Casada com a Crueldade Dele, e não com o Amor
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Casada com a Crueldade Dele, e não com o Amor

Gavin
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Capítulo 1

Casei com um bilionário para escapar das minhas raízes no interior de Minas, plenamente ciente de que eu era apenas um peão em seu jogo doentio com Kiara, a mulher por quem ele era verdadeiramente obcecado.

Eu achava que conhecia as regras, até que ele a deixou demolir a casa da minha infância para construir um novo resort, deixando minha mãe surda-muda ferida no meio da poeira.

Ele ficou parado enquanto as amigas dela me espancavam até eu quase perder a consciência. Ele quebrou meu braço.

Quando finalmente revidei, depois que Kiara ameaçou minha mãe, ele o quebrou de novo, seu rosto uma máscara de fúria gélida.

Seu ato final de crueldade foi me forçar a ficar de joelhos em um bar lotado, ordenando que eu latisse como um cachorro para a diversão de seus amigos.

Enquanto eu estava ali, humilhada e destruída, olhei para meu marido em busca de um pingo de misericórdia. Ele apenas se virou e beijou Kiara apaixonadamente, selando meu destino com o batom dela.

Eles pensaram que tinham destruído a "ratinha do interior". Mas, enquanto eu embarcava em um jato particular com um acordo de divórcio que poderia destruir seu império, eu sabia que minha história não tinha acabado. Estava apenas começando.

Capítulo 1

Ponto de Vista de Alana:

O celular vibrou na minha mão, a vibração contra a seda preta do meu vestido. Eu estava de pé ao lado do túmulo do meu pai, a terra fresca ainda macia sob meus saltos. O discurso de despedida estava terminando, as lágrimas silenciosas da minha mãe um contraste gritante com a manhã tranquila de Minas Gerais. Ignorei a notificação. Vibrou de novo, insistente.

Meu polegar deslizou pela tela. Uma mensagem. De Kiara Vasconcelos.

Minha respiração prendeu. Meus dedos tremiam, fazendo o celular balançar.

*Parece familiar, querida?*

Abaixo do texto, uma foto carregou. Era uma selfie, tirada de um ângulo estranho.

Caio. Seu braço estava sobre os ombros nus de Kiara. Kiara, com a cabeça jogada para trás, rindo. Seu batom vermelho estava borrado, uma mancha no maxilar de Caio.

Eles estavam em um carro. Um carro familiar. O sedã preto e elegante de Caio.

E do lado de fora da janela, desfocado, mas inconfundível, estava o arco de mármore deste mesmo cemitério. Aquele que meu pai ajudou a construir com as próprias mãos. Aquele onde ele agora estava enterrado.

Um nó frio se formou no meu estômago. Não era só a foto. Era a mensagem que veio em seguida.

*Ele é meu, Alana. Sempre foi. E sempre será. Você é só uma distração temporária. Um caso de caridade que ele pegou na rua. Feliz aniversário, a propósito. Para o seu papai, quero dizer.*

Minha visão embaçou. Não com lágrimas. Com uma onda súbita e incandescente de fúria.

Meu pai, que trabalhou incansavelmente, suas mãos calejadas de pedra. Meu pai, que me ensinou a ter uma dignidade silenciosa. Desrespeitado. No dia de sua morte.

Bem aqui. Neste estacionamento. Enquanto sua esposa estava de luto. Enquanto sua filha estava paralisada pela perda.

Caio. Meu marido.

Um rosnado baixo vibrou no meu peito. Tão cru que pareceu estranho.

Minha mãe, seu rosto marcado pela dor, alcançou minha mão. Seu toque me trouxe de volta.

Apertei sua mão gentilmente. Meu rosto era uma máscara. Meu sorriso, fino e frágil, não alcançava meus olhos.

*Ainda não*, pensei. *Aqui não.*

Afastei-me, caminhando lentamente em direção à borda da pequena multidão. Meu coração martelava contra minhas costelas. Parecia que estava tentando sair do meu peito.

Peguei o celular pré-pago que mantinha escondido. O número particular de Beatriz Monteiro já estava salvo. Disquei.

Tocou uma vez. Duas. Então uma voz nítida e firme atendeu. "É melhor que seja importante, Alana."

"É", eu disse, minha voz firme, não traindo o terremoto dentro de mim. "Eu quero o divórcio."

Houve uma pausa carregada. "Finalmente", disse Beatriz, um suspiro escapando de seus lábios. "Eu sempre soube que você tinha mais juízo do que ficar nessa farsa. Quais são os seus termos?"

