Capítulo 5 N°

PONTO DE VISTA DE NADINE:

Subi as escadas lentamente, fechei meus olhos e os abri novamente com dificuldade, já que tudo que eu gostaria de fazer era apenas dormir por muitas e muitas horas, ou por vários dias.

Leonardo, Cauã e eu estavámos jogando vários tipos de jogos no Xbox e, já estamos fazendo isso há algum tempo, porém, agora são duas da manhã e isso justifica o meu cansaço. Os meninos haviam adormecido ali mesmo nos sofás, e, agora decidi ir para o meu quarto.

No entanto, assim que cheguei ao topo da escada, ouvi uma batida na porta da frente. Nesse momento, imediatamente me recordei de que Douglas e Guilherme, saíram para dar um passeio.

Acredito que são eles de volta.

Suspirei enfadada, desci as escadas e me dirigi à porta da frente. Depois de alguns segundos, as batidas rapidamente se transformaram em pancadas, sem me preocupar, apenas movimentei meus olhos, e não mudei o rítmo dos meus passos até a porta.

"Já estou indo!" Disse após bocejar, mas as pancadas na porta não pararam. Suspirei mais uma vez, já que estou indo, mas também torci para que os dois meninos não acordassem ninguém com todo esse barulho.

Após soltar as travas, agarrei a maçaneta com força e abri a porta. Guilherme estava lá, com a mão na sua testa, enquanto Douglas estava bebendo um líquido claro.

Vodka.

Olhei para Guilherme e notei que havia sangue sobre sua mão esquerda e seu lábio superior estava arrebentado. E, para aumentar a minha preocupação, também vi que havia sangue seco sob o nariz dele. Lamentei com um murmúrio, agarrei sua mão, puxei o garoto para dentro de casa. Em seguida o arrastei em direção à cozinha, a fim de ajudá-lo.

"Ei, sente-se aqui. E, não saia daí." Falei para Guilherme e o observei descansar a testa na mesa. Voltei meu olhar para Douglas que estava sorrindo, porém ainda estava com a garrafa na mão e tomou mais alguns goles da bebida.

Droga!

Ele está embriagado.

Diante da situação, corri para a sala de estar e começei a balançar os ombros de Cauã e Leonardo. Porém, ambos gemeram sem responder.

"Vamos, acordem!" Exiji energicamente, mas eles não se moveram. Lamentei através de um gemido, parei um segundo, pois devia pensar numa solução, até que quase inconscientemente, dei um tapa no rosto de Cauã e outro em Leonardo. Assustados, eles se levantaram imediatamente e ficaram paralisados me olhando com os olhos arregalados.

"Como você se atreve a me dar um tapa na cara!" No mesmo instante interrompi Cauã e apontei para a cozinha, com meus olhos arregalados.

"Guilherme e Douglas precisam de ajuda", então mesmo eu ainda falando, Cauã e Leonardo pularam do sofá e correram para a cozinha. Segui atrás deles na mesma velocidade. De repente, ouvi um barulho semelhante a vidro se quebrando. Fiquei paralisada olhando para a garrafa que Douglas estava segurando. Olhei para o culpado e vi como ele agarrava a borda da mesa num ataque de rebeldia.

"Que droga é essa, Douglas!" Furioso, Leonardo gritou sem acreditar no que seus olhos estavam vendo. Douglas olhou para Leonardo, com sua face transformada, seus olhos se estreitaram e sua expressão era de quem sentia muita raiva. Então, meus olhos se arregalaram quando vi que Douglas estava indo em direção a Leonardo e percebi que não tinha boas intenções. Na tentativa de impedi-lo fazer qualquer coisa de que se arrependeria depois, corri até ele e tentei segurá-lo, mas sem sucesso, pois não consegui detê-lo.

"Douglas, não... Pare, por favor!" Implorei, tentando puxar Douglas de volta, mas era tarde demais.

Ele deu um forte soco no nariz de Leonardo.

O sangue começou a escorrer e Cauã ficou lá, paralisado.

Olhei para Douglas e fiz uma careta, levantando as sobrancelhas e enrrugando o couro da testa. "O que é..." Antes que eu pudesse terminar minha frase, o punho de Douglas acertou meu queixo, então caí batendo minha cabeça nos ladrilhos frios do chão da cozinha.

●●●

PONTO DE VISTA DE CAUÃ:

Vi Nadine cair no chão, e notei que sua boca estava muito machucada. Meus olhos encontram os de Douglas, então caminhei até ele, virando-o para que ele ficasse de frente para Guilherme, que permaneceu sentado à mesa.

