Eu tirei o cinto de segurança e saí do carro, fechando a porta atrás de mim. Douglas apareceu em frente a mim, levantando uma sobrancelha. Eu rapidamente comecei a seguí-lo e nós entramos na lanchonete, o sininho na parte de cima da porta tocando no momento em que passamos por ele. Eu não pude conter o riso.
Nossa, que original.
O design da lanchonete também super original, com as cores principais do local sendo vermelho e branco. Eu observei o balcão que atravessa todo o salão, além das mesas brancas e poltronas vermelhas que ficavam próximas à janela.
Douglas foi em direção ao balcão e, de repente, uma garota ruiva de cabelos cacheados veio até ele. Seu cabelo estava preso em um coque bagunçado no topo de sua cabeça e eu não pude deixar de notar o quão bonita ela era.
"Sam!" A garota disse alegremente. "Faz tempo, hein? O que eu posso fazer por você hoje?" A garota perguntou com um largo sorriso no rosto e Douglas sorriu de volta.
"Oi, Verônica." Douglas a cumprimentou. "Sim, definitivamente já faz bastante tempo. Eu vou querer apenas dois cheeseburgers." Ele falou, deslizando uma nota de vinte dólares para Verônica, que pegou o dinheiro e colocou na caixa registradora.
"Eu volto daqui a pouco com o pedido de vocês." Verônica informou, com um sorriso ainda em seu rosto. Por um breve momento, ela notou que eu estava ali e acenou para mim, antes de voltar para a cozinha.
Eu olhei ao redor e notei que havia uma mesa no canto mais afastado do restaurante, onde o sol estava batendo. 'Meu Deus, esse lugar parece um freezer... ou talvez seja porque eu não estou usando meu casaco', eu pensei comigo mesma, antes de correr até a mesa e me sentar, me encostando na janela e deixando escapar um suspiro ao sentir o sol aquecendo meus braços. Douglas também se sentou apoiado contra a janela, no lado oposto ao meu, e não pude deixar de olhar para ele.
Por uma fração de segundo, Douglas parecia que estava prestes a dizer algo, mas antes que pudesse fazê-lo, ele foi interrompido pelo seu celular, que começou a tocar.
Ele pegou o celular e o pressionou no ouvido, desviando seu olhar de mim. "Alô?", Douglas atendeu. "Sim, ela está bem." Ele disse, olhando para mim e balançando a cabeça lentamente. "Certo, eu vou perguntar a ela." Ele murmurou, afastando o telefone da sua orelha e olhando para mim mais uma vez.
"Tudo bem se você ficar só com Cauã e Leonardo esta noite?" Douglas me perguntou e eu assenti com a cabeça lentamente. Eu observei enquanto ele voltava a aproximar o telefone do ouvido.
"Por ela tudo bem. Sim, tanto faz. Tchau." Douglas falou antes de finalizar a ligação, colocando seu celular de volta no bolso.
"Quem era?" Perguntei, a curiosidade falando mais alto.
"Minha mãe." Ele respondeu simplesmente, olhando em direção à paisagem do lado de fora.
"Por que eu vou ficar apenas com Leonardo e Cauã?" Eu questionei, fazendo com que ele olhasse para mim, arqueando a sobrancelha.
"Você tem um botão de mudo?" Ele retrucou, parecendo estar bastante irritado. Eu balancei minha cabeça, sorrindo levemente. Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos.
"Guilherme e eu vamos sair e a minha mãe está presa no trabalho." Douglas explicou e eu assenti. De repente, percebi que Verônica apareceu com duas bandejas de comida nas mãos e um largo sorriso no rosto.
"Aproveitem, vocês dois." Verônica falou, mas antes de ir embora, ela olhou para mim e me acenou de maneira firme, ainda com um sorriso no rosto.
"Nadine." Ela disse antes de ir embora. Franzi o cenho e notei que os olhos de Douglas estava em mim, querendo saber o motivo de Verônica saber meu nome.
"Como ela sabe o seu nome?" Douglas indagou. Eu olhei para Verônica, que voltava para a cozinha. Então eu voltei meu olhar para Douglas, uma pequena carranca surgiu em meu rosto.
"Eu não faço ideia."
