Capítulo 4 Inusitado...

Gabriela

Cintia sabia como me tirar do sério como ninguém, nós rimos e eu respondo a ela:

- Quando uma pessoa acaba de sair de uma cirurgia, ela ainda está inconsciente de seus atos...me dá meu dinheiro.

- Nada disso, nem foi anestesia geral que eu sei...então ele sabia sim o que fazia! – ela mantém o olhar malicioso e eu um olhar indignado.

Enquanto ela fazia a transferência, Felícia pega o seu celular e manda um áudio para minha cunhada, com uma empolgação incrível, nem na nossa formatura ela havia ficado tão entusiasmada:

- Fê, corre aqui embaixo na sala da minha irmã, tenho um babado fortíssimo para contar!

Enquanto eu absorvia a informação de que mais alguém poderia saber do beijo, Fernanda entra como se fosse tirar a mãe da forca, nunca havia visto ela tão eufórica;

- Fala, o que foi!?

- Antes de tudo me dá meu dinheiro! São exatamente... - disse Cintia com um sorriso largo

- Mais alguém apostou nesse beijo!? – interrompo indignada e elas disfarçam, Fernanda segurando a risada denuncia que meu irmão também havia apostado.

Estávamos naquela sala já fazia vinte minutos, quando meu irmão entra, já sabendo do que aconteceu, apesar de tentar ficar muito brava com eles por terem apostado e nem de dado metade do dinheiro, não conseguia, eles eram meus melhores amigos, minha família.

Quatro dias depois

Miguel já havia voltado a trabalhar, com supervisão e acompanhamento, ele estava em ótima forma, pensar naquele beijo era o meu maior passatempo, quando contei a Helena ela vibrou como se tivesse ganhado na loteria, meus olhares para Miguel andando pelos corredores diziam que eu queria repetir aquilo mais vezes, e já que ele estava tão bem, no auge de sua forma física, porque não fazer uma proposta indecente?, não queria namorar ele, mas poder transar apenas com ele, como uma rôla fixa.

Mais tarde naquele dia durante o nosso almoço com amigos, ele deixa escapar que estaria sozinho em casa, essa seria minha oportunidade de ouro, como quem não queria nada, quando estávamos sozinhos no vestiário, dou uma olhada do volume da cueca e...uau! que belo espécime...depois que terminei de me trocar ele estava se olhando no espelho, dou uma provocada em seu ouvido:

- Tenho uma coisa para te falar...mas tem que ser entre quatro paredes! – dou uma piscadinha e um tapinha de leve naquela bunda gostosa.

Antes que eu possa atravessar a recepção e bater meu ponto, Miguel já estava do meu lado, com um sorriso que mal cabia em seu rosto perfeito, ele havia entendido o recado, entro em meu carro e ele sobe em sua moto, pouco depois de sairmos eu vejo ele entrar em uma farmácia, dentro de meia hora estávamos no apartamento dele, que não estava aquele primor de organização, roupas espalhadas em todos os lugares, mas eu não estava nem ai.

Miguel

Oi Deus sou eu de novo, queria agradecer a oportunidade de transar essa noite com a mulher mais gostosa que já vi, valeu!...cara quilo estava mesmo acontecendo, eu estava mesmo comprando uma caixa de camisinhas de vários sabores para transar com a Gabriela Hoffmann, acho que estou delirando, mas quem liga eu vou trepar! depois de meses sem uma gata naquele apê, finalmente vou levar ela para o abatedouro. Chegamos juntos e entramos no elevador como duas pessoas que não se conheciam, mas no corredor até o apartamento, foi quando eu perdi a educação, peguei ela pela cintura, nesse momento ela até perdeu o fôlego, e nem tinha feito nada ainda, beijei sua oca como nunca antes, fomos andando e nos beijando, o aquecimento foi ali mesmo, chego a meu apartamento e assim que abri a porta quase caímos, ela tirava minha roupa como uma selvagem, eu estava tão excitado que meu pau quase abre o zíper e pede licença para entrar nela.