"Meus termos", repeti, as palavras com gosto de metal. "Eu quero metade de tudo que o Caio possui. Não o fundo fiduciário dele. Seus bens pessoais. Aqueles que ele mantém separados."

"Ambicioso", ponderou Beatriz. "Mas alcançável. Os investimentos pessoais do Caio têm sido... significativos. E ele tem sido bastante descuidado com seus registros ultimamente. Influência da Kiara, eu suspeito."

"Eu também quero capital inicial", continuei, meu olhar varrendo as colinas de Minas, minha casa. "Uma quantia substancial. O suficiente para começar um negócio. Qualquer negócio que eu escolher."

"Isso pode ser arranjado", disse ela. "Algo mais?"

"Conexões", eu disse, minha voz baixando para um tom baixo e firme. "Apresentações. Para as pessoas certas. Na Europa. Na indústria da moda. Eu quero um recomeço limpo. Um desaparecimento total."

Beatriz riu, um som seco e sem humor. "Você está pedindo muito, Alana. O seu amor pelo meu filho era realmente tão superficial? Tão facilmente comprado?"

Fechei os olhos por um breve momento. Uma onda de amargura me invadiu. "Meu amor pelo Caio", eu disse, forçando um leve tremor na minha voz, "era a única coisa real na minha vida. Era uma tábua de salvação. Mas até uma tábua de salvação pode quebrar quando esticada demais."

"Garota esperta", disse Beatriz, sua voz desprovida de calor. "Não acredito em você nem por um segundo. Mas com esperteza eu posso trabalhar. Considere feito. Você tem uma semana para finalizar tudo. E então, você some."

"Uma semana, então", concordei. "Obrigada, Beatriz."

Desliguei, segurando o telefone. O gosto amargo de cinzas encheu minha boca.

Caio. Seu rosto, tão bonito, tão alheio. Meu marido. Como eu tinha chegado até aqui?

Tudo começou muito antes do casamento. Caio e Kiara. Uma dança tóxica, uma obsessão destrutiva. Ele fazia loucuras, coisas selvagens e perigosas, tudo para chamar a atenção dela. E Kiara, cruel e calculista, adorava vê-lo se contorcer. Ela se gloriava no poder que tinha sobre ele.

Eu era apenas uma bolsista na mesma universidade de elite em São Paulo. Invisível. Até que deixei de ser.

Uma noite, eu o vi. Na beira de um arranha-céu, se equilibrando precariamente. Kiara lá embaixo, rindo com suas amigas, desafiando-o. Ele estava a um passo de cair.

Liguei para a segurança, anonimamente. Depois de novo. E de novo. Salvei sua vida imprudente, várias vezes. Ele nunca soube que era eu.

Então veio a rejeição pública. Kiara, em um baile de gala beneficente, humilhando-o publicamente. Chamando-o de "um cachorrinho na coleira".

Ele ficou furioso. Humilhado. E eu estava lá, uma garota quieta e despretensiosa, sempre de alguma forma em sua órbita. Ele me viu. Ou melhor, ele viu uma ferramenta. Uma maneira de machucar Kiara de volta.

"Case-se comigo, Alana Rocha", ele disse, seus olhos ardendo com um fogo frio que confundi com outra coisa. "Mostre a ela o que ela perdeu."

Eu disse sim. Uma garota pobre de Minas. Pais surdos-mudos. Uma bolsista que limpava os dormitórios para sobreviver. Ele era um bilhete de saída. Uma chance de segurança. Uma chance de vingança contra um mundo que sempre me desprezou.

A mídia enlouqueceu. "O Bilionário e a Bela Caipira." A alta sociedade zombou. Eles nos deram três meses.

Mas então algo mudou. Brevemente.

Ele foi surpreendentemente atencioso no início. Comprou-me roupas, joias. Não por amor, eu sabia. Mas por orgulho. Eu era seu troféu agora.

Uma vez, um repórter escreveu um artigo particularmente desagradável, zombando da minha criação, me chamando de "a ratinha do interior". Caio, sem uma palavra, comprou toda a publicação e a fechou.

Ele disse: "Ninguém fala da minha esposa assim."

O mundo ficou chocado. Duramos três anos. Um casamento aparentemente perfeito. Uma gaiola dourada.

Então Kiara voltou. Como uma infecção persistente.

As mensagens começaram. Anônimas no início. Cruéis. Degradantes.

