Minha Certidão de Casamento: A Queda Pública Dele
img img Minha Certidão de Casamento: A Queda Pública Dele img Capítulo 5
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Capítulo 5

Ponto de Vista: Gabriela

A luz fraca filtrava pelas persianas do quarto do hospital, lançando sombras longas e mudas pelo chão. Meu corpo era um mapa de dor, cada hematoma e corte um testemunho da eficiência brutal da equipe de segurança de Caio. Minha cabeça latejava com uma dor persistente, um eco surdo da agonia emocional que ainda me consumia.

Cristiano estava sentado ao lado da minha cama, sua presença um conforto silencioso no meu caos rodopiante. Ele não era mais apenas um amigo; era minha âncora, meu protetor. Ele me encontrara quase inconsciente na cobertura de Caio, me levara às pressas de volta ao hospital e, mais uma vez, cuidara de cada detalhe com uma eficiência calma que me surpreendia e me deixava humilde. Ele até recuperara a certidão de casamento amassada do chão do escritório antes que a polícia, chamada por Caio, chegasse.

- Gabi - disse ele suavemente, a voz gentil -, os médicos dizem que você vai ficar bem. Mas precisa descansar. - Ele apertou minha mão, o toque firme e tranquilizador.

Pisquei lentamente, o olhar fixo no teto. - Ele não se importa, Cris - sussurrei, minha voz crua e rouca. - Ele me viu. Ele viu o que fizeram. E ele me culpou. Ele me disse que eu procurei isso.

O maxilar de Cristiano ficou tenso, um músculo se contraindo em sua bochecha. - Ele é um tolo, Gabi. Um tolo cruel e arrogante.

Uma risada oca escapou dos meus lábios. - Ele é pior que isso. Ele é um monstro. Ele construiu essa gaiola ao meu redor, me disse que era para minha proteção, e depois me deixou apodrecer nela. - As palavras estavam carregadas de uma amargura que eu não sabia que possuía. - Eu quero o divórcio, Cris. Eu quero sair.

Ele assentiu, os olhos encontrando os meus. - Eu sei. E vamos conseguir. Desta vez, nos seus termos.

As semanas seguintes foram um borrão de recuperação física e emocional. Cristiano me mudou para um apartamento pequeno e discreto que ele possuía, longe dos olhares curiosos da mídia e da sombra do império Bittencourt. Ele me encorajou a redescobrir minha paixão pelo design de interiores, montando um pequeno estúdio para mim no apartamento. Lentamente, timidamente, comecei a juntar os pedaços da minha vida despedaçada.

Passei horas desenhando, projetando, despejando toda a minha dor, raiva e nova determinação no meu trabalho. Cada traço do lápis, cada paleta de cores que escolhi, era um passo para recuperar minha identidade, um ato de desafio contra o homem que tentara me apagar. Cristiano viu meu talento, o nutriu e arranjou pequenos projetos de design freelance através de sua vasta rede. Ele me tratava com um respeito e bondade que eram um contraste gritante com a indiferença fria de Caio. Ele me via, realmente me via, não como uma extensão de outra pessoa, mas como Gabriela Viana, uma mulher talentosa e resiliente.

Enquanto eu me curava, tanto física quanto emocionalmente, algo começou a mudar dentro de mim. O medo constante, a ansiedade corrosiva, a necessidade da aprovação de Caio - tudo começou a desaparecer. Comecei a brilhar. Meus olhos, antes perpetuamente assombrados, agora continham uma centelha de determinação. Minha postura se endireitou. Encontrei minha voz, não mais hesitante ou apologética.

Enquanto isso, Caio, alheio ao meu ressurgimento silencioso, estava em uma espiral. Ele continuava ligando, suas mensagens alternando entre exigências frustradas para que eu "voltasse para casa" e ameaças veladas sobre as consequências de desafiá-lo. Ele ainda acreditava que tinha todas as cartas, que eu não era nada sem ele.

Um dia, vi uma reportagem. O novo empreendimento tecnológico de Cristiano, uma plataforma de IA inovadora, estava enfrentando uma série de falhas técnicas inexplicáveis e violações de segurança. O momento era perfeito demais. Eu sabia que era Caio. Ele estava tentando sabotar Cristiano, cortar minha tábua de salvação, me forçar a voltar para ele. O controle dele não era apenas sobre mim; era sobre todos ao meu redor.

- Ele está tentando arruinar você, Cris - disse, minha voz firme, desprovida de medo.

Cristiano simplesmente sorriu, um brilho de aço nos olhos. - Ele pode tentar. Mas ele nos subestima, Gabi. Ele subestima o que podemos construir juntos.

Seu apoio inabalável, sua força silenciosa, tornaram-se um escudo contra os ataques implacáveis de Caio. Com a ajuda de Cristiano, comecei a entender a verdadeira natureza do "amor" de Caio - nunca foi amor, mas um controle tóxico e sufocante disfarçado de proteção.