Enquanto eu abro os botões de sua camisa ela tira meu cinto com uma rapidez, abro seu sutiã e lambo o seu seio farto, ela dá um leve gemido, entrelaço meus dedos em seus cabelos na parte de traz da sua cabeça, ela tira minha calça de um jeito incrível, puxando com os dedos dos pés, então tiro sua calcinha de lingerie branca com os dentes e faço um belo trabalho com minha língua, sinto suas unhas arranharem minhas costas, me levanto e pego ela no colo com minhas mãos em sua bunda, chego no meu quarto e a coloco em cima da minha cama, depois de ter nos protegido eu a penetro com força, e de novo e de novo, até que ela goze, seus gemidos eram musica para meus ouvidos.

A exaustão nos leva a parar, com a sua voz ofegante ela me diz enquanto se levanta para ir embora e me deixando confuso:

- Você foi ótimo, boa noite!

- Vai aonde gata!? – pergunto estranhando

- Para casa, aonde mais!? – ela responde sorrindo de canto e com um olhar sexy

- Achei que fosse ficar essa noite! - disse com a voz de prazer

- Não, foi só uma ficada, mas podemos repetir outro dia! – ela pisca para mim e sai do quarto completamente nua, a minha visão era a do paraíso.

- Não vai me dar um beijo!? – pergunto fazendo charme

Ela para no meio do caminho enquanto procurava sua calcinha e volta para me dar o beijo mais gostoso que já senti, seus lábios macios tocando os meus, sua língua passeava pela minha boca, depois do beijo ela passa a mão pelos seus cabelos e dando uma mordidinha no lábio inferior e fechando levemente seus olhos ela solta uma gemidinha, aquilo me deixou louco.

Levo ela até a porta e eu estava apenas de cueca quando na porta ela passa a mão no meu peitoral, e diz com um olhar malicioso e uma voz sexy:

- Pedaço de mal caminho! – ela se vira e vai embora

Desde que cheguei na cidade nunca havia dormido tão bem, o cheiro dela ficou no meu travesseiro, ela consumia meus pensamentos mais perversos, com ela eu na minha cama me senti como um Deus, se eu fosse definir em palavras o sexo com Gabriela eu teria de inventar um dicionário inteiro. No dia seguinte acordei muito disposto, mas não tinha nenhuma mensagem dela, então resolvi mandar, mas logo desisti quando achei a calcinha que ela tanto procurava, antes de sair para o trabalho coloquei ordem naquela bagunça, fui para o hospital com a calcinha guardada discretamente na minha mochila.

Assim que atravesso a porta vejo ela subindo para seu escritório, pego o próximo elevador e entro em sua sala, e ela age como uma profissional, agindo de maneira cordial, bem diferente da mulher de ontem a noite:

- Bom dia dr Miguel, precisa de alguma coisa!? – ela pergunta de maneira simpática

- Bom dia Dra Gabriela! – me curvo apoiando na mesa e ela se inclina um pouco para frente, então digo bem baixo em seu ouvido – vim trazer sua calcinha!. - digo entre um sorriso sexy

- Fica de recordação, eu tenho outras mais interessantes! – ela responde com um olhar provocante se afasta e continua – era só isso!?

- Sim...só isso! – saio da sala e vou direto para o vestiário.

Eu não conseguia parar de pensar nela, mas eu precisava me concentrar no meu trabalho, depois de uma longa cirurgia eu vou para o posto do trauma, enquanto revia alguns prontuários vi aquela beldade saindo do elevador com muita pressa e prendendo o cabelo, ela estava bem seria, aquele uniforme azul bem ajustado ao seu corpo fazia ela ficar bem sexy, mas aquele era um momento sério, ela reuniu a equipe e disse em voz de comando enquanto todos se preparavam:

- Atenção todos! – todas as pessoas que estavam ali param o que estavam fazendo e se concentram nas palavras dela - acabo de receber a informação de um tiroteio em uma escola, muitos feridos graves e outros estáveis, quero todos trabalhando, e muita atenção ao que estão fazendo, todas as cirurgias eletivas serão canceladas, quero todas as salas de cirurgia prontas e livres!

