargada.
Sua voz se tornou venenosa ao responder: "Porque ver você desmoronar é a única coisa que me faz sentir inteira."
Sem forças para me sustentar, meus joelhos cederam e desabei no chão, soluçando sem controle enquanto confessava: "Eu te amava... Eu amava ele."
Agachando-se ao meu lado, Juniper afastou os fios do meu rosto com uma ternura fingida. Doía constatar que alguém com a aparência idêntica a minha pudesse ser tão cruel, embora, se eu analisasse bem, ela sempre tivesse agido como uma vadia comigo desde o nosso nascimento.
"Eu sei", sussurrou ela, inclinando-se o suficiente para que o cheiro misturado de sexo e suor de sua pele invadisse minhas narinas. "É justamente isso que torna tudo tão deliciosamente satisfatório."
Ela se afastou, soltando outra risada cortante antes de admitir: "Sinceramente? Estou meio decepcionada por ele não ter transado com você. Teria sido muito mais saboroso saber que você se entregou por inteira e, ainda assim, não foi o suficiente."
Me levantei e fui até Tyler. "Tyler? Tyler, por favor... Me diga que tudo o que tivemos não foi uma farsa. Diga a Juniper que ela não sabe o que está dizendo."
Mas, mesmo com os olhos marejados, eu sabia, no fundo, que ele era um caso perdido.
Fazendo uma careta, ele virou o rosto para Juniper e comentou: "Isso é bizarro para caralho. Ter vocês duas aqui é como olhar para a mesma pessoa, só que..." Estendendo a mão para ela, ele completou: "Eu só amo uma de vocês."
Quando eles voltaram a se beijar, comecei a recuar.
Juniper, no entanto, se virou para mim uma última vez. "Se importa? Precisamos terminar o que começamos, e eu estou com um tesão acumulado do caralho." Inclinando a cabeça com cinismo, acrescentou: "Mas pode ficar assistindo, se quiser."
Permaneci estática, assistindo ao beijo e desejando ter forças para reagir ou revidar, mas não havia nada que eu pudesse fazer.
A única coisa que pude fazer foi enxugar as lágrimas de raiva dos meus olhos, me sentindo patética. Então, saí furiosa do quarto.
...
"Mais um."
O barman não hesitou em me servir outra rodada de shots, que bebi imediatamente, sentindo o álcool queimar minha garganta pela enésima vez - uma sensação que eu estava adorando.
Eu já tinha perdido a noção do tempo. Depois que saí do hotel - sem meus pertences, aliás -, andei sem rumo pelas ruas e entrei na primeira boate que encontrei.
Um riso amargo escapou dos meus lábios.
A essa altura, eu deveria estar dançando e bebendo com meu marido, e não me embriagando para apagar da memória os gemidos da minha irmã gemendo o nome dele.
Definitivamente, eu não deveria estar ali tentando esquecer o fato de que fui feita de otária. Fui estúpida o bastante para permitir que meus sentimentos por Tyler me cegassem para sua verdadeira natureza.
Virei outra dose, deixando a queimação se misturar à música ensurdecedora que fazia meu corpo inteiro vibrar.
Espere...
Não.
Percebi de repente que o arrepio percorrendo minha espinha não vinha da música.
Eu estava sendo observada. Sentindo um olhar queimar minhas costas e eriçar os pelos da minha nuca em alerta, fiquei imóvel, sem me virar.
"Fico imaginando o que você fez para merecer isso", comentou o barman distraidamente, enquanto polia um copo com o guardanapo.
Confusa, inclinei a cabeça, perguntando-me se ele falava comigo: "Como é?"
Com um sorriso de canto, o barman fez um gesto sutil, indicando algo atrás de mim. "O solteiro mais inalcançável do país está te secando agora mesmo." Elevando a voz para superar o som ambiente, completou: "Só estou tentando entender o que ele viu em você."
Apesar do volume alto da música, as batidas do meu coração martelavam nos meus ouvidos.
Prendi a respiração, hesitante, antes de me virar na direção que ele havia indicado.
O que capturou minha atenção primeiro foi o relógio.
Embora a distância me impedisse de identificar a marca, o modo como as luzes estroboscópicas refletiam na peça deixava claro que era cravejada de diamantes negros.
O acessório adornava o pulso de uma mão grande e, graças à minha visão aguçada, notei uma tatuagem desaparecendo sob a manga do terno escuro.
E isso era tudo o que eu conseguia ver.
O restante de sua figura era uma sombra apoiada no parapeito do mezanino, exalando a postura de quem é dono do mundo. E, embora eu não pudesse ver seu rosto, eu tinha certeza absoluta de que seus olhos estavam cravados em mim.
Não se tratava de um olhar passageiro ou mera curiosidade. Era algo muito mais intenso.
Uma atração magnética me puxava em sua direção, despertando uma vontade súbita de confrontá-lo e perguntar por que diabos ele me encarava, mas meu corpo não obedecia.
Minha pulsação falhou. Virei-me para o barman novamente e, já meio tonta pelo álcool, sussurrei para o barman: "Quem é ele?"
O sorriso do rapaz ficou tenso ao responder: "Aquele é Alaric Ashford."
Senti um aperto na boca do estômago, pois eu conhecia esse nome.
Inclinando a cabeça, o barman acrescentou: "E parece que ele acabou de encontrar seu novo alvo."