O dia finalmente chegou. Caio havia garantido com sucesso a maioria das ações das Indústrias Bittencourt. A notícia estava estampada em todos os lugares, o rosto dele radiante nas capas de revistas, aclamado como um visionário, um novo titã da indústria. Ele agendou uma grande coletiva de imprensa, uma celebração triunfante de sua ascensão. Eu sabia o que ele ia fazer. Ele ia anunciar seu noivado com Celina, solidificando sua posição, esfregando sua vitória na minha cara.

Mas eu tinha um plano próprio. Cristiano havia discretamente arranjado uma equipe de advogados para finalizar meus papéis do divórcio, citando diferenças irreconciliáveis e abuso emocional. Tínhamos a certidão de casamento, legalmente autenticada. Tínhamos provas.

No dia da coletiva de imprensa, o grande salão de baile da Torre Bittencourt estava lotado de repórteres, câmeras piscando, ansiosos para testemunhar a coroação do novo herdeiro e o anúncio de seu casamento social. Caio estava no pódio, Celina ao seu lado, parecendo cada centímetro o casal poderoso e vitorioso. Ele começou a falar, a voz ressoando com uma confiança praticada. Ele falou sobre sua visão para a empresa, sobre o futuro, sobre sua "felicidade pessoal".

Entrei então, Cristiano uma presença silenciosa e solidária ao meu lado. Eu não era mais a mulher trêmula e quebrada daquela noite fria. Eu usava um terno creme sob medida que Cristiano insistira, simples, mas elegante, um símbolo da minha nova independência. Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo elegante, meu olhar firme e inabalável.

Os olhos de Caio, ao me encontrarem na multidão, arregalaram-se imperceptivelmente. Um lampejo de surpresa, depois irritação, cruzou seu rosto. Ele vacilou por um segundo, mas rapidamente recuperou a compostura, me dispensando com um aceno curto, um aviso silencioso para sair. Ele claramente pensou que eu estava lá para causar outra "cena", para fazer o papel da stalker delirante uma última vez.

Ele levantou a mão, um sorriso triunfante se espalhando pelo rosto. - E agora - anunciou, a voz estrondosa -, tenho um anúncio muito especial a fazer. Minha linda noiva, Celina Menezes, e eu...

- Na verdade, Sr. Bittencourt - interrompi, minha voz clara e forte, cortando o silêncio antecipatório -, acredito que você tem um anúncio diferente a fazer.

Todos os olhos se voltaram para mim. As câmeras dispararam, uma súbita tempestade cegante. O rosto de Celina se contorceu em um escárnio. Os olhos de Caio se estreitaram, um brilho perigoso em suas profundezas.

Caminhei em direção ao pódio, cada passo deliberado, Cristiano uma sombra silenciosa atrás de mim. Tirei o envelope branco nítido da minha bolsa, os papéis do divórcio, um símbolo da minha liberdade. - Eu sou Gabriela Viana. E sou a esposa de Caio Bittencourt.

Um suspiro coletivo varreu a sala. Caio avançou, o rosto uma máscara de fúria. - Gabriela, pare com isso! Você está cometendo um erro!

- O único erro foi acreditar em você, Caio - retruquei, minha voz inabalável. Ergui a certidão de casamento para todas as câmeras verem. - Nós nos casamos secretamente há cinco anos. Ele me disse que era para minha proteção. Ele me disse que me amava. Ele me disse para esperar.

Então, peguei meu telefone. Cristiano havia compilado meticulosamente gravações do gaslighting de Caio, seus desprezos, suas ameaças, até mesmo seu comentário cruel sobre "caridade" daquela noite. Apertei o play, e a voz de Caio, fria e arrogante, encheu a sala.

"Tudo o que você tem, as roupas no seu corpo, o teto sobre sua cabeça, é tudo por minha causa. Minha caridade."

Uma onda de murmúrios, depois indignação total, ondulou pela multidão. O rosto de Caio perdeu a cor. Celina, parecendo totalmente atordoada, deu um passo para trás, afastando-se dele.

- Este homem - continuei, minha voz falhando um pouco, mas recuperando rapidamente a força -, fez gaslighting comigo por cinco anos. Ele me marcou como stalker, me mandou prender, me mandou espancar, tudo para proteger a imagem da família e sua própria ambição. Mas não sou mais sua vítima. Eu sou Gabriela Viana. E estou aqui para entregar isso a você.

Bati os papéis do divórcio no pódio, bem na frente dele, o som ecoando como um tiro. - Considere isso seu aviso oficial, Caio. Acabou. E a partir de agora, você e eu não somos nada além de estranhos.

As câmeras enlouqueceram. Repórteres gritavam perguntas, suas vozes uma cacofonia de choque e descrença. Caio ficou congelado, os olhos arregalados, seu mundo cuidadosamente construído desmoronando ao seu redor. A opinião pública, antes firmemente do lado dele, virou com uma força visceral e vingativa. Sua reputação, sua imagem meticulosamente trabalhada, estava em ruínas. E tudo o que ele podia fazer era assistir, impotente, enquanto eu me virava e ia embora, a mão de Cristiano gentilmente nas minhas costas, me guiando para um futuro que era finalmente, verdadeiramente, meu.

            
            

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