Em pouco tempo muitas ambulâncias chegam, eu nunca havia visto tamanha tragédia e tamanha crueldade, grande parte dos feridos eram crianças de no máximo doze anos, os pais das crianças pediam por informações a qualquer pessoa que estivesse de uniforme azul escuro, por mais que na faculdade você tenha que lidar com a morte, não era nada fácil ver a quantidade de crianças e adolescentes perdendo suas vidas.

As horas passaram e equipes de reportagem ocupavam a frente de hospital, todos queriam um numero de feridos e mortos, mas ainda não era possível contar, as equipes de reportagem estava querendo cada vez mais informações, e Gabriela como a nova diretora do hospital e nova chefe de cirurgia foi falar com eles e responder suas perguntas, ainda com seu uniforme azul e se cabelo preso com um rabo de cavalo, ela vai a publico e responde as questões, a televisão do hospital estava transmitindo ao vivo:

- Dra Gabriela, pode nos dizer quantos feridos até agora?

- Até agora são exatamente 80 feridos...

- E quantos mortos, já tem esses números!?

- Ainda não posso passar essa informação, tem mais gente chegando em diferentes estados!

- Acha que consegue lidar com tanta coisa, sendo tão jovem e sendo mulher!?

- Mais alguma pergunta sobre o caso!? – seu rosto fica evidentemente furioso e ela apenas espera que alguém faça mais alguma pergunta sobre o atentado – não? Então com licença! – ela se vira de costas, entra e se paramenta para entrar em outra cirurgia.

Não paravam de chegar de chegar ambulâncias com as vitimas, e ainda tinham ambulâncias com outros acidentes, grande parte da equipe do hospital estava naquele posto de trauma, depois de vir a publico, eu vi Gabriela poucas vezes naquele dia, aquela foram as horas de maior tensão da minha vida, imagino como minha menina estava lidando com tudo isso ao mesmo tempo.

Gabriela

Nunca havia visto tamanha crueldade como aquele treze de março, as nove e meia da manhã, eu havia acabado de resolver alguns contratos e falado com Miguel sobre a noite passada, quando ligam para minha sala dizendo para ligar a televisão, não penso duas vezes, troco o saltos por um tênis confortável, a roupa social de estilo pelo meu uniforme azul, que tanto me orgulho de usar, sem tempo para esperar o elevador desci de escada, prendendo meu cabelo em rabo de cavalo bem firme, reúno a equipe e vejo todos agindo rápido, era a primeira vez que eu estava no comando do hospital inteiro e da equipe cirúrgica em uma grande fatalidade.

Todos ao meu redor estavam pedindo ajuda, a responsabilidade de ter muitas vidas ao mesmo tempo ao meu comando estava me tirando do sério, aquele dia foi a primeira vez que tive a honra e a oportunidade de operar ao lado de toda minha família, não ao mesmo tempo, mas saber que tinha o apoio deles eram muito bom, mas a mais importante de todas foi quando operei com meu pai, uma criança com uma bala na cabeça e outra no peito, enquanto ele operava a cabeça eu cuidava da caixa torácica, antes de entrarmos para a cirurgia ele me disse uma frase muito importante, que meu avô havia dito a ele quando operaram juntos:

Faça o seu melhor, eu confio em você e aquela família precisa de você!

Senti o peso da responsabilidade e entramos juntos, felizmente o menino ficou bem, assim que saio da sala e me preparo para trocar de roupa um residente no seu primeiro ano me aborda no corredor e me pergunta como se estivesse perdido:

- Dra Gabriela o que eu faço!?

Naquele momento meu sangue ferveu e eu gritei com ele, não foi intencional mas foi necessário:

- O que você faz!? É serio que fez essa pergunta? Olha ao seu redor, as pessoas estão precisando de nós, ajude-as, salve vidas é isso que você tem que fazer...não me pergunte mais o que tem que fazer!

Sinto alguém me afastando dali, Nicholas meu irmão, passava bem na hora e me tirou dali, me encostou em uma parede e segurou meus ombros:

- Se acalma Gabi...desse jeito você não vai servir para nada, estão chamando você lá fora para responder aos repórteres e aos pais das vitimas.

- Me solta...já estou mais calma!