*Você ainda é só uma caipira, Alana. Nenhuma quantidade de dinheiro pode consertar isso.*

*Ele chama meu nome enquanto dorme. Não o seu.*

Depois as fotos. A mão de Kiara, pousada na coxa de Caio em um restaurante. O batom de Kiara em seu colarinho.

A última. A do cemitério. Foi o golpe final e brutal.

Olhei para a tela preta do meu celular. Não. Eu não era Alana Rocha, a garota caipira que limpava dormitórios. Não mais. Eu era Alana Monteiro. E a memória do meu pai não seria desrespeitada. Nem por Kiara. Nem por Caio.

Minha infância. Passou pela minha mente. A casa velha e rangente. As roupas gastas. As provocações das crianças da cidade.

"Filha dos mudinhos. Não ouve, não fala, não pode ser nada."

Kiara. A primeira vez que a vi. Em um evento da universidade. Ela riu do meu vestido gasto, derramando vinho em mim de propósito.

"Oh, olhe", ela zombou, seus olhos percorrendo minha figura envergonhada. "A serviçal. Você realmente não deveria tentar se misturar com seus superiores, querida."

Aquele momento. Foi uma faísca. Um voto silencioso. Eu nunca mais seria "a serviçal". Eu nunca mais seria desprezada. Eu iria subir. Eu iria lutar para chegar ao topo. Eu teria poder.

Caio era um meio para um fim. Eu sabia disso. Eu admitia, até para mim mesma. O dinheiro dele. O nome dele. O acesso.

Mas eu nunca pensei que ele chegaria tão baixo. Nunca pensei que ele me trairia tão completamente. Desrespeitaria meu luto.

Agora, Kiara era implacável. Ela o queria de volta. E Caio, como uma mariposa para a chama, continuava circulando em torno dela.

Eu tinha visto em seus olhos. Ele podia ser possessivo comigo, mas era obcecado por ela. Qualquer pingo de dúvida que me restava, qualquer vislumbre de esperança de que ele pudesse realmente se importar, morreu naquele estacionamento de cemitério. Ele não tinha limites quando se tratava de Kiara. Nenhum.

Eu tinha que sair. Mas não apenas sair. Eu tinha que garantir meu futuro. E eu os faria pagar. Ambos.

Mais tarde naquele dia, de volta à cobertura, eu os encontrei. Kiara empoleirada no braço do sofá de Caio, seus dedos traçando a linha de sua mandíbula. Caio, recostado, um sorriso presunçoso no rosto. Pareciam dois predadores, satisfeitos e arrogantes.

"Alana, querida", Kiara ronronou, seus olhos brilhando com malícia. "Você voltou. Estávamos justamente discutindo sua... casa de infância bastante rústica."

Caio pigarreou. "Kiara tem algumas... ideias interessantes para um novo projeto de resort. Ela acha que sua cidade natal, Vale da Rocha, tem potencial."

Meu sangue gelou. "Minha casa?", consegui dizer, minha voz mal um sussurro. "O que tem ela?"

Kiara deu uma risadinha, um som agudo e tilintante. "Oh, nós vamos transformá-la, docinho. Demolir todas aquelas cabanas charmosas e dilapidadas. Abrir caminho para o luxo. Sua casinha? Fica bem no meio do terreno principal."

Caio se mexeu desconfortavelmente. "É só negócio, Alana. Ofereceremos um preço justo. Mais do que justo, na verdade."

Meu coração se partiu em um milhão de pedaços. Não era só a foto. Não era só a humilhação pública. Minha casa. A memória do meu pai. Até isso era apenas um pedaço de terra a ser demolido para o resort dela.

"Vocês não podem", eu sussurrei, minha voz embargada por lágrimas não derramadas. "Essa é... essa é a terra da minha família."

Caio deu de ombros, recusando-se a encontrar meus olhos. "Já foi assinado, Alana. Kiara amou o local. Vai acontecer."

Meu mundo inclinou. O ar saiu dos meus pulmões. Ele a deixou fazer isso. Ele assinou. Meu marido.

Kiara sorriu, uma curva triunfante e venenosa em seus lábios. "Não se preocupe, Alana. Nós te mandaremos um cartão postal da nova área da piscina."

Eu me virei, meu olhar fixo em Caio. Seu rosto estava impassível. Ele a tinha escolhido. Acima de tudo.

Minha determinação endureceu, transformando-se em aço sólido. *É isso*, pensei. *É aqui que termina. E onde eu começo.*

            
            

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