Tarde Demais Para Sua Segunda Chance
img img Tarde Demais Para Sua Segunda Chance img Capítulo 6
6
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
Capítulo 11 img
Capítulo 12 img
Capítulo 13 img
Capítulo 14 img
Capítulo 15 img
Capítulo 16 img
Capítulo 17 img
Capítulo 18 img
Capítulo 19 img
Capítulo 20 img
Capítulo 21 img
img
  /  1
img

Capítulo 6

Minha respiração ficou presa na garganta, um som agudo e irregular. O ar em meus pulmões parecia cacos de vidro. Casar? Ele estava pedindo para ela se casar com ele? Na minha frente? Minha mente girou, tentando processar a pura audácia, a crueldade brutal de suas palavras. O rosto de Frida se iluminou, um sorriso triunfante e doentiamente doce se espalhando por seus lábios. "Oh, Breno! Claro! Sim! Mil vezes sim!" Ela jogou os braços em volta do pescoço dele, enterrando o rosto em seu peito.

O olhar de Breno, frio e triunfante, encontrou o meu. "Aí está, Adelle," ele disse, sua voz pingando veneno. "Você está feliz agora? Isso finalmente é o suficiente para você?"

Olhei para ele, meu coração um nó congelado no peito. O que eu poderia dizer? O que havia para dizer? "Não tem nada a ver comigo," finalmente consegui dizer, minha voz um sussurro oco, desprovido de toda emoção.

Sua mandíbula se contraiu. Ele soltou Frida, seus olhos ainda fixos nos meus, então, com uma lentidão deliberada e agonizante, ele abaixou a cabeça e beijou Frida. Um beijo longo e demorado, bem ali, na minha frente, no meu quarto de hospital. Foi um beijo de triunfo para ela, de retaliação amarga para ele, e de aniquilação total para mim.

Eles se separaram, Frida radiante, e Breno, com um último olhar frio e avaliador para mim, a conduziu para fora do quarto. A porta se fechou com um clique, me deixando em um silêncio aterrorizante.

Minhas mãos, que estavam tão cerradas que doíam, soltaram seu aperto mortal nos lençóis do hospital. Meu corpo parecia pesado, entorpecido, mas estranhamente leve. Estava feito. Verdadeiramente, irrevogavelmente feito. E de uma forma bizarra, uma sensação de alívio perverso me invadiu. Era disso que eu precisava. Esta execução pública e brutal do nosso relacionamento. Agora, não havia mais ilusões, não mais 'e se'. Ele havia feito sua escolha. E isso solidificou a minha.

Breno não voltou ao meu quarto. Nem naquela noite, nem na manhã seguinte. Meu celular, ainda estilhaçado pela minha explosão no funeral, jazia quebrado no chão. Sem mensagens, sem ligações. Silêncio.

No dia seguinte, enquanto tentava ir ao banheiro do hospital, apoiando-me pesadamente em muletas, eu a vi. Frida. Ela emergiu de sua suíte luxuosa, seu cabelo brilhando, um lenço de seda drapeado perfeitamente em volta do pescoço. Ela falava animadamente ao telefone, então me notou. Seus olhos se estreitaram em fendas de prazer malicioso.

"Ora, ora, Adelle," ela ronronou, sua voz pingando doçura artificial. "Ainda aqui? Pensei que você já teria fugido. Breno e eu estamos comemorando nosso noivado." Ela gesticulou ao seu redor com um floreio. "Ele providenciou para que toda a minha família ficasse neste andar. É realmente uma celebração."

Eu a ignorei, indo em direção ao banheiro, minhas muletas desajeitadas e lentas.

Ela me seguiu, sua voz um sussurro baixo e zombeteiro. "Sabe, Breno acabou de me contar tudo sobre suas pequenas tentativas de me expor. Ele acha hilário. Disse que você está desesperada. Ele é tão doce, constantemente me tranquilizando. Ele diz que vai cuidar de tudo." Ela então estendeu o pulso, exibindo uma pulseira delicada e intrincadamente esculpida. "Olhe, Adelle. Este foi o primeiro presente que ele te deu, não foi? Aquele que você disse que era tão especial?"

