Um novo olhar foi trocado entre elas, daqueles capazes de causar calafrios na espinha, o que me fez questionar qual era o problema. Minha única intenção era pegar a chave e aguardar a chegada de Tyler, meu noivo.
Faltavam poucas horas para o nosso casamento, uma cerimônia íntima planejada apenas para nós dois, e eu me recusava a permitir que qualquer pessoa estragasse meus planos, muito menos uma dupla de recepcionistas mal-encaradas.
Tombando a cabeça para o lado, a mulher de batom vermelho me encarou e disparou: "O seu check-in foi feito há duas horas. Então, se isso for alguma pegadinha, é melhor parar agora, ou vou ser obrigada a chamar a segurança."
Com as sobrancelhas unidas em estranhamento, deixei uma risada nervosa escapar. "O quê? Eu não fiz check-in nenhum."
A segunda recepcionista me analisou, como se ponderasse a situação, até se virar para a colega e ordenar: "Mostre para ela."
Embora contrariada e bufando, a mulher obedeceu, girando o monitor na minha direção e clicando num botão para exibir a lista de check-in, onde seu dedo apontou para o que eu temia - meu nome, nítido, preto no branco. Meadow Russell.
"Ah", soltei uma risada. "Deve ter sido meu noivo, que certamente usou meu nome para entrar. Como o combinado era eu chegar antes, acabei estranhando."
As recepcionistas trocaram outro olhar, parecendo confusas.
"Isso não é uma piada engraçada, senhorita. Você fez o check-in acompanhada de um homem duas horas atrás, e me lembro bem porque até elogiei essa blusa linda que está vestindo."
Meus olhos baixaram para o top branco curto com a estampa "NOIVA" no peito, um presente que Tyler me dera dias antes alegando que ficaria perfeito para a viagem.
A do batom vermelho completou: "E ainda comentou que ia se casar logo, logo."
Um peso esmagador despencou no meu estômago, arrastando meu coração junto, pois a sensação de que algo estava terrivelmente errado me dominou.
"Deve ser algum mal-entendido...", murmurei, sentindo a voz falhar.
Era impossível, não havia a menor chance.
Então afirmei com firmeza renovada: "Aquela não era eu."
Houve mais uma troca de olhares entre elas, e ao se voltarem para mim, notei uma expressão que beirava a pena, algo que me desagradou profundamente.
Por fim, soltando um suspiro, a do batom vermelho admitiu: "Não sei por que, mas acredito em você."
Ela se inclinou para buscar um cartão magnético e me entregou, murmurando com um sorriso forçado: "Espero que consiga resolver essa confusão."
Enquanto subia no elevador, eu não conseguia respirar.
Minha mente rejeitava a possibilidade de que ela fizesse isso.
Não depois de tudo.
Mas, ao deslizar o cartão na fechadura, meu coração disparou e o gosto amargo da bile subiu, e empurrar a porta serviu apenas para materializar meu pesadelo - Juniper, minha irmã gêmea, cavalgava meu noivo, gemendo alto a cada estocada forte que recebia por baixo.
Paralisada, encarei a cena por um minuto inteiro enquanto minha bolsa escorregava da mão com um baque surdo, e eu mordia a parte interna da bochecha até doer, com a visão turva por lágrimas que eles, alheios, nem notaram.
Numa tentativa fútil de me enganar, pensei que talvez ele não soubesse, que talvez achasse que Juni era eu, mas o pensamento soou estúpido antes mesmo de ser verbalizado, já que Tyler e eu nunca tínhamos transado.
"Mmhm, isso. Assim, amor...", gemia Juniper. "Você fode tão gostoso, querido."
Ouvir isso fez algo se partir dentro de mim, gritando para que eu fugisse em silêncio e nunca mais voltasse, mas uma força maior me desafiou a permanecer ali, e eu obedeci.
"Juniper...?", chamei com a voz falha. "Tyler?"
No instante seguinte, os dois se viraram para me olhar.
Embora Tyler tenha demonstrado surpresa ao me ver, ela desapareceu antes que eu pudesse piscar.
Quando ele a empurrou de cima dele, Juniper teve a audácia de reclamar por ter sido interrompida no quase: "Fala sério, Ty? Eu tava quase lá."
Ty?
Enquanto eu processava o apelido, Tyler saltou da cama arfando, sem se preocupar em se cobrir. "Juro por Deus que pensei que fosse você. Eu não..."
Ele começou a estender a mão para pegar meu braço, mas recuei, com meus olhos fixos em uma única pessoa.
Juniper.
Ajeitando o cabelo bagunçado com um sorrisinho presunçoso, ela destilou desdém: "Ah, por favor, amor. Já passou da hora de acabar com esse teatrinho, não acha? A situação está ficando patética."
Virando-se para ela, Tyler retrucou: "Qual é. É divertido."
"O que... do que vocês...?" Atordoada e sem palavras, percebi que essa familiaridade íntima indicava que não era a primeira vez que algo assim acontecia.
Pelo contrário, parecia que eles se conheciam muito bem.
Até soava impossível, visto que eu não via Juniper há dois anos e nunca a havia apresentado a Tyler.
"Como..."
Levantando-se com uma risada seca e também sem se cobrir, deixando ambos nus diante de mim, Juniper zombou sobre meu estado de choque:
"Ela tá entrando em choque, querido. A gente devia acabar logo com o sofrimento dela, né?"
Caminhando até onde Tyler estava, ela o puxou para um beijo bem na minha frente, entremeado por gemidos e risadinhas.
Eu queria tanto ir embora, mas meus pés não se moviam.
Eles pareciam colados ao chão e, por uma razão doentia, eu não conseguia desviar o olhar.
Enquanto seus olhos fixavam os meus, vi Juniper masturbar a ereção dele, e lutei para formar palavras com uma voz irreconhecível:
"V-você disse...", lutei para conseguir falar. Você disse que não estava pronto pra transar ainda, Tyler. Disse que ia esperar o casamento."
Em resposta, Tyler jogou a cabeça para trás numa gargalhada, mordendo o lábio e gemendo pelo prazer que recebia, o que fez meus joelhos cederem e me obrigou a buscar apoio na parede para não desabar.
"Eu achei que você me amava!", gritei entre lágrimas.
Juniper soltou Tyler, que deu alguns passos em minha direção e segurou meu queixo, me imobilizando.
"Você achou que eu te amava, Meadow? Não. Juni é o amor da minha vida."