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"Corra, corra, corra!" Eu berrei, cobrindo minha cabeça com as mãos enquanto corria em direção ao carro. Eu acreditava que Douglas iria realmente se apressar, já que está chovendo forte, mas notei que ele veio caminhando lentamente até a porta do carro.
"Destranque o carro!" Eu gritei para ele, dando um pulo quando ouvi o som de um relâmpago. Douglas pegou sua chave e apertou o botão, fazendo com que as luzes do carro piscassem. Eu imediatamente abri a porta e me joguei no banco do passageiro, abraçando meu corpo gelado. Douglas entrou e deu partida no carro.
"Valeu hein." Murmurei baixinho e Douglas me encarou para mim, levantando a sobrancelha.
"Pelo quê?"
"Eu provavelmente vou pegar um resfriado por sua causa." Eu retruquei friamente, esfregando minhas mãos nos meus braços, para cima e para baixo.
"Se você ficar doente, eu chamo um médico para você... espera, eu não estou nem aí." Douglas disse com um sorriso malicioso no rosto e eu revirei meus olhos.
'Claro que não.'
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Eu abri meus olhos, um sorriso aparecendo em meu rosto. O assento do carro estava me deixando aquecida e a música baixa que estava tocando no rádio estava me deixando calma e relaxada, o que era algo que eu nunca imaginaria ser capaz de sentir enquanto estivesse no mesmo carro que aquele garoto rebelde.
Mas o sorriso desapareceu do meu rosto repentinamente quando eu percebi que nós tínhamos passado da escola. Com meus olhos arregalados, eu olhei para Douglas, que estava batucando os dedos no volante.
"Douglas, para onde nós estamos indo?" Eu perguntei quando nós paramos em um sinal vermelho.
"Pra casa." Douglas respondeu e eu arfei.
"Não, a gente não pode! Eu não posso! Minha jaqueta está no meu armário e minha mãe vai ficar uma fera comigo! Eu tenho cara de que quero morrer? Porque eu não..."
Douglas colocou o dedo em meus lábios, me silenciando. Eu afastei a mão dele e lhe lancei um olhar furioso, observando-o enquanto ele encarava a estrada.
"Em primeiro lugar, a sua mãe não vai saber, porque ela está no continente Afredo. E em segundo lugar, você pode pegar sua jaqueta amanhã. Além disso, você quer mesmo voltar lá só para ouvir mais pessoas falarem merda sobre você?" Douglas perguntou, dando partida no carro, e eu suspirei.
"Não." Respondi, minha voz soando como um sussurro. Ele me encarou com um sorriso malicioso no rosto.
"Então, o que você me diz?"
Soltei um longo suspiro e encarei a janela, observando as gotas de chuva deslizarem pelo vidro.
"Tudo bem."
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Douglas estacionou o carro em frente à casa. Eu fiquei parada no lugar por alguns segundos, até ter coragem suficiente para abrir a porta e sair correndo naquela chuva torrencial. Impulsivamente, eu abri a porta do carro e imediatamente comecei a correr em busca de abrigo, esperando pacientemente que Douglas abrisse a porta. Assim que ele fez aquilo, eu corri para dentro e fui direto para a frente da lareira.
"Você é tão dramática." Douglas comentou enquanto tirava sua jaqueta de couro. Eu fiz uma careta para ele.
"Bem, talvez se eu estivesse com a minha jaqueta, eu não estaria agindo de forma 'tão dramática'." Eu retruquei e ele riu, caminhando até o sofá e se sentando com os pés apoiados em cima da mesinha de centro.
Enquanto eu me acomodava na frente da lareira, escutei uma música começando a tocar na televisão e olhei para cima. A música Love Yourself, de Justin Bieber, estava tocando e eu não pude deixar de soltar um gritinho.
Eu amava o Justin Bieber!
Eu me levantei de onde estava sentava e me joguei no sofá, abraçando meus joelhos. Nós dois estávamos assistindo ao vídeo juntos e, enquanto a expressão entediada de Douglas era aparente, eu tinha um grande sorriso no rosto, enquanto cantarolava o refrão.
Foi quanto então, de repente, eu arfei de surpresa.
Douglas Anderson mudou de canal... e para uma partida de futebol!
