Os olhos raivosos de Nara Ferrari não deixam minha mente. A mulher negra de porte pequeno faz que estar em uma guerreira e pronta para decapitar qualquer pessoa que estiver no seu caminho, a conversa que vinha do corredor era dela com a sua amiga. Nara que foi imprudente e bateu seu corpo contra o meu, o motivo de está irritada não sei, mas piorou por está caída no chão.
Ouço a conversa que acontece entre os meus pais, mas não interajo. Fazia um tempo que não via a filha mais nova da família Ferrari, a mulher tem a sua beleza podendo ser vista de longe. Por que estava tão irritada? O meu humor não estava muito diferente do dela, ser rude com ela foi impulsivo da minha parte.
Sou um homem de 27 anos e me comportei como uma criança na hora de entregar a sua pasta, deixando-a cair no chão de propósito. Puta Merda! Deixei com que os pensamentos intrusos falassem mais alto. Até mesmo a forma de chamá-la de "garota".
Nara se irrita tão fácil.
Afasto o prato perdendo a fome. É difícil ter um contato com ela e quando tenho acontece esse desastre.
- A família Mercury mostrou interesse em uma afiliação conosco. - Vanina, minha mãe leva a xícara de chá aos lábios. - A filha mais velha é uma mulher encantadora.
Garvin, meu pai, solta um som pela boca aprovando as palavras de minha mãe.
- É uma família importante, podemos considerar. - Ele me olha. - O que você acha, Henry? Tem uma boa relação com todos?
A minha família é tradicional e muito regrada, somos uma das famílias com mais tempo de poder nos Estados Unidos. Negócios passados de gerações há gerações, o plano era de casar com 25 anos e aos 27 anos ter filhos, mas a empresa cresceu mais do que o esperado nos últimos anos. Alavancando de um jeito surpreendedor a riqueza da família Sanchez, precisando mais da minha atenção e da minha família.
O casamento não deve ser baseado somente no amor, foi o que cresci ouvindo e fui orientado a como analisar minha futura esposa.
- Há outra pessoa. - Comento.
Tenho a atenção dos dois. Meu irmão, Zayn, com certeza estar dormindo a essa hora. A menção de outra pessoa não os deixam empolgados, afinal, são negócios apenas.
- Quem, querido? - Vanina quer saber.
- Gostaria de um tempo, ainda nesse mês. - Garanto. - Preciso ter a certeza das possibilidades que há.
- Perfeito. - Garvin me dá carta-branca.
Sabe que não sou o filho de agir de cabeça quente e tomar péssimas decisões como o meu irmão mais novo. Com o fim do café da manhã, entro no meu carro em direção ao shopping. Imagino que o notebook de Nara tenha quebrado, pelo barulho que fez. Vou comprar outro e mandar para sua casa, meu assessor Soren, me encontra no shopping.
- Quero que faça o envio para casa de Nara Ferrari. - escrevo em um papel minhas iniciais. - Mais tarde me encontre na faculdade.
Ele concorda e faz o que mando, sigo com os meus afazeres. Na parte da tarde preciso cumprir o meu horário na faculdade da qual concordei que faria palestra. Apoio o cotovelo no braço da cadeira que estou sentado, passando o dedo indicador pelos lábios. Meus pensamentos estão longes, o destino pertence a mesma pessoa. Nara Ferrari.
Soren, meu assessor enviou um notebook novo para a senhorita Ferrari. A ousadia da mulher me pegou de surpresa e sua amiga tentou contê-la, não fez com que Nara abaixasse a cabeça. Foi a primeira vez que ela falou comigo.
Me enfrentou.
Cabeça erguida e as palavras dançando na sua língua.
Não me lembro quem foi a última pessoa que teve a imbecilidade de falar comigo daquele jeito. Ou alguém da minha família. Ela com certeza sabe quem sou, quem não saberia?