Meus olhos se arregalaram. Era a pulseira. Aquela que ele me deu no nosso primeiro aniversário, um pequeno pingente de prata de uma paleta de artista. Ele a escolheu meticulosamente, dizendo-me que simbolizava meus sonhos, nosso futuro. Ele me disse que era única, feita à mão só para mim.

Uma risada amarga escapou dos meus lábios. Única, de fato. Ele a deu para ela. O insulto final. Ele não apenas seguiu em frente; ele profanou nosso passado, transformou nossas memórias compartilhadas em uma arma contra mim.

Chegamos ao final do corredor, perto de uma grande área de estar vazia com uma varanda curta e desprotegida. Os olhos de Frida, ardendo de triunfo, encontraram os meus. Ela esperava uma reação, lágrimas, desespero. Meu olhar calmo e vazio a enfureceu. Seu sorriso desapareceu, substituído por um sorriso de escárnio. "Você acha que ganhou alguma coisa, não é? Com suas pequenas gravações e seu triste e patético plano de vingança?" Ela deu um passo mais perto, sua voz tingida de puro veneno. "Você não é nada, Adelle. Você sempre foi. E agora, você não tem nada." Sua mão disparou, me empurrando com uma força inesperada.

Minhas muletas caíram no chão, minha perna ferida cedeu, e senti-me caindo, caindo para trás, sobre o corrimão baixo, em direção aos azulejos duros do saguão do térreo do hospital. Minha mente ficou em branco de terror, um grito primal preso na garganta.

O impacto foi brutal. Uma dor lancinante atravessou minha espinha, minha cabeça batendo contra o mármore polido. Eu ofeguei, encolhendo-me em posição fetal, cada nervo gritando de agonia. Minha visão turvou, luzes dançando diante dos meus olhos.

Através da névoa de dor, ouvi uma voz familiar, afiada de raiva. "Que diabos foi isso, Frida?!" Breno. Ele estava aqui.

Olhei para cima, meus olhos mal focando. Breno estava de pé sobre mim, seu rosto uma máscara de fúria, mas seus braços estavam em volta de Frida, que soluçava incontrolavelmente. "Ela tentou me empurrar, Breno! Eu juro! Ela está louca! Ela tentou me machucar!" Frida lamentou, apontando um dedo trêmulo para mim.

Os olhos de Breno, frios e duros, se voltaram de Frida para mim. Ele olhou para minha forma amassada, para o sangue escorrendo lentamente pelo chão branco de um novo corte na minha testa. Seu rosto estava desprovido de pena, apenas de uma determinação endurecida. Ele acreditou nela.

"Não, Breno!" ofeguei, minha voz fina e fraca. "Ela me empurrou! Ela fez de propósito!"

Ele zombou, seus lábios se curvando com desdém. "Adelle, pare com isso. Eu vi o que aconteceu. Frida nunca faria isso. Você só está tentando chamar a atenção." Ele apertou seu aperto em Frida, puxando-a para mais perto, pressionando um beijo em sua testa. "Não se preocupe, anjo. Vou garantir que ela nunca mais te incomode."

Então, ele simplesmente me deu as costas, puxando Frida com ele, desaparecendo no caos do saguão do hospital. Eles me deixaram ali, um monte quebrado no chão frio, assim como fizeram na montanha, assim como ele fez depois da minha cirurgia, depois do sequestro.

Uma onda de desespero esmagador me invadiu, tão potente que me tirou o fôlego. Lembrei-me de suas declarações apaixonadas de amor, sua confiança inabalável em mim. "Eu sempre vou acreditar em você, Adelle. Sempre." Suas palavras, antes um conforto, agora zombavam de mim. Ele se foi. O homem que eu amava se foi, substituído por um estranho, uma paródia cruel de seu antigo eu.

Meu peito se contraiu, uma dor aguda e agonizante, como se meu próprio coração estivesse se partindo. Lágrimas, quentes e silenciosas, escorreram por minhas têmporas, formando poças no chão de mármore frio. O sonho acabou. O pesadelo era real. Era hora de acordar.

                         

COPYRIGHT(©) 2022