Engolindo em seco, deixei meu olhar escorregar involuntariamente para o ponto onde minha palma repousava contra o peito dele. Sob o tecido, a pele de Alaric irradiava um calor intenso, e senti cada músculo dele se enrijecer sob o meu toque no instante em que ele soltou um suspiro pesado.
Então, ele soltou meu pulso. O instinto de qualquer pessoa sã teria sido recolher a mão e correr dali como se sua vida dependesse disso.
Mas a sanidade nunca foi o meu forte. Minha mente, enevoada pelo álcool, gritava alertas estridentes sobre o perigo que ele representava, mas decidi ignorar cada um deles.
Nesse instante, a adrenalina do risco era a única coisa que me fazia sentir viva.
"Por que está fazendo isso?" A pergunta saiu num sopro trêmulo, quase inaudível. "Você afirma saber tudo sobre seus funcionários, mas nenhum chefe seria insano a ponto de memorizar o rosto de cada pessoa que cruza o caminho deles."
Diante do silêncio impenetrável dele, prossegui: "De alguma forma misteriosa, você sabe da existência da minha irmã e sabia que Tyler estava com ela. Como?"
Alaric permaneceu mudo. Imóvel como uma estátua.
Então, continuei.
Lentamente, meus dedos voltaram a se mover, traçando círculos tímidos e incertos sobre o peitoral dele. Eu sabia que estava abusando da sorte, mas a indiferença tomou conta de mim.
O álcool correndo em minhas veias amortecia tudo - o medo, o autocontrole e qualquer resquício de juízo.
Sob o colarinho entreaberto da camisa, vislumbrei o rastro de tinta preta, traços firmes que pareciam dialogar com o desenho que eu notara antes em seu pulso.
Uma vontade insana de despir essa pele e desvendar o resto tomou conta de mim.
Deus, como eu queria conhecer cada linha dessa tatuagem.
A cada roçar suave dos meus dedos, o olhar de Alaric escurecia e seus músculos se contraíam, denunciando o esforço hercúleo que ele fazia para não retribuir o toque.
Ele me desejava.
Não, não só isso - ele me olhava como se quisesse me possuir.
"É essa a resposta que você procura, Meadow?"
O som do meu nome nos lábios dele fez meus cílios tremerem. Havia suavidade, sim, mas envolta em uma lâmina de comando.
Tive a certeza absoluta de que, se ele ordenasse, eu obedeceria sem questionar.
Minha boca ficou seca e engoli a saliva, decidindo responder com sinceridade.
"Não", sussurrei, balançando a cabeça negativamente.
Pois, sendo honesta, a resposta para aquelas perguntas não importava mais. Eu não fazia ideia do por quê, mas em meio ao caos da noite, uma epifania me atingiu. Eu também o queria.
Não era pela beleza surreal ou pela conta bancária ilimitada. Nem mesmo pelo fato de ele ser o chefe do homem que destruiu minha vida.
Eu o queria porque, pela primeira vez em toda a minha existência, alguém estava focando os holofotes em mim.
Não em Juniper.
Apenas em mim.
Era patético, eu tinha consciência disso.
Recolhendo a mão, deixei um suspiro exausto escapar. "Não entendo por que estou agindo assim. Você é um completo estranho."
O olhar dele capturou o meu, intenso e inquebrável. "Mas você quer que eu não seja mais."
Odiei a precisão da afirmação.
Dei de ombros, sentindo o peso da derrota. "Meu juízo não está no lugar certo agora, Alaric." Uma risada amarga rompeu meus lábios, abrindo as comportas para as emoções que eu tentava represar.
Meus olhos arderam, marejados. "Fui feita de idiota."
Não havia lógica em desabafar com ele, mas as palavras jorravam sem filtro.
"Tyler, minha irmã... eles brincaram comigo por anos e eu, na minha cegueira, não vi nada. Fui tão estúpida. Eu realmente achei... achei que era amada."
Lutei com todas as minhas forças para não desmoronar na frente desse homem, mas no instante em que ele me puxou contra seu peito largo, perdi a batalha.
"Não segure", a voz grave dele vibrou contra meus cabelos. "Coloque tudo para fora."
Eu não queria chorar. Juro que não queria.
Mas eu desabei.
Num piscar de olhos, a contenção desapareceu e eu estava soluçando contra a camisa dele, meus punhos agarrados ao tecido com força, o corpo tremendo como se finalmente tivesse recebido um alvará para desabar.
A mão de Alaric deslizava pelas minhas costas em movimentos circulares e lentos, oferecendo um consolo inesperado.
"Basta uma palavra", ele disse, de repente.