A família Sanchez é uma das famílias respeitadas nos Estados Unidos, sendo umas das mais antigas e com muita riqueza. Temos negócios variados e de grande sucesso, tendo o meu foco na fabricação de avião, a minha empresa principal se chama Sanchez Factory Holding.
Ouço ao longe o que o diretor da faculdade falar. Aceitei o convite para falar sobre finanças e controle patrimonial da empresa, falando sobre a minha experiência. Outros empresários foram chamados, diferentes tipos de negócios. Garvin Sanchez, meu pai, não tem mais paciência para palestras e meu irmão não é o mais experiente, restando para que eu represente a família.
- É uma honra esplêndida ter a sua presença...
- Não gosto de me atrasar. - Olho a hora no relógio em meu pulso. - Poupe o tempo de bajulação.
Me levanto, deixando o homem sem graça.
Caminhamos pelos corredores para o local da palestra. Tenho contato com Anthony Ferrari, temos negócios em comuns e participamos de eventos frequentemente. Vi Nara diversas vezes, mas nunca tivemos a oportunidade de nos falarmos.
Até ontem, e foi... sinto a garganta secar toda vez que me lembro do que aconteceu. Nara tem 21 anos, uma mulher jovem que provavelmente não irá querer se relacionar agora.
Mas tenho que tentar.
Posso dizer que depois de ontem vale a pena tentar.
Claro que toda às vezes que a chamei de garota foi para atormentá-la. E novamente me questiono o porquê? Não gosto de jogos e tão pouco enrolação, Nara é uma mulher fácil de ler.
Anthony Ferrari e sua esposa Helena Ferrari são da alta sociedade, não há atrito entre nossas famílias. Não acredito que meus pais irão se impor com um relacionamento entre mim e Nara. Lua Ferrari é a filha de Anthony do seu primeiro casamento. É uma atriz de sucesso, sei que há atritos na relação entre pai e filha.
Algumas coisas que devemos resolver antes de oficializar algo com Nara, é a sua petulância e a sua má educação. O diretor entra para começar seu discurso, antes que possa entrar ouço alguém me chamar.
- Desculpe, Sr. Sanchez. - O funcionário do prédio se aproxima com uma caixa em mãos. - A senhorita Ferrari pediu para entregar ao senhor.
Olho para a caixa, mas não a pego. Sinto algo estranho que não me agrada, mexo meus ombros. Soren agradece e pega, sabendo que não tocaria naquela caixa.
Ela recusou um presente meu.
Algo que dei, fui pessoalmente comprar.
Ela tem noção que meu tempo é valioso?
Não me importo caso tenha dado tempo de comprar outro aparelho, dei um presente e não deve ser recusado. Não sou de me dar ao trabalho de presentear alguém, um presente que escolhi e não mandei uma terceira pessoa escolher, me poupando tempo.
- Senhor, calma. - O homem asiático me conhece. - A senhorita Ferrari pode...
- Mande de volta para casa dela. - Ordeno. - Não será burra de repetir o mesmo erro.
Me viro e entro, ouvindo meu nome ser anunciado. Conforme as horas passam vejo Nara concentrada, o cabelo preto preso no alto da cabeça com os fios bem alinhados. A todo tempo concentrada e fazendo anotações, uma versão diferente da mulher raivosa que vi ontem.
Nara tem força de vontade e determinação, percebo fácil suas habilidades. A mulher esperta e inteligente.
Sei ler uma pessoa, sou bom em negociação, é algo natural da minha família e não é à toa que nos mantemos no poder por tantos anos. A palestra segue, nossos olhos se encontram diversas vezes, Nara se comporta com indiferença.
E por que me incomoda?
[...]
Visto o meu terno, arrumo o cabelo e saio de casa rumo ao último compromisso da noite. A família Mercury promoveu um jantar comemorando a sua volta à cidade, meus pais foram mais cedo ao encontro deles, somos próximos. Almoçaram juntos e eu vou ao jantar representando a nossa família. Passo o dedo indicador pelos lábios, abaixando o braço na janela.
