Sua Esposa Indesejada, Seu Coração Vingativo
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Capítulo 3

Ponto de Vista de Isabela Ferraz:

Minha cabeça latejava. O mundo girava. Tentei me mover, mas meus pulsos e tornozelos estavam amarrados, roçando em uma corda áspera. O pânico arranhou minha garganta. Onde eu estava? O que estava acontecendo?

Uma voz familiar cortou a névoa.

"Olha o que o gato trouxe, Caio."

Meus olhos se abriram de repente. Caio Almeida estava ao lado de uma chaise longue, seu rosto uma máscara de aborrecimento. Ao lado dele, envolta em seda, estava Eva Dantas, suas feições perfeitas torcidas em um olhar de falsa preocupação.

"Caio?", murmurei, minha voz rouca pelo desuso. "O que é isso? Por que estou amarrada?"

Ele suspirou, passando a mão por seu cabelo perfeitamente penteado.

"Não se faça de inocente, Isabela. Você tentou fugir. Mas nós temos... certas obrigações a cumprir."

Obrigações? Minha mente disparou.

"Do que você está falando?"

Eva riu, um som que irritou meus nervos em carne viva.

"Ah, querida, você é a mercadoria, lembra? Uma muito útil, aparentemente."

Meu sangue gelou.

"Mercadoria? O que vocês fizeram?"

O olhar de Caio era frio.

"Você foi trocada, Isabela. Um acordo de negócios. Pela estabilidade do império Almeida, é claro."

Trocada. Como uma ação. Como um móvel.

"Para quem?"

O sorriso de Eva se alargou, revelando um lampejo de malícia genuína.

"Para alguém que aprecia... ativos únicos. Alguém que está esperando por você há muito tempo. O Juiz Medeiros."

Medeiros. O nome enviou um arrepio de puro terror pela minha espinha. O homem lascivo e cruel que orbitava os negócios de Caio como um abutre, seus olhos sempre se demorando em mim por tempo demais. Ele teve um papel na ruína da minha família, um peão menor no grande esquema de Clarice, mas um predador mesmo assim.

"Não", sussurrei, a palavra um apelo desesperado. "Você não pode. Ele não."

Caio deu de ombros, como se estivesse discutindo o tempo. Eva simplesmente se abanou com uma mão delicada, sua expressão entediada.

"Qual é o problema, Isabela? São apenas negócios. Sua reputação, sua vida... é tudo apenas moeda de troca neste mundo."

Seu dedo perfeitamente manicureado tocou um colar de diamantes. *Isso* é valor real, seus olhos diziam. *Você* não é.

Caio assentiu.

"A Eva está certa. É sobre proteger o que é nosso. Seu... infeliz incidente... com o Medeiros poderia ter sido complicado. Este acordo limpa as coisas."

Uma percepção profunda e doentia me atingiu. Eles não eram apenas cruéis; eles eram verdadeiramente, profundamente maus. Não havia fundo para a depravação deles. Isso não era mais sobre dinheiro ou poder para eles; era sobre controle, sobre me desumanizar completamente.

Engoli em seco, um plano se formando em minha mente.

"Por favor, Caio", eu disse, minha voz cuidadosamente modulada para soar derrotada, desesperada. "Não me deixe com ele. Eu faço qualquer coisa. Por favor."

Fixei meu olhar nele, tentando projetar submissão total.

Um brilho de algo em seus olhos - pena? Arrependimento?

"Vou garantir que você seja... compensada, Isabela. Mais tarde. Apenas... coopere por enquanto."

Suas palavras eram ocas, sem sentido. Meu pai me ensinou isso.

Meu pai. A memória dele, suas mãos gentis, seu sorriso cansado, alimentou um fogo frio em meu ventre. Ele morreu acreditando que estava me libertando. Ele não teria morrido em vão.

A porta rangeu ao se abrir, e o Juiz Medeiros entrou pesadamente, seu olhar predatório e possessivo. Um sorriso grotesco se espalhou por seu rosto, seus olhos se demorando em minha forma amarrada.

"Ah, a adorável Isabela. Toda minha, ao que parece."

Caio colocou um pequeno pássaro de madeira, primorosamente esculpido, sobre a mesa.

"Conforme nosso acordo, Juiz. Uma peça rara, de fato."

O pássaro. Minha vida por uma bugiganga.

Caio e Eva se viraram para sair, já de costas para mim.

"Caio!", gritei, minha voz rouca e desesperada. "Não me deixe!"

Ele parou, mas não se virou. Eva puxou seu braço, sussurrando algo em seu ouvido. Ele assentiu, e eles continuaram pela porta, o clique da fechadura ecoando na sala cavernosa.

Medeiros avançou, seus passos pesados sacudindo o chão. Seus olhos, escuros e famintos, me devoraram.

"Agora, minha querida Isabela", ele ronronou, sua voz viscosa. "Vamos discutir seu passado... e seu futuro."

Ele desabotoou o cinto, um sorriso lascivo no rosto.

"Você sempre foi orgulhosa demais, pura demais. Vou arrancar isso de você."

Ele se lançou. Suas mãos, grossas e calejadas, agarraram meu braço, me puxando bruscamente da cadeira. A corda cortou minha pele. Gritei, me debatendo, meus membros amarrados inúteis. Ele me deu um tapa, uma dor aguda e ardente no meu rosto.

"Ainda lutando? Bom. Gosto de um desafio."

Minha mente disparou. Eu não podia deixar. Eu não iria. Meu pai não morreu para isso. Com uma onda desesperada de adrenalina, chutei, acertando-o em cheio na virilha. Ele ofegou, me soltando, agarrando-se, o rosto contorcido de dor. As cordas estavam frouxas, arranhando, mas eu tinha folga suficiente. Lutei, torcendo minhas mãos, rasgando as fibras ásperas.

A porta se abriu com um estrondo. Dois guardas enormes entraram correndo.

"Juiz! O que aconteceu?"

Medeiros, ainda curvado, apontou um dedo trêmulo para mim.

"Ela me atacou! Não a deixem sair!"

Meu coração afundou. Sem escapatória. Os guardas se moveram para bloquear as janelas, a única outra saída. Mas uma pequena varanda alta dava para um pátio abaixo. Era uma queda perigosa, mas era minha única chance.

Com um grito primal, me lancei sobre o parapeito. A queda foi um borrão vertiginoso, o chão correndo para me encontrar. Fechei os olhos com força, preparando-me para o impacto.

            
            

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