Nos braços do Traficante
img img Nos braços do Traficante img Capítulo 3 2
3
Capítulo 6 5 img
Capítulo 7 6 img
Capítulo 8 7 img
Capítulo 9 8 img
Capítulo 10 9 img
Capítulo 11 10 img
Capítulo 12 11 img
Capítulo 13 12 img
Capítulo 14 13 img
Capítulo 15 14 img
Capítulo 16 15 img
Capítulo 17 16 img
Capítulo 18 17 img
Capítulo 19 18 img
Capítulo 20 19 img
Capítulo 21 20 img
Capítulo 22 21 img
Capítulo 23 22 img
Capítulo 24 23 img
Capítulo 25 24 img
Capítulo 26 25 img
Capítulo 27 26 img
Capítulo 28 27 img
Capítulo 29 28 img
Capítulo 30 29 img
Capítulo 31 30 img
Capítulo 32 31 img
Capítulo 33 32 img
Capítulo 34 33 img
Capítulo 35 34 img
Capítulo 36 35 img
Capítulo 37 36 img
Capítulo 38 37 img
Capítulo 39 38 img
Capítulo 40 39 img
Capítulo 41 40 img
img
  /  1
img

Capítulo 3 2

Eu estava grávida, penso, em baixo do chuveiro, segurando a tira ainda sem acreditar.

- Merda - gemo, pressionando minhas mãos contra o rosto - Merda. Merda. Merda - repito até cansar, me sentindo a pessoa mais inconsequente do mundo.

É quando ouço meu celular tocar e imaginando que seria o segundo responsável por ter feito aquele bebê, desligo o chuveiro, jogo a tira dentro do lavatório e visto o roupão pendurado.

No aparador perto da sala, vasculho minha bolsa atrás do meu celular que, continuava a tocar, desanimando completamente ao ver a foto da minha mãe .

- Oi, mãe - digo ao atender, caminhando de volta para o banheiro, notando as pegadas que deixei no mármore branco.

- Vai dizer que esqueceu? - Fecho meus olhos, massageando as têmporas.

- Não, já estava quase saindo.

- Estou esperando você. Não demore.

- Está bem.

Desligo, vendo meu plano de fingir que não existia ir por água a baixo.

Entrando no meu quarto, vou para o closet, vestindo o mais rápido que podia uma calça legging preta e uma blusa folgada com um top por baixo.

Dona Laura gostava de correr todas as manhãs na praia e fazia questão que a acompanhasse, já que a maioria dos meus plantões eram de noite, o quê me dava o dia inteiro.

No elevador, ponderava a ideia de contar ou não para ela que seria avô. Não tinha dúvida alguma que vibraria de alegria, porém me encheria de perguntas que não podia lhe responder.

Como explicaria quem era o pai daquele bebê?

Como teria aquele bebê?

Mesmo tendo uma vida financeira estabilizada, não queria ser mãe solteira.

Por não estar prestando atenção, quase bati duas vezes o carro, acabando por culpar a confusão que estava meus pensamentos.

O trânsito estava intenso, como de costume.

Mesmo por estarmos no meio da semana, havia pessoas nas praias, banhistas e pessoas que só estavam ali para se exercitar.

Depois de algum tempo, consigo estacionar, levando comigo só a chave do carro e o celular em uma pochete, encontrando minha mãe perto de um quiosque se alongando.

- Oi, bebê - diz me dando um breve abraço - Como você está?

- Estou bem - Olho ao redor, começando a me alongar - E você?

- Perfeitamente bem - Ela se inclina para um lado - Fez turno de quantas horas?

- 12 horas.

- Está passando muito tempo dentro daquele hospital. Está começando a ficar pálida.

Forço um sorriso amarelo, imaginando que minha palidez vinha do fato de estar grávida.

Dona Laura começa a correr num ritmo moderado pelo calçadão de Copacabana. Mesmo fazendo exercícios regularmente, naquele dia me sentia excessivamente cansada e sem ânimo para ir até o final do calçadão e voltar.

Pelo menos, ela não tinha escolhido correr na areia.

A cada passo que dava, a vontade de contar que estava grávida, só crescia. Guardar aquela informação para mim, era demais, não sabia o quê fazer, muito menos como lidar com aquela situação.

Mas contive novamente a vontade de dizer que nossa família iria crescer, mas não do jeito que queria, me dando um irmãozinho ou irmãzinha.

Menos de 100 metros depois, estava começando a desistir da ideia de correr naquela manhã, suando mais do que deveria, sentindo meu corpo amolecer a cada passo que dava.

- Tenho uma coisa para contar - dizemos ao mesmo tempo. Minha mãe para,se mantendo correndo no mesmo lugar.

- Fala você primeiro - digo me apoiando nos joelhos, tentando recuperar o fôlego e juntando coragem para dizer o quê precisava ser dito.

- Estou grávida - diz correndo ao meu redor, parando na minha frente. Em seu rosto havia um largo sorriso, brilhante, mostrando os dentes brancos enfileirados - Não é a melhor notícia que poderíamos receber este ano?

- Como assim, grávida, mãe? Você fez...

- Consegui reverter! - diz quase pulando de alegria - Achei que não poderia mas, depois de alguns exames, o médico disse que só haviam amarrado minhas trompas.

Fixando meus olhos no vazio, tentei imaginar minha mãe aos 44 anos grávida. Grávida. E não consegui.

Parecia ser apenas mais uma piada de mal gosto da parte dela, mas pelo jeito que sorria, tanto com a boca, quanto como os olhos. Aquela notícia estava longe de ser uma piada de mal gosto.

Ela realmente estava grávida.

- Karina? - Ela chama após alguns segundos. Minha visão se torna embaçada, quando tento focar no rosto dela e no segundo seguinte, sinto como se meu corpo fosse desligado da tomada.

Meu corpo tomba para o lado e minha cabeça bate no chão. Tento a todo custo manter meus olhos abertos, ouvindo minha mãe aos gritos, pedindo ajuda.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022