Capítulo 6 No.6

O Bairro Chinês era uma explosão sensorial. Cavalos-marinhos secos em potes, patos pendurados, o cheiro de gengibre e enxofre. Alvor navegava pelas calçadas lotadas com facilidade. Ela precisava de ingredientes. Seu corpo estava fraco, e vitaminas padrão não eram suficientes. Ela precisava de um tônico para impulsionar seu qi e acelerar a recuperação muscular.

Ela entrou na "Boticário de Ervas do Oriente", uma loja estreita empilhada do chão ao teto com gavetas de madeira.

Lá fora, o Maybach preto estava parado no meio-fio. Cardo estava sentado atrás, pressionando os dedos contra a têmpora. A dor de cabeça estava de volta, uma agonia branca e cegante que fazia sua visão embaçar.

- Senhor - disse Lousa do banco da frente. - Precisamos pegar sua medicação. A farmácia fica a quarteirões de distância.

- Pare aqui - rangeu Cardo. - Pegue... alguma coisa. Qualquer coisa para a dor.

Lousa hesitou, depois assentiu. Ele pulou do carro e correu para a loja mais próxima - a Boticário do Oriente.

Lá dentro, Alvor estava inspecionando uma caixa de ginseng seco quando Lousa irrompeu.

- Preciso de analgésicos! - gritou Lousa para o dono da loja, o Sr. Oriente, que parecia perplexo. - Fortes. Agora!

O Sr. Oriente piscou. - Temos ervas. Sem pílulas aqui.

Lousa parecia frenético. Ele sabia que seu chefe estava incapacitado. - Ervas então! O que quer que funcione para enxaqueca!

O Sr. Oriente parecia confuso, estendendo a mão para um pote aleatório.

- Isso é ginseng - a voz de Alvor cortou o pânico. - Vai aumentar a pressão sanguínea dele e piorar a enxaqueca.

Lousa virou-se, reconhecendo-a. - Você. A mulher do beco.

Alvor não olhou para ele. Agarrou um pedaço de papel pardo e um lápis de carvão do balcão. Começou a escrever furiosamente.

Corydalis Yanhusuo.

Ligusticum Wallichii.

Raiz de Peônia Branca.

Alcaçuz.

Ela escreveu as medidas em gramas. Precisas. Perigosas se desequilibradas.

Ela arrancou o papel e o enfiou na mão de Lousa.

- Dê isso ao Sr. Oriente - ordenou ela. - Diga a ele para preparar. Três xícaras de água fervidas até virar uma. Beba quente. Tem gosto de terra, mas vai parar a dor em vinte minutos.

Lousa olhou para o papel, depois para ela. - Por que eu deveria confiar em você?

- Porque seu chefe está sofrendo de uma constrição vascular no cérebro - disse Alvor calmamente. - E porque eu não tenho tempo para ver você matá-lo com ginseng.

Pela janela da loja, Alvor podia ver a silhueta de Cardo na parte de trás do carro, caído contra o vidro.

- Faça - decidiu Lousa. Ele entregou a lista ao Sr. Oriente. - Por favor. Depressa.

O Sr. Oriente pegou a lista. Ele assobiou baixo. - Receita antiga. Muito forte. Quem é a garota? Ela é mestre?

- Apenas prepare - retrucou Lousa.

Alvor pegou sua própria cesta de raízes. Pagou ao Sr. Oriente rapidamente enquanto o velho pesava a cura de Cardo.

Ela saiu da loja. Ao passar pelo Maybach, não olhou para dentro. Continuou andando, desaparecendo na multidão.

Dentro do carro, Cardo observou a figura dela se retirando através dos olhos semicerrados. A dor era cegante, mas sua mente ainda estava gravando.

Ela estava aqui. De novo.

Lousa voltou minutos depois com uma garrafa térmica de líquido escuro e pungente.

- Ela escreveu a receita, senhor - disse Lousa se desculpando. - Eu... eu não sabia mais o que fazer.

Cardo pegou a garrafa térmica. Sentiu o cheiro amargo e terroso.

- Ela escreveu? - sussurrou Cardo.

- Sim, senhor. Em caracteres mandarim.

Cardo hesitou. Poderia ser veneno. Mas a dor era uma coisa viva comendo seu cérebro.

Ele tomou um gole.