"Vá se sentar ao lado dele e ficar quieto, droga." Ordenei, com meu queixo dolorido e empurrei meu irmão em direção a Guilherme. Cambaleando, ele se sentou ao lado de Guilherme, todavia notei que seus punhos ficaram se abrindo e se fechando. Me virei para verificar como estavam Leonardo e Nadine.

Droga!"

Com muito cuidado, peguei Nadine nos meus braços. Resolvi levá-la ao banheiro e ao notar que ela estava respirando normalmente, fiquei aliviado.

Sentando-a no vaso sanitário, comecei a preparar um banho para ela. "Ei Nadinha, como você está?" A chamei, batendo levemente em seu ombro. "Ei, Nadine!" Segundos depois, observei que seus olhos se abriram lentamente, então dei um sorriso.

"Você tem que tomar um banho." Falei bem baixinho, assim Nadine olhou para o chuveiro, em seguida, olhou de volta para mim, balançando a cabeça para confirmar." Ela resmungou lamentando, e quando ela começou a tirar as meias, saí do banheiro e a deixei sozinha para que pudesse ter um pouco de privacidade. Desci as escadas correndo e me deparei com Guilherme vomitando na pia, enquanto Douglas estava dormindo com a cabeça sobre a mesa.

Levantei Leonardo do chão e o sentei com as costas apoiadas contra a parede. Abri a gaveta e peguei o kit de primeiros socorros e cuidadosamente comecei a limpar seu nariz. Depois que teminei, o agarrei e arrastei até o sofá, a fim de deixá-lo deitado para sentir-se confortável.

Fui até Guilherme, que estava limpando a boca com as costas da mão, e dei a ele alguns comprimidos dos mesmos que acabei de dar a Leonardo. Dei uma olhada em sua mão enquanto Guilherme engolia os comprimidos sem água e soltou um suspiro, também notando seu lábio arrebentado.

Após limpar os machucados e seus lábios, comecei a envolver a mão de Guilherme em uma bandagem. Assim que terminei, bati levemente em seu ombro.

"Você deveria ir se deitar." Aconselhei e Guilherme acenou com a cabeça, caminhando em direção às escadas. Fiquei observando-o começar a subir lentamente, até quando ficou fora da minha vista. Então me virei para Douglas, que estava dormindo, e soltei um profundo suspiro.

"Você acredita que vai se esquecer do passado ingerindo álcool?"

●●●

PONTO DE VISTA DE NADINE:

Levei minha mão à minha cabeça e fechei meus olhos enquanto sintia a dor aumentar e se distribuir por todo o meu corpo. "Ai, minha cabeça", soltei um gemido e procurei algum machucado, assim sendo, ao passar a mão sobre minha cabeça percebi que tinha um pequeno corte próximo da orelha. Então, fechei os olhos novamente, respirei fundo procurando obter um pouco mais de ânimo e abri ainda mais a torneira, para aumentar o fluxo de água, assim a deixando cobrir todo o meu corpo.

Quando a água quente alcançou a minha cabeça, assobiei de dor. Dói bastante, mas sei que tenho de lavar os ferimentos. Não quero adquirir uma infecção.

Permaneci um tempo sentada antes de me levantar, depois peguei a toalha que estava na prateleira ao lado da banheira e envolvi ela em volta do meu corpo. Saí dali e caminhei até o espelho, limpando-o com a ponta da toalha para que eu pudesse me ver.

A primeira coisa que vi foi um círculo roxo na minha bochecha. Certamente é o local onde Douglas me bateu. Procurei um pouco mais e vi um corte perto da minha sobrancelha e outro na minha cabeça por causa da queda. Corri um dedo sobre o corte e soltei um gemido de dor. Esforçando-se para me animar, tentei sorrir suavemente, mas meu queixo começou a latejar tanto que estremeci de dor.

Acho que vou ficar carrancuda por um longo tempo...

Não que eu fosse iniciante nesse tipo de comportamento.

Saí do banheiro e fui direto para meu quarto. Vi que a lâmpada já estava acesa e em cima da minha cama tinha uma calça de pijama azul com desenhos de patos e uma camiseta preta. Peguei um par de roupas íntimas e as vesti antes de colocar minhas outras roupas. Após me vestir, fui até a estante e dei uma olhada nos livros.

A maioria dos livros era da Disney, mas isso não tinha nenhum problema para mim. De repente, levei a mão à estante e peguei Cinderela. Voltei para a minha cama e me sentei de pernas cruzadas. Deixei as minhas costas pressionada à cabeceira da cama, depois abri o livro, comecei com muita atenção a ler as palavras da primeira página.

Para Miranda...

●●●

●●●

●●●

●●●