A intenção era recusar, mas a família Ferrari estará presente. Talvez tenha a chance de ver Nara de novo.
Sr. e a Sra. Mercury são pessoas gentis e amigáveis, Regina Mercury é a filha mais velha, diretora chefe da empresa alimentícias de seus pais. Uma mulher elegante e muito bem vestida, sorriso contido, mas sempre deixando a mostra.
- Não estou surpresa de vê-lo. - A ruiva sorrir, me cumprimenta com um beijo no rosto.
- Lembro de estar na lista.
- Ha. Ha. - Arqueia a sobrancelha com um ar duvidoso. - Por favor, não me diz que ficou engraçadinho como seu irmão?
Levo sua pergunta como um insulto.
- Não, garanto que não. - Olho ao redor em busca de um rosto. - Todos chegaram?
- Procurando alguém?
Na entrada, a família Ferrari aparece. Anthony cumprimenta os pais de Regina, logo sua esposa e Nara surge atrás do homem mais velho, dando um sorriso amigável para a família Mercury. O vestido que usa molda a cintura pequena e o salto lhe dá a altura que não tempo. Uma mulher não uma garota com toda certeza.
- Parece que achou. - A voz da mulher a minha frente chama a minha atenção.
- Perdão? - A olho confuso.
- Estava a procura do Anthony Ferrari, não?
- Sim. - Respondo, firme.
Não a quero envolvida nos meus assuntos.
- Henry, um jantar e você não para de pensar em trabalho. - Apoia sua mão em meu ombro, aproximando seu corpo do meu. - Precisa descansar, ou aproveitar melhor o momento.
Sinto aquela sensação de alguém me olhar, meus olhos automaticamente fixam em Nara que estar me olhando. O vestido vermelho a deixar mais velha do que é, as curvas de seu corpo dar chances a mentes maldosas imaginar cenas maliciosas antes mesmo de olhar em seu rosto. Não que a cor, ou o vestido lhe caia bem, mas é mulher que chama fácil a atenção.
Nara é a primeira a desviar o olhar e ficar desconcertada seguindo os passos de sua mãe. Olho para não muito onde deles, o Sr. Molina, o senhor de 50 anos, um contador famoso na área e a pessoa certa que imaginaria cenas maliciosas com Nara. Seus olhos acompanham os passos da mulher levando o seu copo de tequila aos lábios.
É preciso disfarça o sorriso no rosto malicioso, quando um casal vai falar com ele. Minha respiração fica pesada, dando início ao meu mau-humor.
Quando há oportunidade para falar com a família Ferrari, Nara não estar por perto. Essa mulher parece um sabonete molhado e muito escorregadio, escapando facilmente de minhas mãos. E não gosto disso.
- Conseguiu o que queria com Anthony? - Regina me entrega um copo com whisky.
Ergo o copo no ar antes de beber.
- Estou fazendo como disse: aproveitando o momento em vez do trabalho.
O sorriso em seu rosto deixa claro que não acredita em minhas palavras. Não faço questão de negar, ou prolonga esse assunto.
- Meus pais comentaram sobre a afiliação entre nossas famílias. - Ah, não é esse assunto que quero ter também.
- Sério? - Arqueio a sobrancelha. - Pelo que sei, não existe mais essa conversa.
- Não? - A ruiva fica sem graça.
- Não, foi algo superficial.
Tiro meus olhos nela. Sem dar importância a essa conversa, percorrendo o meu olhar pela sala, sem pretensão e juro que não a estava procurando. Porém, o destino me faz ver o que não deveria acontecer.
Nara conversando com Sr. Molina.
A conversa é animada, ela sorria. E talvez deixasse que as coisas continuassem se não visse eles seguindo para um corredor, preferindo privacidade.
- Regina, preciso ir...
- Ah, não. - entrelaça seu braço no meu. - Quero que conheça umas pessoas.
Me puxa me deixando mais longe de Nara.