Afastei o rosto do peito dele, limpando as lágrimas com as costas da mão de forma desajeitada. "O quê?"
Ele levou a mão ao meu rosto, e meu coração disparou contra as costelas quando ele acomodou uma mecha rebelde atrás da minha orelha.
Foi um gesto gentil, mas o olhar dele era totalmente assassino.
"Diga a palavra e eu te entrego a vingança que você deseja."
Pisquei, confusa, franzindo a testa. "E quem disse que eu quero vingança?"
Uma risada nervosa escapou da minha garganta.
Alaric soltou o ar devagar, um sorriso presunçoso curvando o canto de sua boca. "Você não pode negar, Meadow. O desejo de vingança está aí. Contra Tyler. Contra sua irmã. Você quer que eles paguem cada centavo pelo que fizeram."
Ele deu um passo em minha direção, e eu recuei um. Não por repulsa, mas pelo desejo instintivo de ser perseguida.
Em segundos, minhas costas encontraram a parede fria e Alaric se inclinou, apoiando a mão ao lado da minha cabeça, me aprisionando em seu espaço.
Tudo nesse homem exalava um sex appeal perigoso. E cada sílaba que ele pronunciava soava como uma promessa letal.
Mais do que perigosa.
Contudo, ele estava coberto de razão. Eu queria vingança.
Juniper já havia arruinado minha vida muito antes daquela noite e, agora, tinha me roubado a única coisa que eu acreditava possuir.
"Por que você faria isso por mim?"
O olhar dele desceu, fixando-se na minha boca, e vi a ponta de sua língua umedecer o lábio inferior. Um desejo súbito de que ele fizesse isso em mim me invadiu.
"Porque você me olhou como se eu tivesse o poder de te destruir", respondeu ele. "E porque você me tocou como se quisesse pertencer a mim."
Ele eliminou a distância, a boca a milímetros da minha, roubando todo o oxigênio do ambiente.
"Eu não sinto nada, Meadow." O hálito quente dele acariciou meu rosto. "Sou imune ao toque humano. Mas senti o seu."
Os lábios dele roçaram nos meus levemente, arrancando um suspiro sufocado da minha garganta.
Ele não esperou por respostas ou questionamentos, embora eu tivesse milhões deles.
"Posso te dar exatamente o que você quer", murmurou ele. "O pacote completo. Vingança. Poder. Um novo nome. Um nome intocável, que fará aqueles dois engasgarem quando descobrirem a quem você pertence."
Tentei recuar, mas a parede atrás de mim me lembrava que não havia escapatória. 'Sim', eu queria dizer. 'Eu quero tudo.'
As palavras seguintes de Alaric foram pronunciadas com uma lentidão calculada, cada sílaba desenhada para me tirar o chão: "Case-se comigo."
Pisquei, enquanto meu cérebro entrava em curto-circuito tentando processar a informação. "Você só pode estar brincando."
Ele negou com a cabeça, a expressão séria. "Não."
Alaric se afastou, permitindo que o ar voltasse aos meus pulmões.
"Como você pode... c-como... você nem me conhece. Nós nem nos gos..."
"Não preciso gostar de você, Meadow", ele me cortou, o maxilar trincado. "Só preciso ter você."
O ar saiu dos meus pulmões mais uma vez.
"Alaric...", sussurrei, ofegante.
Ele manteve o olhar fixo em mim. "Posso fazer com que eles paguem. Todos eles. Qualquer um que já tenha feito você se sentir inferior."
"E o preço?", perguntei, embora a resposta já estivesse clara.
"Você será minha." Sua voz era tão baixa, tão profunda, transformando a palavra "minha" em algo próximo a um rosnado possessivo.
Um arrepio percorreu minha espinha e o calor no meu ventre se intensificou, pulsando com força.
Engoli a seco, a cabeça girando e o coração martelando enquanto o peso da proposta se assentava sobre mim. Eu nem percebi que estava me movendo até estar a apenas centímetros dele.
"Tenho uma última condição", murmurei, minhas mãos retornando ao peito dele, mas dessa vez com o objetivo fixo nos botões da camisa.
"O que você quiser", sussurrou ele roucamente, as narinas dilatando em resposta ao meu toque.
Tentei racionalizar, tentei me convencer a parar.
Juro que tentei.
Mas, no meu estado de embriaguez, apenas um pensamento ocupava minha mente - a necessidade visceral de sentir o que Juniper sentiu com Tyler quando abri aquela porta.
Então, com o coração na boca e os olhos presos nos de Alaric, fiz meu pedido: "Quero que você tire a minha virgindade."