Respiro fundo e ele me solta, vou até a parte de fora do hospital e respondo algumas perguntas, e é claro que alguém tinha que ser babaca e dizer que o fato de eu estar no comando do hospital e ser uma mulher jovem seria um fardo, não fiz questão nenhuma de responder essa pergunta estúpida e voltei para dentro, pude ver Miguel ressuscitando um adulto, eles estavam no chão, provavelmente era pai de alguma das vitimas, ele já estava bem cansado então revezei com ele, o homem consegue voltar e mando internarem ele, disseram que no andar da cirurgia já estava lotado, perco o controle mais uma vez e responde de maneira rude:

- Procura em outros andares, cria vagas! – Miguel gesticula para a pessoa relevar e ela vai embora com o homem já em uma maca, eu me afasto e vou até o corredor das salas de cirurgia, ele me leva ao vestiário e diz para eu me acalmar mais de uma vez.

- Eu estou calma, mas é muita coisa, as pessoas esperam que eu consiga salvar a todos mas não dá! – começo a chorar e ele me apóia em seu peito – desculpa por isso!.

- Não tem que se desculpar de nada...eu estou aqui com você e para você, se preocupa em operar que eu lido com o furação do lado de fora!

Concordo com a cabeça e saímos pouco depois, as pessoas estavam parando de chegar e ficou um pouco mais calmo, as vitimas do atentado param de chegar e podemos enfim respirar em paz, as horas passaram e eu nem percebi, já era de madrugada e eu estava exausta para ir dirigindo, me deitei no banco do vestiário apenas para respirar e peguei no sono. Acordo com Miguel me fazendo carinho na cabeça e chamando meu nome bem baixo, ainda estávamos de uniforme, ele me ajuda a ficar de pé e me guia até a sala dos médicos, onde tinha café a vontade e uma cama confortável para cada chefe de setor, enquanto caminhávamos percebi que algo estava de errado comigo.

Miguel

Eu e Gabi caminhávamos até a sala dos médicos depois que a encontrei dormindo no banco de madeira do vestiário, até que ela segura minha camiseta e diz três palavras enquanto seus olhos se fecham:

- Eu vou cair! – ela simplesmente desmaia e com um reflexo rápido eu a pego antes de encostar no chão.

Com Gabriela em meus braços completamente apagada eu a levo até a sala dos médicos, por pura sorte encontro a mãe dela, no corredor vindo na outra direção, apenas digo apontando com a cabeça "abre a porta por favor!" entro e deito minha princesa em uma das camas, Cintia se agiliza e verifica os sinais dela, Patrícia me pergunta o que aconteceu e eu respondo. Depois de alguns minutos ela desperta assustada, eu a acalmo e ela respira fundo enquanto tenta se levantar mas é impedida pelas duas mulheres, Patrícia então pergunta:

- Que horas você comeu hoje!? – ela pensa um pouco e responde puxando na memória uma base de horário

- Acho que eram mais ou menos 6:oo da manhã!

- Vai jantar, eu assumo daqui, Miguel aproveita que você está aqui sem fazer nada e leva ela para casa! – Ordena Patrícia, mesmo Gabriela sendo chefe dela, então as duas começam a discutir.

- A senhora não pode chegar aqui e me dar ordens...

- Posso sim e vou, eu sou sua mãe e eu tenho o direito de lhe dar ordens – Patrícia interrompe e Gabriela se levanta da cama ficando frente a frente com ela.

- Você pode até ser a minha mãe lá fora, mas aqui dentro desse hospital é uma subordinada como qualquer outro...com licença! – Gabriela sai da sala e vai para a cantina do hospital, quando a porta se fecha Patrícia me encara indignada.

Eu e Cintia vamos atrás dela e enquanto jantávamos pudemos conversar, Gabriela era mesmo uma líder, ela só se permitiu tomar alguma refeição depois que todos estivessem bem na medida do possível, mesmo quando ela estava vulnerável em meus braços pude ver o quão forte ela era, uma mulher extraordinária, enquanto jantávamos ela foi chamada para outra emergência, e depois de lá nos vimos apenas em meu apartamento, não só aquela noite.

            
            

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