"Douglas, seu babaca!" Eu reclamei, batendo no ombro dele. Ele levantou uma sobrancelha para mim enquanto eu o encarava de maneira irritada. De repente, começamos a ter uma disputa de encaradas.
"Você é um babaca." Eu repeti, olhando nos olhos castanhos de Douglas.
"Você não fala palavrão, não é?" Ele perguntou, uma pequena risada escapando de seus lábios enquanto ele olhava em meus olhos azuis.
"Não. Qual o sentido de falar palavrões quando você pode usar outras palavras normais e mais apropriadas?" Eu perguntei, enquanto um pequeno sorriso surgia em meu rosto.
"Bem, você pode usar palavrões para dar mais força e ousadia para o que você está tentando dizer." Ele retrucou e eu mentalmente revirei os olhos.
"Ah, lar, doce lar!" Eu ouvi uma voz gritar, seguido pelo som de uma gargalhada escapando dos lábios de alguém. Douglas e eu pulamos, afastando nossos olhares um do outro.
Leonardo estava encarando nós dois e Cauã estava sorrindo descaradamente, enquanto Guilherme pegava uma maçã da fruteira. Cauã cruzou os braços sobre o peito e levantou uma sobrancelha.
"Nós estamos interrompendo alguma coisa?" Ele indagou e eu neguei com a cabeça na mesma hora.
"Nós estávamos apenas..."
"Conversando." Douglas me interrompeu, e ao olhar em direção a ele, eu percebi que ele estava encarando os três garotos.
"Sobre o quê?" Leonardo insistiu enquanto Douglas e eu trocamos um olhar.
"Futebol." Nós dois respondemos ao mesmo tempo, e eu pude ouvir a risada de Guilherme.
"Bem, Nadine, será que eu posso pegar meu irmão emprestado? Nós temos que ir." Guilherme comentou e eu me lembrei do que Douglas me disse no restaurante, de que eu iria passar a noite em casa apenas com Cauã e Leonardo.
"Claro." Eu respondi lentamente. Douglas se levantou e pegou sua jaqueta de couro, que ainda estava encharcada, diga-se de passagem, e saiu de casa, sendo seguido por Guilherme.
Leonardo e Cauã trocaram um breve sorriso no momento em que os dois se jogavam no sofá, cada um deles se sentando em um de meus lados. "O que rolou?" Cauã perguntou e eu franzi o cenho.
"Nós estávamos conversando... sobre futebol." Eu repeti devagar e apontei para a televisão, que ainda estava ligada.
Leonardo acenou com a cabeça, mas o sorriso em seu rosto deixava claro que ele não tinha acreditado em uma palavra do que eu tinha dito. "Beleza, e que time é esse?" Leonardo perguntou, e eu olhei em direção à televisão, onde uma equipe de uniformes azuis estava correndo pelo campo.
"Ah... é o... humm..."
"Te peguei." Cauã sussurrou em meu ouvido e eu cerrei meus olhos com força.
"Tá bem. Você provavelmente não vai acreditar em mim, mas nós estávamos tendo uma disputa de encaradas."
"Nós acreditamos em você." Leonardo respondeu, me fazendo abrir meus olhos e olhar para ele e Cauã.
"E foi isso que fez com que vocês dois quase se beijassem." Cauã acrescentou e eu suspirei, olhando em direção a ele.
"Nós não 'quase beijamos' coisa nenhuma! Não houve nada nem perto disso!" Eu protestei, levantando um pouco a minha voz.
"Claro, como você quiser, Nadinha." Cauã sorriu. "Eu até continuaria com essa conversa interessante que nós estamos tendo agora, mas eu estou morrendo de fome e estou pronto pra jogar um pouco de Call of Duty." Cauã comentou, levantando do sofá e caminhando em direção à cozinha.
"Eu posso jogar?" Eu pedi, o que fez com que Cauã soltasse uma risada, olhando por cima de seu ombro para sorrir para mim.
"Só se você me deixar vencer."
"De jeito nenhum." Eu respondi, soltando uma risadinha quando ouvi Cauã soltar um gemido. Leonardo começou a rir também, seus olhos desviando rapidamente para a televisão.
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