"O que é isso?", ele exigiu, seus olhos percorrendo o documento. "Que jogo você está jogando agora? Quem era aquele cara com você? Você acha que pode simplesmente vir aqui com algum... algum fantoche e fingir que está livre?"
Seus olhos finalmente pousaram nas letras em negrito impressas na certidão. Seu rosto perdeu a cor, sua mandíbula caiu e sua respiração falhou. "Não", ele sussurrou, balançando a cabeça. "Não, isso não é real. É falso. Você não faria isso."
Nesse momento, Fernanda apareceu, empurrando um carrinho de bebê com uma criança dentro. Ela parecia desgrenhada, os olhos inchados de chorar, mas um brilho calculado cintilou neles quando viu a reação do Caio mais velho.
"Caio, querido, o que há de errado?" Sua voz era sacarina, pingando falsa preocupação. Ela correu para o lado dele, colocando a mão em seu braço, seu olhar varrendo-me com um sorriso venenoso. "Não me diga que essa mulher patética está te assediando de novo. O que é desta vez, Alana? Fazendo-se de vítima? Tentando arruinar a vida dele por despeito?"
Ela olhou para o papel em minha mão. "Ah, é este o último truque dela? Uma certidão de divórcio falsa? Honestamente, Alana, é simplesmente triste. Você não pode nem dar um filho a um homem, e agora quer manter o Caio como refém com suas ilusões?" Suas palavras foram um golpe direto, mirando meu ponto mais vulnerável, lançadas casualmente como uma pedra.
Suas palavras, a crueldade afiada e calculada, fizeram meu sangue gelar. Ela estava tentando me pintar como a mulher louca e infértil, aquela que merecia seu abandono. Era uma narrativa familiar, uma com a qual eu vivi por muito tempo.
O Caio mais velho, ainda se recuperando da visão da certidão, pareceu se agarrar às palavras de Fernanda, usando-as como uma válvula de escape para seu próprio pânico crescente. "Ela está tentando me enganar, Fê! Ela sempre foi manipuladora!" Ele se virou para mim, os olhos ardendo. "Você acha que pode simplesmente conseguir um garoto para assinar um documento falso e ir embora com tudo que eu construí? Você acha que sou tão estúpido?"
Ele apontou para o espaço vazio onde o jovem Caio estivera. "E aquele garoto! O que ele era para você, Alana? Seu novo amante? Tentando me substituir por uma versão patética e jovem de mim mesmo? Que nojento!"
O insulto não foi apenas dirigido a mim. Foi ao jovem Caio, o único que realmente se importou. Isso finalmente rompeu minha compostura fria. Minha mão se moveu antes que eu registrasse conscientemente o pensamento.
PLAF!
O som ecoou pelo saguão silencioso do tribunal, agudo e ressonante. Sua cabeça virou para o lado, uma marca carmesim aparecendo instantaneamente em sua bochecha. A força do golpe fez seus dentes baterem.
Ele ficou congelado, os olhos arregalados de choque, a mão subindo lentamente para tocar a marca vermelha da minha palma em seu rosto. "Você... você me bateu?", ele engasgou, a incredulidade lutando com a raiva.
"Isso", eu disse, minha voz perigosamente baixa, "foi por insultar alguém que realmente tem um pingo de decência. Algo que você perdeu há muito, muito tempo."
Fernanda ofegou, puxando o carrinho para mais perto, como se eu estivesse prestes a atacá-la. O bebê no carrinho, assustado com o barulho repentino, começou a chorar, um choro fino e agudo.
O Caio mais velho, momentaneamente atordoado, pareceu voltar à realidade ao som dos choros do bebê. Sua atenção mudou imediatamente para o carrinho. Fernanda, sempre oportunista, começou a fazer um show de consolar a criança.
Ele me fuzilou com o olhar uma última vez, uma ameaça silenciosa em seus olhos, antes de se virar para Fernanda e o bebê chorando. Ele começou a arrulhar para o bebê, sua voz mudando de fúria para uma ternura doentia.
Eu me abaixei, peguei a certidão de divórcio que havia caído no chão e a endireitei cuidadosamente. Então, sem outra palavra, virei-me para sair.
"Alana! Não ouse me dar as costas!" Sua mão disparou, agarrando meu pulso, seu aperto dolorosamente forte. "Você não vai a lugar nenhum! Isso não é real! Eu não estou me divorciando de você!"
Ele ainda acreditava que podia me controlar. Ainda acreditava que suas palavras tinham poder. "Fizemos um voto, Alana!", ele insistiu, a voz tingida de desespero. "Para sempre! Você me prometeu para sempre!"
Minha mente, no entanto, estava repassando seus "para sempres". Para sempre com Fernanda. Para sempre com sua nova família. Seu "para sempre" havia sido uma mentira, uma gaiola dourada em que ele me prendeu. Olhei para o brilho odioso nos olhos de Fernanda enquanto ela nos observava, uma fome desesperada e possessiva. Era doentio.
Puxei meu pulso com um solavanco, seu aperto afrouxando momentaneamente. Então, segurei a certidão de divórcio diretamente na frente de seu rosto. O selo oficial, as assinaturas, a data - tudo impecavelmente claro. A verdade fria e dura o encarava.
"Não somos mais marido e mulher, Caio", afirmei calmamente, cada palavra um golpe de martelo em sua ilusão. "Está feito. É legalmente vinculativo. Estamos divorciados."
Seus olhos percorreram o documento novamente, procurando desesperadamente por uma falha, uma brecha, qualquer coisa para provar que eu estava errada. Mas não havia nada. Apenas a verdade inegável.